Metaverso: Entenda como funciona esse mundo que une o real e o virtual
Prof.ª e Dra. Alessandra Montini
De repente o mundo só fala sobre o metaverso. A cada dia, empresas, bancos, lojas e diversos setores anunciam que entraram para esse ambiente digital que parecia coisa de filme de ficção científica. Mas não se engane: esse mundo virtual é mais real do que você pode imaginar.
Embora muitas pessoas já saibam do que se trata, outras nem sabem o que significa. Aqui no Brasil, por exemplo, seis em cada dez pessoas acreditam que o Metaverso vai representar algo positivo em suas vidas, de acordo com levantamento da Ipsos. Entretanto, apenas 56% admitem estar familiarizados com o tema e pouco mais da metade deles (60%) consegue explicar com clareza, segundo a startup OnTheGo. Não bastasse isso, apenas dois em cada dez brasileiros já acessaram algum recurso do Metaverso, segundo a plataforma Toluna.
Para que você entre nesse universo de maneira mais familiarizada, separei cinco pontos importantes que mostram como funciona esse mundo que une o real e o virtual. Confira abaixo!
Uma nova onda
A expressão Metaverso está na moda, movimentando empresas e usuários que desejam surfar essa onda. Entretanto, sua proposta ainda é mais teoria do que prática em todo o mundo. Ainda que já existam projetos inovadores aqui e ali, trata-se de um conceito que ainda não foi implementado em sua plenitude. Ou seja, a possibilidade de interagirmos socialmente em ambientes totalmente digitais.
Contudo, isso não quer dizer que vai levar muito tempo para que o Metaverso se consolide como uma opção viável para grande parte das pessoas. Sempre é importante lembrar que vivemos em uma época de intensa aceleração digital e que, portanto, a evolução da tecnologia é cada vez mais rápida. Basta comparar há dez anos. Em 2012, imaginávamos que grande parte de nossas vidas estaria na palma da mão com os smartphones?
Softwares são essenciais para que esse mundo exista
Quando se fala em Metaverso, a primeira imagem que se passa é a de um ambiente digital imersivo, que permite que as pessoas possam realizar tudo o que normalmente fazem no “mundo real”. Isso exigiria, portanto, um investimento maciço em softwares e aplicações para que todas essas possibilidades sejam possíveis.
Trata-se de uma meia verdade. É claro que o investimento em software vai ser fundamental. Contudo, o ingresso da pessoa nos ambientes do Metaverso depende mais dos equipamentos do que dos programas. Sem a popularização e aperfeiçoamento dos óculos de realidade virtual e de joysticks similares aos dos videogames, é impossível vivenciar essa imersão e realizar as ações desejadas.
Velocidade hoje e sempre
Para que o Metaverso dê certo, é evidente que a conexão da Internet precisa ser mais rápida e estável do que observamos atualmente. O 4G, por exemplo, permitiu que os serviços de streaming se popularizassem. Porém, ainda não é veloz e robusta o suficiente para dar conta de um mundo totalmente imersivo.
O 5G é o principal meio para que o Metaverso possa se desenvolver. Com essa conectividade, a velocidade pode ser 100 vezes mais rápida do que o 4G e o tempo de latência (que é a resposta a um determinado comando) pode cair para menos de 1 milissegundo.
A chave de entrada
Certamente, a grande maioria das pessoas já ouviu falar de bitcoin, criptomoedas e tokens. Eles integram o conceito de criptoativos e estão entre as principais tendências de tecnologia nos mais diferentes setores da sociedade. O motivo para essa popularização é bem simples: a tecnologia blockchain, que garante segurança, transparência e agilidade nas transações digitais.
No caso do Metaverso, os criptoativos representam um dos pilares fundamentais do conceito. A “entrada” dos usuários, via de regra, acontece por meio de tokens criados pelas empresas. Com os NFTs (tokens não fungíveis), é possível equipar seu personagem com itens que o destacam. Por fim, ainda servirão como moeda, permitindo a compra de produtos e serviços que impactarão tanto o ambiente digital quando o “mundo real”.
Metaversos, no plural
Por fim, é importante ressaltar que ainda que se fale em Metaverso como algo similar ao nosso universo, a proposta explora a ideia de metaversos, no plural. Ou seja, não é um ambiente em que vários mundos se convergem, permitindo que a pessoa possa “viajar” de um lugar a outro. É justamente o contrário: diferentes mundos que necessitam de diferentes vias de acesso.
Dessa forma, cada empresa ou organização vai ser responsável em criar seus próprios metaversos e estipular as regras de convivência dentro dele. É possível que haja um movimento de interação entre esses ambientes digitais? Sem dúvida, da mesma forma que ocorre no mundo real com parcerias entre as diferentes entidades. Mas mesmo assim vai ser preciso observar as normas de acesso, o que certamente vai exigir profundidade e dedicação dos usuários.
Diretora do LABDATA-FIA, apaixonada por dados e pela arte de lecionar, Alessandra Montini tem muito orgulho de ter criado na FIA cinco laboratórios para as aulas de Big Data e inteligência Artificial. Possui mais de 20 anos de trajetória nas áreas de Data Mining, Big Data, Inteligência Artificial e Analytics.
Cientista de dados com carreira realizada na Universidade de São Paulo, Alessandra é graduada e mestra em estatística aplicada pelo IME-USP e doutora pela FEA-USP. Com muita dedicação, a profissional chegou ao cargo de professora e pesquisadora na FEA-USP, e já ganhou mais de 30 prêmios de excelência acadêmica pela FEA-USP e mais de 30 prêmios de excelência acadêmica como professora dos cursos de MBA da FIA. Orienta alunos de mestrado e de doutorado na FEA-USP. Membro do Conselho Curador da FIA, é coordenadora de grupos de pesquisa no CNPq, parecerista da FAPESP e colunista de grandes portais de tecnologia.