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Novas tecnologias deverão marcar a construção de redes nos próximos anos
O custo é sempre uma questão presente e equilibrar esse fator com demanda, capacidade, velocidade e desempenho é um dos principais desafios de provedores, operadoras e indústria de equipamentos e continuará sendo um fator crítico, considerando que o tráfego vem crescendo nos últimos anos e tende a seguir em elevação.
Ariane Guerreiro, colaboradora da Infra News Telecom
A demanda por Internet tem crescido significativamente, resultado da maior digitalização do país, dos novos serviços e aplicações surgidos nos últimos anos, como streaming, jogos on-line, comércio eletrônico, transmissões por vídeo, entre outros, fortalecida, especialmente, durante a pandemia de Covid-19, que exigiu maior adesão aos canais digitais.
A Vero é um exemplo que demonstra essa realidade. Presente em mais de 200 municípios de Minas Gerais e dos Estados da região sul do país e com uma rede de cobertura de cerca de 2,6 milhões de homes passed (HP – domicílios cobertos pela rede de FTTH), a empresa registrou uma expansão geográfica de 79,5% no segundo trimestre de 2022, em comparação ao mesmo período do ano anterior.
De acordo com o CTO diretor de engenharia e tecnologia da Vero, Rodrigo Rescia, a capilaridade da empresa conta com amplo mercado endereçável, com o potencial de 4,7 milhões de AHP – Addressable Homes Passed (quantidade total de domicílios das cidades em que a companhia está presente), incluindo residências e empresas. No último trimestre, a rede da companhia somou 29,2 mil km, combinando 20,4 mil km de fibra óptica e 8,8 mil km de backbone, com projeções de expansão acelerada.
A tendência é que siga em crescimento a exigência por mais banda, velocidade e disponibilidade, o que reserva às operadoras de todos os portes o desafio de atender aos diferentes perfis de consumo e ao maior número de consumidores, com o menor custo.
O custo é sempre uma questão presente e equilibrar esse fator com demanda, capacidade, velocidade e desempenho é um dos principais desafios de provedores, operadoras e indústria de equipamentos e continuará sendo um fator crítico, considerando que o tráfego vem crescendo nos últimos anos e tende a seguir em elevação.
De acordo com o presidente da Ciena no Brasil, Fernando Capella, os desafios passam, ainda, pela automação e pela possibilidade de implementar mecanismos de gestão de rede para acomodar comportamentos imprevisíveis ou esporádicos, como acesso à rede durante de um grande show, por exemplo. “São desafios e oportunidades. Quem conseguir avançar nessa direção e explorar de forma adequada as oportunidades que continuarão a surgir sairá na frente”, acredita.
Como tendências, Capella, observa dois pontos: um ligado à rede de acesso e agregação, com convergência da camada óptica sobre as redes IP, e outro relacionado às redes de transmissão mais regionais, de longa distância, com viés à desagregação das redes fotônicas, com mais automação, maiores capacidade e velocidade e melhor performance óptica.
Para Rescia, da Vero, altas capacidades e redes resilientes e protegidas são os principais desafios para as operadoras, atualmente, principalmente no interior do país. E para mitigar esses entraves, a Vero construiu seu backbone, seguindo padrões referências da indústria, que representa 60% do backbone nacional da empresa. “Com isso, é possível prestar um serviço de qualidade com altas velocidades e baixa latência”, afirma.
Um ponto de dificuldade, na sua avaliação, é a alta concentração de provedores de conteúdo no eixo São Paulo – Rio de Janeiro, dificultando a oferta de um serviço de qualidade em outros pontos do Brasil, ainda que tenha se elevado a capilaridade dos data centers de conteúdo em Fortaleza, CE, e Porto Alegre, RS.
A Vero atinge São Paulo e Rio de Janeiro com seu backbone por quatro diferentes caminhos para manter a qualidade de tráfego a seus clientes. A empresa possui contrato com oito provedores de trânsito IP posicionais como Tier 1 (classificação de fornecedores) para o tráfego local e internacional.
Um laboratório próprio, instalado em Pará de Minas, MG, é preparado para rápidas homologações, que favorecem a adoção de novas soluções e a parceria com fornecedores contribui para a maior rentabilidade e para acompanhar a evolução tecnológica. Dada a alta densidade de canais e a capacidade de tráfego, os investimentos em redes de longa distância backbones (DWDM) devem continuar no foco da Vero, considerando a possibilidade de tráfego na ordem de centenas de Gbps por centenas de quilômetros.
Além disso, para Rescia, os desafios passam pela agregação de serviços de alto tráfego dentro da rede, gerando eficiência na demanda de tráfego de longas distâncias (CDN – Content Delivery Network). “Contamos com um parque de mais de 70 CDNs dos principais parceiros de conteúdos e conexões com PNIs – interconexões privadas e PTT – pontos de troca de tráfego para conexão direta com os principais provedores de conteúdo nacionais e internacionais”, ressalta.
