Não sou mais empregado, quanto cobrar pelo meu serviço?
Edgar Amorim, Analista comportamental e coach, da Amorim & Pimentel
Até há poucos anos, a grande maioria dos profissionais era funcionário de alguma empresa. O máximo que podia acontecer era trocar de emprego. Não havia preocupação em colocar valor na hora trabalhada, pois a referência era o salário mensal. Não importava se a pessoa produzia muito ou não, desde que ela estivesse presente no horário de expediente, mensalmente ela recebia o valor acordado.
No entanto, o cenário mudou um “bocado” nos últimos anos. Tecnologia, recessão, política e tantas outras questões contribuíram para transformar o mercado de trabalho. Segundo especialistas, é provável que o trabalho como conhecemos deva acabar e cada vez mais profissionais irão atuar de forma autônoma.
Independente do futuro, hoje existem muitos profissionais altamente experientes em suas áreas e que estão disponíveis no mercado de trabalho. Uma das alternativas para essas pessoas é oferecer os seus conhecimentos na forma de serviço para uma ou várias empresas. Aí surge uma grande dúvida, que eu já tive no passado e por vezes encontro profissionais com a mesma dificuldade: quanto eu devo cobrar pelo meu serviço?
A sugestão é levantar todos os valores que o profissional receberia mensalmente e dividir pelo número de horas úteis num mês, lembrando que os valores recebidos no mês vão além do valor que cai na conta bancária. É preciso considerar, pelo menos, o salário bruto, 1/12 de um salário relativo ao 13o, 8% relativo ao FGTS. Em relação as horas úteis, em média, um mês tem 22 dias úteis. Considerando 8 horas de trabalho por dia, teremos 176 horas úteis. Resumindo, soma-se todos os valores recebidos num mês e divide-se por 176. O resultado é a referência de valor de hora trabalhada a ser cobrado por serviço prestado.
Considerações
1 – O valor referência deve ser aplicado somente quando a contratação for pelo menos por 10 dias; caso esse número seja menor, deve-se adicionar um valor relativo às possíveis horas que ficará sem trabalho.
2 – Considere um mínimo de 4 horas, incluindo o tempo de deslocamento até o cliente.
3 – Pesquise o mercado para verificar qual é a referência de valor para o tipo de serviço que você realiza, pois a lei da oferta e da procura é sempre válida; ou seja, se existem poucas pessoas oferecendo o serviço que você faz, o valor que o mercado está disposto a pagar é maior. No entanto, com muita gente oferecendo o mesmo serviço o mercado pagará um valor menor. Neste caso, o profissional tem que buscar algum diferencial ou valor agregado que estimule um valor maior – tática sempre válida.
4 – A experiência também é um fator que determinará o quanto o mercado está disposto a pagar. Provavelmente, no início o valor que o profissional conseguirá cobrar será menor que o valor de referência calculado, mas à medida que conquiste mais clientes terá referência para poder elevar o preço.
5 – Lembre-se de programar a sua aposentadoria.
Por fim, se nunca pensou em trabalhar sem ser empregado, pelo menos faça um exercício de imaginação e pesquise sobre o tema. Sempre há o receio dos riscos, mas eles existem em qualquer situação e como empregado você já deve ter desenvolvido competências para lidar com eles. Que tal desenvolver competências para lidar com os riscos de um trabalho autônomo ou até como empreendedor?
Sucesso!
É instrutor certificado Everything DiSC®️ formado pela Wiley Publishing, nos EUA, Coach Executivo e analista comportamental pela Sociedade Latino Americana de Coaching, associada da International Association of Coaching (IAC). Pós-graduado em sócio-psicologia pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, MBA em Administração de Negócios pelo Instituto Mauá de Tecnologia e engenheiro eletrônico pela Faculdade de Engenharia São Paulo. Tem mais de 40 anos de experiência em organizações de vários portes, incluindo multinacionais, onde assumiu funções de operações e executivas.