Metaverso, ChatGPT e realidade virtual: O que esperar dessas tendências em 2024?
Prof.ª e Dra. Alessandra Montini
Metaverso, ChatGPT e realidade virtual. Três expressões que ditaram as tendências e análises de tecnologia nos últimos anos. Cada uma de um jeito, elas orientaram investimentos e esforços na sociedade como um todo. Após 2023 de consolidação (no caso do ChatGPT) e de hibernação (para o metaverso), estas três propostas novamente se encontrarão em 2024 como apostas tecnológicas em diferentes setores.
É verdade que as três propostas estão longe de serem novidades e assuntos desconhecidos para grande parte dos profissionais e usuários. Pelo contrário, elas foram temas de reportagens, encontros, seminários, congressos, leis, entre outros debates ao redor do mundo. A diferença é que após um tempo de popularização, finalmente encontrarão em 2024 o amadurecimento necessário para se consolidarem nas estratégias governamentais e empresariais.
No caso do ChatGPT, nem chega a ser um período de amadurecimento, mas de própria consolidação da ferramenta após completar um ano em novembro de 2023. Passada a euforia inicial, não faltam pesquisas para identificarem onde e como a tecnologia pode expandir, oferecendo novos benefícios a seus usuários. O mesmo vale para a realidade virtual, uma proposta bem mais antiga, e o metaverso, que ficou 2023 em baixa, mas deve voltar aos holofotes nos próximos meses.
Mas por que os três conceitos devem ganhar mais atenção em 2024? A resposta passa pela necessidade de integrar os ambientes online, além de entregar facilidades e novas experiências aos usuários. Confira a seguir.
Metaverso pode “ressurgir” com experiência mais eficiente
Novidade em 2021, grande aposta em 2022 e ignorado completamente em 2023: o metaverso vivenciou em três anos a montanha-russa que marca a evolução tecnológica. Porém, em 2024, essa tendência pode “ressurgir” como aposta por finalmente entregar aquilo que se esperava dela há três anos. Isto é, experiências imersivas aprimoradas e eficientes. Depois de tentar dar um passo maior do que a perna em 2022, o tema conseguiu amadurecer.
Evidentemente, isso é possível graças às pesquisas que continuaram todo este tempo e, claro, aos gadgets e novas propostas tecnológicas que foram desenvolvidos no período. Com eles, é possível aprimorar e aprofundar a experiência proporcionada pelos ambientes virtuais, melhorando consideravelmente a satisfação dos usuários – e angariando mais confiança de empresas que apostam nas suas possibilidades de interação.
Não à toa, por mais que muitos profissionais tenham imaginado que a moda já tinha passado, quase dois terços das empresas no Brasil (63%) planejam utilizar este conceito e já possuem, ao menos, um projeto na área, segundo estudo da Nokia com a consultoria EY.
ChatGPT “segmentado” e cada vez mais popular com os assistentes virtuais
Diferentemente do metaverso, o ChatGPT não chegou a sucumbir. O recurso, exemplo mais bem sucedido de IA generativa, espalhou-se rapidamente desde sua criação, no fim de 2022, e deve se consolidar ainda mais em 2024 com o surgimento de mais players, como Google e Apple.
As duas gigantes devem lançar no próximo ano seus modelos de ChatGPT já integrados com seus assistentes virtuais pessoais. Será um avanço ainda maior para a funcionalidade, que permitiu aos usuários “criarem” diferentes conteúdos a partir de simples comandos passados à inteligência artificial. Desta forma, veremos uma segmentação e especialização maior da ferramenta, com o surgimento de diferentes modelos de uso.
O ChatGPT em si, por exemplo, possui mais de 100 milhões de usuários ativos e um levantamento da McKinsey indica que a IA generativa pode acrescentar até US$ 4,4 trilhões na economia global com suas aplicações. Um potencial elevado demais e que certamente será trabalhado por empresas, profissionais e poder público ao redor do mundo.
Novos equipamentos colocam realidade virtual em evidência
Para que o metaverso possa ressurgir, como já citado neste texto, é necessário que as tecnologias de realidade virtual continuem em evidência. O conceito seguirá forte em 2024, principalmente com novos lançamentos de ferramentas capazes de estimular a criação e participação de pessoas em ambientes online.
O Meta, grupo que controla Facebook, WhatsApp, Instagram, entre outros, lançou em 2023 novos capacetes de realidade virtual e óculos inteligentes em parceria com a Ray-Ban – tudo com a expectativa de integrar os ambientes físicos e virtuais. A Apple também lançará óculos em 2024 – sem falar em softwares capazes de criar novos parâmetros em diferentes setores, como indústria, educação e saúde.
Uma pesquisa da Ipsos, por exemplo, indica que praticamente três em cada quatro brasileiros (73%) acreditam que a forma de consumir entretenimento digital irá mudar nos próximos dez anos com a realidade virtual. Além disso, 60% veem como positivo a possibilidade de se envolver com esta tecnologia em seu dia a dia.
Tecnologias que moldam o futuro
Para além das características específicas, os conceitos de Metaverso, ChatGPT e Realidade Virtual também dividem um aspecto importante para as empresas, poder público e usuários: são tecnologias que moldarão o futuro que conhecemos. As relações sociais cada vez mais acontecerão nos ambientes virtuais (sozinhos ou integrados com o mundo offline). Logo, é natural que conceitos que partem desta premissa estejam sempre em evidência.
Portanto, se você acredita que já debateu e conversou o suficiente sobre as três tendências, saiba que elas ainda terão amplo espaço de crescimento nos próximos anos e se tornarão expressões muito conhecidas e rotineiras.
Diretora do LABDATA-FIA, apaixonada por dados e pela arte de lecionar, Alessandra Montini tem muito orgulho de ter criado na FIA cinco laboratórios para as aulas de Big Data e inteligência Artificial. Possui mais de 20 anos de trajetória nas áreas de Data Mining, Big Data, Inteligência Artificial e Analytics.
Cientista de dados com carreira realizada na Universidade de São Paulo, Alessandra é graduada e mestra em estatística aplicada pelo IME-USP e doutora pela FEA-USP. Com muita dedicação, a profissional chegou ao cargo de professora e pesquisadora na FEA-USP, e já ganhou mais de 30 prêmios de excelência acadêmica pela FEA-USP e mais de 30 prêmios de excelência acadêmica como professora dos cursos de MBA da FIA. Orienta alunos de mestrado e de doutorado na FEA-USP. Membro do Conselho Curador da FIA, é coordenadora de grupos de pesquisa no CNPq, parecerista da FAPESP e colunista de grandes portais de tecnologia.