Novas arquiteturas: Questão de tempo
A consolidação do 5G deverá estimular o desenvolvimento de novas tecnologias e arquiteturas de redes, bem como ampliação da capacidade em si e o sincronismo da infraestrutura em uso, que exigirão ajustes nas redes com foco em aplicações mais avançadas.
Na avaliação do diretor comercial Brasil da Furukawa Electric LatAm, Celso Motizuqui, nos últimos anos, o grande desafio dos ISPs era construir redes para a captação de novos assinantes, com a estrutura (Capex) disponível. Porém, as mudanças que estão ocorrendo, em função da consolidação, aquisição por fundos, redes neutras e a maior agressividade das operadoras em cidades menores, o tempo de implantação das redes e o time-to-market contra a concorrência se tornaram um diferencial competitivo importante.
Com o 5G e as possibilidades abertas com a tecnologia, esta preocupação tende a crescer, assim como a busca por soluções que permitam levar Internet de mais qualidade, para mais pontos, em menor tempo e com menos custo. “Há uma tendência de investir em redes que possam ser construídas no menor prazo possível, prover os tradicionais acessos residenciais e estar preparadas para novos serviços como 5G, serviços corporativos, XGS-PON, etc., tudo utilizando a mesma rede”, explica Motizuqui.
Novas tecnologias são desenvolvidas constantemente, movimento que deve se intensificar com a expansão do 5G, abrindo espaço para a construção de novas arquiteturas de redes ópticas. Alia-se a este aspecto diversas fusões e aquisições que vêm ocorrendo, especialmente por fundos de investimentos que buscam, em geral, por pequenos e médios provedores, e transformando o mercado.
Para atender a tais requisitos, os provedores têm à frente opções de redes de menor custo e uso mais rápido. “Com o advento do 5G, redes neutras e virtualização de redes estão vindo com força, com o conceito de compartilhamento de estrutura, redução de custos, além de ter as informações mais seguras e confiáveis na ponta, no tempo que se espera”, afirma o gerente técnico da Fibracem, Sebastião Rezende.
Ele explica que essas redes vêm se sobressaindo em relação às FTTX, bastante utilizadas por pequenos e médios provedores focados na oferta de Internet, e já são realidade nas grandes operadoras, que buscam oferecer outros serviços incorporados. “Os grandes players já proveem redes neutras, em todo o Brasil”, destaca.
As redes neutras, fixas ou móveis, caracterizam-se pelo compartilhamento por diversos operadores de telecomunicações, que podem alugar parte da capacidade dessas infraestruturas, sejam cabos metálicos ou fibras ópticas, por exemplo, sem a necessidade de instalação de redes próprias. É possível, desta forma, atender a uma cidade inteira, com a contratação da última milha, ou uma região, por meio de um modelo que beneficia operadora, provedor e consumidor.
Outra solução é a virtualização de redes, isto é, a alocação de sistemas em ambiente virtual, em nuvem, ou baseado em software, o que permite dimensionar a rede de acordo com a necessidade, independentemente de hardware. Este modelo oferece mais flexibilidade e agilidade, menos recursos de gerenciamento, maior desenvolvimento de inovações, e atende às mudanças tecnológicas e dos consumidores.
As tendências passam ainda pela adoção de redes pré-conectorizadas por parte dos provedores que, entre outros benefícios, permitem implantação de rede e conexão de assinantes 50% mais rápida, podendo atender a múltiplos serviços. “Esse atendimento é feito por meio de redes pré-conectorizadas multifibra, para redes novas, ou da utilização da fibra já existente dividindo os serviços, por meio de comprimentos de onda distintos a cada um dos serviços”, explica Motizuqui, da Furukawa. “Um comprimento de onda atende a FTTH; outro comprimento, a uma conexão ponto a ponto, tudo isso utilizando um equipamento DWDM (agregador) que combina e separa os sinais para as diferentes aplicações”, completa.
As chamadas redes Precon são uma evolução das redes fusionadas e das conectorizadas – que usam conectores para fusão de fibras – e possibilitam uso sob demanda, menos ociosidade da rede, menor necessidade de mão de obra especializada e menor probabilidade de erros técnicos ou humanos, uma vez que são pré-configuradas de fábrica.
A facilidade e velocidade de implantação, de manutenção e instalação, bem como de crescimento orgânico também caracterizam essas redes passivas FTTx. Rezende, da Fibracem, observa esse movimento em favor das redes pré-conectorizadas, dada a maior facilidade de dispor de uma porta – o último ponto antes de chegar ao consumidor – por operadoras de todos os portes, em consequência da chegada do 5G.
