LinkedIn não é um repositório de currículos
Edgar Amorim, facilitador DiSC e coach executivo, da Amorizar Pessoas
Alguns dias atrás vi um post no Instagram de uma pessoa conhecida dos bastidores da TV, que atua no jornalismo e entretenimento. A pessoa perguntava se alguém já tinha obtido algum trabalho por meio do LinkedIn, pois ela nunca teve qualquer resultado, apesar de ter um perfil preenchido exemplarmente. Imediatamente surgiram muitas respostas com histórias de pessoas que também nunca tiveram qualquer resultado. Logo percebi que muita gente vê o LinkedIn como um repositório de currículos, onde as pessoas registram suas especialidades e experiências profissionais e ficam esperando que algum dia alguém as encontre e as convide para trabalhos, palestras, café e tanto mais.
Fui olhar o perfil da pessoa no LinkedIn e observei que ela o usava apenas como um repositório de currículo – de certa forma dinâmico, pois além do descritivo geral do perfil, ela postava informação dos trabalhos atuais, ou seja, atualizava o currículo a cada novo trabalho.
Decidi “dar umas dicas” para a pessoa e enviei uma série de sugestões em mensagens privadas no Instagram. Para minha surpresa, enquanto eu ia enviando as mensagens a pessoa começou a interagir comigo e pude mostrar a forma adequada de usar o LinkedIn.
Enquanto conversávamos a pessoa fez um post seguindo minhas sugestões. Os posts anteriores recebiam menos de 10 curtidas e nenhum comentário; o novo post alcançou mais de 80 curtidas em pouco tempo e mais de 10 comentários. Sim, é claro que o objetivo não é conquistar “curtidas” e “comentários”, mas eles são alguns dos indicadores de que você está sendo visto – e esse é um dos objetivos do networking. Esse caso mostra a desconfiança e até o desconhecimento com o LinkedIn.
Para contrapor, vale citar alguns exemplos com bons resultados. Começo mencionando minha filha, que após formada se engajou numa ONG e conseguiu seu primeiro emprego numa área em que nunca tinha atuado, tudo com o uso adequado do LinkedIn. Outro caso é de uma amiga que pediu demissão para atuar de forma independente. Com minhas instruções para o uso adequado do LinkedIn, ela saltou de cerca de 1000 conexões para próximo de 15 mil em aproximadamente um ano e até teve um de seus artigos selecionado pelo próprio LinkedIn.
Por fim, menciono um cliente que fez um processo de coaching. A meta dele era encontrar um novo emprego. Após algumas sessões ele se envolveu com o LinkedIn de tal forma que conseguiu realizar oito entrevistas e recebeu três convites para emprego em poucos meses.
Não há segredo, mas é necessário algum esforço, que pode ser maior ou menor, de acordo com o objetivo pretendido. O LinkedIn tem o potencial para se conseguir um emprego, fazer vendas ou atingir alguma outra meta; no entanto a principal aplicação dessa rede é ser uma ferramenta para praticar networking, ou relacionamento.
Aliás, o mundo atual caminha a passos largos para tornar o networking uma prática essencial para todas as pessoas, principalmente nas relações profissionais de todos os tipos. E o LinkedIn é um excelente recurso para isso.
Vale alertar que o networking deve ser uma prática de vida – ele não deve ser usado apenas quando você precisa de alguma ajuda. Ele precisa ser praticado com o espírito do “ajudar para ser ajudado” – São Francisco de Assis já pregava o que hoje tem se tornado uma prática essencial: é dando que se recebe.
A seguir apresento algumas dicas de boas práticas de uso do LinkedIn:
• Mantenha seu perfil atualizado – na descrição da sua atividade procure escrever somente palavras (nada de emojis ou sinais fora do alfabeto), informe sua atividade ou o problema que você resolve.
• Determine o tema com o qual você quer estar associado e escreva posts ligados ao mesmo (pequenas variações são admitidas).
• Ao escrever um post, procure contar uma história pessoal, mencione acontecimentos e formule conclusões e aprendizados tirados dos mesmos – as pessoas gostam de ouvir histórias pessoais.
• Dependendo do seu objetivo, a quantidade de posts pode ser mínima (talvez um por semana) ou intensa (diária).
• Importantíssimo é se engajar no post de outras pessoas, preferencialmente que seja da área que você tem afinidade ou atua profissionalmente.
• O engajamento é feito por “curtir” posts e complementar os comentários, de preferência marcando a pessoa que comentou ou até quem escreveu o post (para marcar uma pessoa digite “@” e o nome da pessoa, o LinkedIn apresenta sugestão de usuários e você seleciona).
• Um engajamento bom “curte” ao menos um post que tenha cerca de mil curtidas e mais uns cinco com 100 curtidas.
• Reserve alguns minutos diários para interagir com o LinkedIn.
É muito provável que ao aplicar essas dicas muitas pessoas comecem a pedir conexão ou até iniciem conversas com você – talvez você possa reservar uma semana para curtir e comentar e outra para responder as interações.
Lembre-se que a parte mais importante são as interações. Bom, agora é com você. Vamos praticar o networking com o LinkedIn. Quando você começa?
Sucesso!
É instrutor certificado Everything DiSC®️ formado pela Wiley Publishing, nos EUA, Coach Executivo e analista comportamental pela Sociedade Latino Americana de Coaching, associada da International Association of Coaching (IAC). Pós-graduado em sócio-psicologia pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, MBA em Administração de Negócios pelo Instituto Mauá de Tecnologia e engenheiro eletrônico pela Faculdade de Engenharia São Paulo. Tem mais de 40 anos de experiência em organizações de vários portes, incluindo multinacionais, onde assumiu funções de operações e executivas.