Cenário de implementação de IPv6 no Brasil e no mundo
Mario Pires de Almeida Filho, da GDN Tecnologia
A estrutura de endereçamento do protocolo IPv4 deve se esgotar em breve, existem previsões que afirmam que já a partir de 2020 este limite trará consequências drásticas para a Internet, provedores e corporações.
O Fórum Brasileiro de IPv6 está comemorando 10 anos do IPv6.br e o Brasil é um dos países que já alcançaram a faixa dos 30% de tráfego, segundo a Internet baseado em IPv6.
Não é somente pela questão da capacidade de endereçamento que urge a migração de IPv4 para IPv6. Diversos benefícios adicionais a respeito da capacidade se aplicam à implementação do IPv6, como a melhor eficiência no roteamento por diminuir as tabelas de roteamento e apresentar a fragmentação pelos próprios dispositivos de origem e não nos roteadores. A configuração de rede também é simplificada, pois a autoconfiguração de endereçamento é nativo no IPv6, onde o roteador envia o prefixo do link local em seus anúncios e o host pode gerar o seu próprio endereço IP adicionando o seu MAC address.
O protocolo apresenta suporte a novos serviços, eliminando tabelas NAT – Network Address Translation, possibilitando a criação de redes verdadeiramente peer-to-peer entre hosts de origem e destino, beneficiando serviços de streaming, VoIP e tornando os mecanismos de QoS – qualidade de serviço mais robustos. A segurança é incrementada, uma vez que a implementação de IPSec é nativa inclusive para pacotes ICMP.
Pelo fato de o IPv6 trabalhar com multicast e não mais com Broadcast, os fluxos de tráfego de uso intensivo de banda, como vídeo streaming, são tratados de forma mais eficiente, assim como o processamento de pacotes, eliminando uma série de checksums (soma de verificação) em seus cabeçalhos.
Apesar de todos esses benefícios técnicos, a implementação de IPv6 ainda tem se estendido no processo de substituição do protocolo IPv4 também por uma série de dificuldades, que inlcuem desde o suporte dos operadores e ISPs ao protocolo até a dificuldade dos técnicos das empresas de entendimento e implementação desta arquitetura em suas redes.
Como o tempo não para e a quantidade de dispositivos tem se multiplicado exponencialmente, principalmente devido aos fenômenos de IoT – Internet das coisas e SD-WAN, é urgente que os setores de TI das empresas, assim como as operadoras e provedores, comecem a se capacitar de forma estruturada e profunda e entendam que a crise anunciada é uma grande oportunidade para a reformulação de suas infraestruturas de rede, que passarão a ter maior eficiência e segurança, simplicidade de gestão e flexibilidade de crescimento.
Alguns links interessantes para a avaliação do IPv6 no Brasil e no mundo são o Curva de Adoção do protocolo IPv6 do Google e o site dedicado ao IPv6 do Nic.br, o IPv6.br, onde se pode encontrar diversas informações sobre como as implementações de IPv6 estão seguindo pelo mundo e no Brasil.
É executivo da GDN Tecnologia, uma cloud services provider e integradora especializada em SDN e SD-WAN. O executivo atua nas áreas de pré-vendas e marketing de produto. Com formação em telecomunicações, tecnologia da informação e marketing estratégico, Mário Pires tem mais de 36 anos de experiência no mercado, trabalhando em empresas como Embratel, Cabletron/Enterasys, Medidata, Mtel, Innovo e 9Net.