É possível citar, ainda, a forte utilização da tecnologia de CPEs Wi-Fi 6, com 35% a mais de alcance, suporte à maior densidade de dispositivos conectados e conectividade mais rápida em relação a tecnologia anterior.
Fibra: Funcionalidade fundamental
Ainda que o número de usuários tenha aumentado, contribuindo para regular a relação entre receita e despesas, as operadoras não estão isentas de investimento na melhoria de infraestrutura e serviços e esses aportes são pesados, especialmente na ampliação de banda para novas aplicações. As indústrias têm o desafio de levar ao mercado tecnologias que ofereçam mais eficiência de custo, fechando a equação que envolve o escoamento de tráfego e a rentabilidade do próprio serviço.
As tecnologias que se apresentam são opções bastante vantajosas para atender às novas demandas por banda e desempenho que também tendem a aumentar, a exemplo dos serviços de streaming, jogos on-line, lives, entre outros, que exigem conexões estáveis e seguras.
A Vero está atenta às necessidades dos serviços de streaming, de provedores de conteúdos tradicionais e de OTTs e vem investindo em tecnologias de transporte de tráfego em DWDM, que garante altas taxas de transporte e qualidade de latência. A rede está preparada para receber a tecnologia XGS-PON, para altas velocidades, e foram homologadas as últimas tecnologias de CPEs a serem instaladas na casa dos clientes utilizando Wi-Fi 6.
Para o escoamento de conteúdo de streaming em tempo real, como games ou transmissão ao vivo, a Vero firmou parcerias de PNIs – Private Network Interconnect, que conectam a rede diretamente com o dono do conteúdo, permitindo a entrega de melhores serviços. Para conteúdos armazenados em plataformas, como filmes, séries e shows, o provedor utiliza as CDNs espalhados em 40 data centers, de forma a aproximar o conteúdo do cliente, com mais velocidade e qualidade de imagem.
Sabe-se que não há limites para a demanda de banda: quanto mais for disponibilizada, mais será utilizada, exigindo mais velocidade, regularidade e estabilidade. “O que oferece tudo isso é rede de fibra óptica, que deve se manter por muitos anos”, afirma Rezende, da Fibracem. “Falamos muito sobre o aumento da velocidade do 5G sobre o 4G, e nenhuma tecnologia se compara com o que a fibra oferece. Quando se pensa em redes de acesso, backbone e 5G, o meio de acesso para essas torres é fibra, um meio que vai perdurar”, reitera Capella, da Ciena.
Na avaliação de Capella, é difícil prever qual aplicação vai demandar aumento significativo de banda, a exemplo de metaverso, que está dando os primeiros passos e exige capacidade significativa da rede, ou vídeo 4k que começa sua evolução para 8k. Aplicações de streaming, entre outros serviços que consomem muita banda e exigem bastante do meio físico pelo qual a informação será transportada, têm na rede óptica a melhor solução, pois não apresenta limitação de banda a médio e longo prazos.
Os equipamentos devem evoluir de acordo com essas novas necessidades. “No caso da rede física, é importante que ela tenha flexibilidade e agilidade para atender às demandas de forma muito rápida. Nesse requisito, as redes pré-conectorizadas com splitters desbalanceados garantem uma flexibilidade que nenhuma outra permite, pois possuem capacidade de expansão simples, mudança de serviços, etc.”, explica Motizuqui, da Furukawa.
O 5G, ao mesmo tempo em que abre espaço para novos serviços e aplicações, faz com que aumente a exigência por um sistema confiável e por tecnologias de monitoramento das condições das redes. “A Furukawa lançou uma solução para monitoramento das redes passivas baseada em tecnologia IoT – Internet das coisas, que avisa sobre acidentes na rede ou sobre a degradação progressiva decorrente de algum fator externo, como má instalação ou acidente parcial, vandalismo, etc.”, destaca o diretor da empresa.
As redes de fibra óptica têm muito a oferecer, mesmo as já existentes, bastando mudar os equipamentos das extremidades, que é onde se encontram as limitações atualmente. Dessa forma, é possível agregar valor e elevar a receita proporcionada pela rede. “Quando quero comunicar A com B, a velocidade depende do equipamento e não da fibra, que é muito boa se instalada de acordo com as melhores práticas”, explica Rezende, da Fibracem, que também vê na falta de mão de obra qualificada uma dificuldade para o setor.
A escassez de fibra óptica, observada nos últimos anos, devido à demanda mundial, à pouca oferta causada pela pandemia na China e à dificuldade de obtenção de alguns insumos agravada pela guerra já não é tão significante. No Brasil, esse cenário é menos impactado graças à produção local das fibras e cabos, mas o desafio está nos equipamentos, que deverá perdurar até 2023 ou 2024, quando poderá haver um equilíbrio entre demanda e produção de chipsets segundo Motizuqui, da Furukawa.
