Mundo em movimento, carreira em transformação
Edgar Amorim, Facilitador DiSC e coach executivo, da Amorizar Pessoas
Recentemente, vi uma faixa em uma escola pública que dizia: “Com imensa tristeza, informamos que o professor de língua portuguesa, depois de um longo período de luta contra a Covid-19 nos deixou. Em sua homenagem, estamos em luto.”
Fiquei refletindo sobre o momento que estamos vivendo, que perdura por muito mais tempo do que tínhamos imaginado. Além das lamentáveis mortes, a pandemia tem deixado uma quantidade enorme de pessoas sem rumo e até sem alimento. Neste último caso, temos observado ajuda vinda de vários lugares – principalmente de ONGs, que têm assumido um papel que deveria ser do estado.
Já no caso das pessoas perderem o rumo, a situação é mais complicada ainda. Tudo o que aprendemos na escola e na vida nem sempre ajuda a resolver os desafios desse novo momento. Conheço pessoas que não conseguem encontrar saídas – e pior não acreditam que possa existir ao menos uma. Meu pai foi alfaiate a vida toda e agora reclama que “não há serviço”. Na sua vivência ele aprendeu que ter uma única profissão era o suficiente para sustentar a família pela vida toda. Agora, ele não consegue nem pensar em outra possibilidade – apesar de saber há décadas que essa profissão estava em extinção, a pandemia só deu um pequeno empurrãozinho.
Também conheço um rapaz mais jovem, um cantor de primeira qualidade, que sem ter lugar para cantar está desesperado em busca de emprego – que anda um bocado escasso. Situação bem difícil. Sofrem eles e sofremos nós, que conseguimos ajudar um pouco, mas nem sempre de forma contínua, como a situação exige.
Talvez você esteja se perguntando o que isso tudo tem a ver com carreira. Pois é, tem tudo a ver. O mundo sempre esteve em movimento e nas décadas mais recentes parece ter acelerado muito. Desde a Lei de Moore, cofundador da Intel, que disse em 1965 que o poder de processamento dos computadores dobraria a cada 18 meses, a tecnologia tem dominado fortemente a evolução da sociedade. Os padrões culturais e sociais foram afetados de forma inesperada e o que era verdade há poucos anos hoje mudou completamente. E assim é com a vida profissional. O emprego tradicional já está com claras demonstrações de mudanças radicais.
Hoje, quando pensamos na nossa carreira é preciso analisar caminhos opcionais – e, consequentemente, o desenvolvimento de competências que nem imaginávamos que seria necessário, principalmente resiliência e adaptabilidade. A única certeza que temos é a incerteza que nos cerca e pode nos afetar repentinamente.
Ao mesmo tempo em que tudo isso parece assustador, vemos muitos exemplos de superação com criatividade. A dona de loja teve que fechar seu comércio, porém na busca de alternativas descobriu que o artesanato pelo qual era apaixonada podia lhe render ganhos e poucas dores de cabeça (como acontecia na loja). Uma coisa é certa, tudo o que nos faz brilhar os olhos pode ser um bom negócio. Tudo que fazemos com entusiasmo pode nos trazer recompensas.
Em qualquer situação, a resiliência tem que ser companheira, pois resultados podem vir a passos de tartaruga – o importante é acreditar e persistir, perseverar (outra competência importante).
E o impulsionador disso tudo é a nossa meta, muitas vezes nosso propósito de vida, aquilo que nos faz acordar todos os dias. Portanto, prepare-se para o novo mundo do trabalho, seja resiliente, perseverante, tenha uma meta clara e repita ela como um mantra.
Para encerrar, um tópico importantíssimo: lembre-se do amanhã. Planeje sua aposentadoria. É difícil, mas toda vez que temos um aumento de salário o nosso gasto sobe na mesma proporção. A maioria das pessoas tem o hábito de gastar o salário todinho – e um pouco mais. Como sugestão, se você ganha R$ 1000, diga para você mesmo que você ganha R$ 900 – e viva com esse dinheiro. A diferença de R$ 100, coloque em algum investimento seguro, quanto mais cedo você começa a poupar, maior será seu ganho quando estiver beirando os 60 anos – deixe os juros sobre juros trabalharem para você. Ganha-se muito mais investindo pouco ao longo de muitos anos do que aplicar muito em poucos anos.
Agora é com você, pense, reflita, planeje e ponha em prática.
Sucesso!
É instrutor certificado Everything DiSC®️ formado pela Wiley Publishing, nos EUA, Coach Executivo e analista comportamental pela Sociedade Latino Americana de Coaching, associada da International Association of Coaching (IAC). Pós-graduado em sócio-psicologia pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, MBA em Administração de Negócios pelo Instituto Mauá de Tecnologia e engenheiro eletrônico pela Faculdade de Engenharia São Paulo. Tem mais de 40 anos de experiência em organizações de vários portes, incluindo multinacionais, onde assumiu funções de operações e executivas.