Investimentos das utilities brasileiras em IoT devem crescer mais de 10% nos próximos cinco anos
Redação, Infra News Telecom
Com o objetivo de entender como as utilities estão trabalhando as questões de IoT – Internet das coisas e os seus principais desafios, o comitê de trabalho de utilities da Abinc – Associação Brasileira de Internet das Coisas desenvolveu a pesquisa “Panorama de IoT em Utilities”.
A pesquisa identificou os casos de uso mais frequentes das aplicações de IoT no setor, assim como a fase de cada empresa. Segundo María Benintende, líder do comitê, cerca de 70% das companhias respondentes estão em etapa de avaliação, projeto piloto ou de implementação de iniciativas IoT. “Os resultados permitem inferir que as principais oportunidades de negócio são o monitoramento e controle de equipamentos e a medição inteligente”, específica.
Há muitos desafios para desenvolver e implementar projetos de IoT, como destaca o relatório. As dificuldades de integração de sistemas que envolvem o gerenciamento de soluções de vários fornecedores e os altos custos de equipamentos são as dificuldades mais frequentes listadas pelos entrevistados. No que diz respeito aos obstáculos decorrentes do marco regulatório, 62% das companhias respondentes apontam problemas para o reconhecimento dos investimentos da empresa. Por outro lado, 76% das empresas têm um plano de transformação digital, mas não de uma forma estruturada envolvendo toda a organização.
Os resultados indicam também que cerca de 65% das companhias participantes têm como prioridade a melhora na qualidade de serviço, 59% o combate às perdas e furtos e 57% apontam a redução de custos operacionais. Porém, ainda há uma ausência de planejamento e estratégia para implantação do IoT de forma estruturada.
De acordo com Maria Tereza, CEO da Vellano Smart Energy, cada vez mais as empresas são pressionadas a entregar qualidade de serviço demandada pelos clientes. “Identificamos que a prioridade no momento da implementação de tecnologias IoT é melhorar a qualidade de serviço, o combate a perdas e furtos e reduzir custos operacionais”, completa.
Outro exemplo disso, é que mais da metade das utilities consultadas ainda não têm sistemas de treinamento e contratação adequados ao tamanho do desafio da implementação de IoT. Cerca de 62% dos entrevistados indicam como principal indicador o nível de perdas técnicas que as empresas utilizam para avaliar o business case. “Para uma implementação bem-sucedida da IoT é necessário se adequar a forma de capacitar os colaboradores próprios e contratados”, acrescenta Maria Tereza.
Em maio de 2021, a Sabesp implantou em São Paulo uma grande quantidade de hidrômetros inteligentes utilizando tecnologia IoT, introduzindo a telemedição do consumo de água para o transporte de dados sem fio por longas distâncias, permitindo que os dispositivos permaneçam em operação por pelo menos cinco anos sem trocar ou recarregar a bateria.
Apesar dos benefícios da IoT, os investimentos das utilities no setor ainda são tímidos. Mais do 70% dos entrevistados indicando aportes anuais menores que R$ 15 milhões nos últimos 3 anos. No entanto, as perspectivas são animadoras. A grande maioria dos respondentes acredita que os investimentos em IoT nos próximos 5 anos crescerão acima do 10%.
Segurança da informação
A pesquisa também aborda a importância da cibersegurança na implementação de tecnologias IoT. Segundo o relatório, a maioria das empresas tem consciência dos riscos e de tal necessidade: dos 67% dos entrevistados indicaram os requisitos de segurança como um fator importante na maior parte ou em todas as iniciativas de IoT.
O “Panorama de IoT em Utilities” é o primeiro relatório da Abinc que tem como objetivo entender a situação do uso de IoT em empresas brasileiras de saneamento, distribuidoras de energia elétrica e gás encanado.
Para tanto, foi desenhada uma enquete on-line com perguntas fechadas de múltipla escolha e relacionadas com casos de uso de IoT, tecnologias, alinhamento organizacional, alavancas, desafios, estratégias de fornecimento, investimento, opções de financiamento e aspectos regulatórios.
A pesquisa foi conduzida durante os meses de outubro a dezembro de 2021 e contou com a participação de 55 profissionais de empresas brasileiras de saneamento, distribuidoras de energia elétrica, e distribuidoras de gás encanado de diversas áreas funcionais, incluindo operações, TI, engenharia, automação, inovação, P&D, estratégia e novos negócios.