Como usar a inteligência emocional na sua carreira
Edgar Amorim, Analista comportamental e coach
Afinal, o que é e o que tem a ver inteligência emocional com as nossas carreiras?
Começando pela segunda questão, tem tudo a ver! Já mencionamos a importância das relações numa carreira de sucesso e para o sucesso empresarial. A máxima de Peter Drucker é mais válida do que nunca: contrata-se por competência técnica e demite-se por comportamento.
Num mundo em transformação, com características V.U.C.A. – Volatily, Uncertainty, Complexity, Ambiguity (volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade), termo criado pelos militares norte-americanos para definir a situação do mundo atual, é de extrema importância estar apto a participar e criar relações positivas que contribuam para um bom desempenho. Desenvolver uma carreira de sucesso nesse ambiente envolve um autoconhecimento e um grande domínio para criar tais relações positivas e produtivas.
As emoções são a base de nossas relações com o mundo e com as pessoas. São elas que nos impulsionam para as ações que tomamos a todo instante. Entender como essas emoções influenciam as nossas ações é fundamental para a produtividade e um bom desempenho.
Nosso cérebro é uma máquina maravilhosa e estudos demonstram que ele pode ser moldado para assumir novos comportamentos e até mesmo novas funções, o que é conhecido como neuroplasticidade e neogênese.
Um bom começo para melhoria de nossas relações pessoais e profissionais é compreender o que é inteligência emocional e trabalhar para elevar o nosso QE (Quociente Emocional) – complementar ao QI (Quociente de Inteligência). Diferente do que muitos pensam, ter inteligência emocional alta não significa ser bonzinho, eliminando toda reação comportamental “raivosa”. A inteligência emocional se estrutura em três pilares: autoconsciência, autorregulação e propósito.
A autoconsciência é a capacidade do indivíduo perceber as emoções antes de elas causarem uma ação, para que se possa escolher uma reação adequada ao momento. Ela inclui uma melhoria no aprendizado emocional, o que significa compreender e nomear as emoções. Sentimos muitas emoções, mas elas não são nomeamos e isso gera uma dificuldade em lidar com algo que não temos claramente definido. Entender claramente o que significa cada emoção é o primeiro passo para ter uma QE adequada e que nos permita navegar entre as várias relações do dia a dia com sucesso.
Um bom começo para nomear nossas emoções é conhecer a Roda das Emoções, de Plutchik (psicólogo norte- americano), que descreve as oito emoções primárias, comuns a todos os seres humanos: raiva, medo, tristeza, nojo, surpresa, curiosidade, aceitação e alegria. A partir dessas emoções se derivam outras, que são influenciadas pela cultura de um determinado povo.
Ainda na autoconsciência, é importante o indivíduo reconhecer padrões de comportamento. Por exemplo, nervosismo ao se aproximar a data de uma apresentação pública, que pode congelar a pessoa e prejudicar os resultados. Tomando-se consciência desses padrões é possível escolher uma reação adequada que a substitua.
Outra característica para ter um QE adequado é a autorregulação. Aqui o indivíduo deve ter as seguintes capacidades:
● Refletir consequências, para fazer a escolha de ações mais apropriadas à situação que gerou uma determinada emoção.
● Navegar emoções, ou seja, perceber as emoções e aceita-las para acessar a sabedoria e energia que elas oferecem.
● Motivação interna para ganhar energia a partir de valores pessoais e compromissos – em vez de se deixar levar por fatores externos, que não temos controle.
● Otimismo para considerar a perspectiva de escolha e a oportunidade, que liberam o nosso cérebro para trazer criatividade e ação que impulsiona. O negativismo bloqueia certas áreas do cérebro importantes para um comportamento adequado para um bom desempenho.
Como terceiro pilar temos o propósito, que inclui o aumento da empatia, para reconhecer e responder adequadamente às emoções dos outros, e buscar uma meta nobre – uma meta de vida ou a razão de nossa existência, que nos permite conectar nossas escolhas diárias com um profundo sentido de propósito.
Todas essas informações são comprovadas por estudos do funcionamento do cérebro, que demonstram que determinadas áreas importantes para o sucesso de um indivíduo são bloqueadas para quem tem baixo QE, enquanto que essas mesmas áreas são ativadas para quem possui um alto QE.
Atualmente, é possível medir o nível de inteligência emocional de um indivíduo e a partir dos resultados obtidos traçar planos de desenvolvimento pessoal de cada uma das oito características para se obter uma melhoria na vida pessoal e profissional.
Como anda a sua inteligência emocional? Sucesso!
É instrutor certificado Everything DiSC®️ formado pela Wiley Publishing, nos EUA, Coach Executivo e analista comportamental pela Sociedade Latino Americana de Coaching, associada da International Association of Coaching (IAC). Pós-graduado em sócio-psicologia pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, MBA em Administração de Negócios pelo Instituto Mauá de Tecnologia e engenheiro eletrônico pela Faculdade de Engenharia São Paulo. Tem mais de 40 anos de experiência em organizações de vários portes, incluindo multinacionais, onde assumiu funções de operações e executivas.