Inteligência artificial vai levar data centers ao protagonismo no mundo digital
Prof.ª e Dra. Alessandra Montini
Big Data, IoT – Internet das coisas, 5G, IA – Inteligência artificial, Metaverso… ufa, a lista de tecnologias e soluções que estão transformando (ou irão transformar) nossas vidas está cada vez mais extensa. Todos os anos surgem diferentes aplicações que resolvem questões bem mais complexas em todas as áreas de nossas vidas.
Mas enquanto ficamos deslumbrados com as possibilidades que toda essa inovação proporciona, é essencial lembrar que elas não caem do céu. É necessário ter todo um suporte por trás para que elas possam operar em sua plenitude – e isso exige o seu uso para também potencializar essa infraestrutura. É o que podemos observar, por exemplo, nas relações entre inteligência artificial e a infraestrutura de data centers e de redes.
Não à toa, o investimento em data centers segue em alta mesmo após o cenário pandêmico. Apenas nos serviços de cloud computing, o faturamento deve crescer 16% este ano, segundo previsão da consultoria Frost & Sullivan. Até 2022, esse aumento deve chegar a 21,7% na receita total. Afinal, é preciso dar um jeito de suportar a quantidade de dados gerados e trafegados em soluções digitais. Dados do Social Good Brasil estimam que o total de informação produzida praticamente dobra a cada dois anos e em 2021 deve ter ultrapassado a marca de 350 zettabytes – ou 35 trilhões de gigabytes se ficar mais fácil de visualizar.
Não é necessário falar das vantagens que a inteligência artificial já traz para as empresas e os usuários. Muitos dos serviços que consumimos já utilizam parte dessa tecnologia para melhorar nossa experiência. Do filme na Netflix aos serviços bancários no app, a IA está presente para capturar dados, identificar modelos e se transformar em insights e ações.
A questão é que cada interação desse tipo gera um aumento no tráfego das informações. Consequentemente, é necessário ter mais robustez na infraestrutura para dar conta de toda essa demanda. Já pensou tentar assistir ao seu filme favorito no domingo e não conseguir porque o servidor está sobrecarregado? Pois é, a eficiência depende justamente dessa capacidade tecnológica de suportar esse volume gigantesco.
Não é um serviço que aparece para os usuários comuns e tampouco é lembrado quando se fala em negócios disruptivos criados por empreendedores inovadores. Mas não se engane: se há um serviço digital, uma aplicação ou simples interação, por trás vai ter um data center que vai suportar e garantir que esse tráfego de dados aconteça de forma simples e eficiente.
Eles são a retaguarda que garantem a funcionalidade de todas as aplicações que mudam o mundo. Mas o que fica na retaguarda dos data centers para que eles possam garantir sua própria operação? Diante da quantidade de dados que passa diariamente, é impossível fazer esse monitoramento manualmente. É aqui que entra a inteligência artificial.
Sim, a própria tecnologia que depende dos data centers para poder funcionar é a que resolve um problema real que este setor enfrentou por muito tempo. A IA possibilitou maior eficiência operacional ao ampliar as capacidades de análises e identificar com antecedência possíveis problemas que podem comprometer a prestação de serviço. Com o perdão do trocadilho, a inteligência artificial cria um ambiente “inteligente” que se monitora e atende todas as necessidades das organizações.
Imagina se um data center de uma empresa varejista resolve parar de funcionar na véspera da Black Friday porque um problema não foi detectado anteriormente. Pois é, um prejuízo gigantesco que compromete a própria sobrevivência da companhia. Por isso, é preciso colocar as tecnologias de IA para fazerem aquilo que os profissionais de TI não têm condições de fazer. Ou seja, monitorar sistemas em tempo real, identificar potenciais ameaças, otimizar a operação ao perceber picos de uso, garantir eficiência energética e até criar automações a partir da definição de padrões no dia a dia.
Essas vantagens já ocorrem em projetos específicos que combinam a inteligência artificial com os data centers. Entretanto, é preciso levar essa relação adiante. Se os data centers são cada vez mais importantes para o sucesso de qualquer solução digital, é fundamental que eles possam assumir esse protagonismo na estratégia comercial das empresas.
Com o apoio de ferramentas de IA, esses ambientes podem oferecer uma visão bem mais completa sobre a infraestrutura de TI e, principalmente, auxiliar no desenvolvimento de novos modelos de negócio. Afinal, eles garantirão a velocidade, as informações e a estrutura necessária para que a organização possa inovar continuamente.
Fala-se tanto em Metaverso, mas pouco se discute da estrutura tecnológica necessária para garantir a criação desses ambientes híbridos. Num mundo em que a transformação digital é cada vez mais necessária, é preciso garantir que o funcionamento dos data centers esteja alinhado aos principais objetivos do negócio. Para o que já está em curso (e para tudo aquilo que certamente virá no futuro), esse setor precisa se aliar à inteligência artificial para atender todas as demandas e resolver todos os problemas. Somente assim estaremos prontos de verdade para os desafios do virtual.
Diretora do LABDATA-FIA, apaixonada por dados e pela arte de lecionar, Alessandra Montini tem muito orgulho de ter criado na FIA cinco laboratórios para as aulas de Big Data e inteligência Artificial. Possui mais de 20 anos de trajetória nas áreas de Data Mining, Big Data, Inteligência Artificial e Analytics.
Cientista de dados com carreira realizada na Universidade de São Paulo, Alessandra é graduada e mestra em estatística aplicada pelo IME-USP e doutora pela FEA-USP. Com muita dedicação, a profissional chegou ao cargo de professora e pesquisadora na FEA-USP, e já ganhou mais de 30 prêmios de excelência acadêmica pela FEA-USP e mais de 30 prêmios de excelência acadêmica como professora dos cursos de MBA da FIA. Orienta alunos de mestrado e de doutorado na FEA-USP. Membro do Conselho Curador da FIA, é coordenadora de grupos de pesquisa no CNPq, parecerista da FAPESP e colunista de grandes portais de tecnologia.