Evolução tecnológica ainda tem alto custo
Embora o mercado se movimente e novas tecnologias estão em constante desenvolvimento, as soluções presentes ainda estão em consonância com as necessidades atuais. As redes GPON são um exemplo. Com capacidade de 2,5 Gbps de download e 1,25 Gbps de upload e até 128 assinantes por porta OLT, esse tipo de rede é bastante utilizada por pequenos e médios provedores e uma solução para os clientes dessas operadoras, que representam 30% do mercado.
Ainda que a tecnologia esteja adequada às atuais necessidades, novas redes já chegaram ao mercado, ainda com pouca adesão, devido tanto à quantidade de usuário, como pelo custo: XGPON apresenta downstream de 10 Gbps e upstream de 2,5 Gbps e XGSPON atinge 10 Gpbs para downstream e para upstream, ambas com capacidade para 256 clientes por PON, o que permite oferecer mais ao mesmo número de clientes ou um mesmo pacote a um número maior de assinantes.
No entanto, são soluções de alto custo para os pequenos e médios provedores. O XGPON tem sido usado em data centers e outras aplicações que precisam de processamento de altíssima velocidade, enquanto o XGSPON, visto como evolução da infraestrutura existente, enfrenta o elevado custo dos terminais. Se confirmada a tendência de adoção crescente dessa tecnologia, os custos envolvidos deverão ser equacionados com o tempo, a adesão e a demanda.
O diretor da Furukawa destaca as redes multisserviços desenvolvidas pela empresa, que oferecem a flexibilidade de duas tecnologias na mesma rede passiva, com uma quantidade reduzida de fibra, facilitando a adoção dos XGSPON quando o mercado demandar. “O investimento na rede é feito somente uma vez. Fica a critério do ISP adotar o XGSPON quando quiser, sem nenhuma modificação na infraestrutura”, ressalta.
Motizuqui afirma que em alguns anos, novas necessidades aparecerão, como o metaverso, IoT residencial, etc., exigindo um aumento de banda, e é recomendável uma migração gradativa e, se possível, utilizando a mesma rede passiva com as duas tecnologias sobrepostas.
O desenvolvimento tecnológico ocorre de forma muito rápida, bem como a difusão das novidades no mercado globalizado. No entanto, é a demanda o fator decisivo da consolidação de cada uma delas e o Brasil é considerado um mercado consumidor de grande potencial de absorção das tecnologias que estão em evolução.
O diretor da Vero reconhece o peso dos custos de equipamentos, em especial as tecnologias mais recentes, e das variações cambiais na implantação das redes, porém considera que o crescimento em escala favorece as condições de negociação e “payback”, bem como contar com ampla gama de fornecedores homologados, o facilita a busca por preços mais competitivos e maiores margens. Além disso, segundo ele, novas tecnologias bem implantadas, mesmo com alto custo inicial, reduzem o custo operacional e aumentam a satisfação do cliente.
As novas aplicações e o 5G exigirão mais investimentos voltados à expansão das redes ópticas, bem como a proximidade de processamento e estruturas de data centers mais próximos ao usuário, o que demanda mais banda e tráfego e, consequentemente, ajuste das redes para comportar esse incremento de capacidade.
Rescia ainda lembra uma questão crítica no aumento do mercado de redes: a disponibilidade e os custos elevados de compartilhamento dos postes. “Construímos um relacionamento com as concessionárias de energia que nos permite agilidade nos processos, e muitas vezes somos percursores em parceira com as mesmas”, afirma.
Muito ainda está por vir
A expectativa é que a demanda por redes ópticas se mantenha crescente para atender aos novos serviços que deverão chegar com o 5G e à parcela de consumidores residenciais que ainda não é atendida por sinal de Internet, estimada em 25% dos domicílios brasileiros.
A Vero já vem acompanhando essa evolução e espera mais para o próximo ano, com plano de crescimento das redes ópticas, tanto com a ampliação da cobertura atual, a partir da construção de novas cidades e outras áreas dentro daquelas nas quais está presente, e com a utilização de redes neutras que permitem mais velocidade no lançamento e com a possibilidade de novos M&As (fusões e aquisições).
Os projetos da Vero incluem ampliações do backbone nacional, para aumentar a capacidade existente ou para explorar novas localidades, permitindo a expansão da capilaridade para ingresso em novas cidades, ampliações de áreas e alívios de redes existentes e/ou para a conexão com novos data centers.
O planejamento da rede pode ser um fator determinante para acompanhar a evolução do mercado e dispor aos clientes o melhor para cada aplicação. É preciso visão de futuro. “Não é necessário implantar a rede de imediato utilizando as novas tecnologias, mas é preciso planejar a possibilidade de expansão e construção quando houver a demanda”, alerta Motizuqui, da Furukawa.
A grande força para aquecer este mercado deverá partir, principalmente, das grandes operadoras de 5G, com a utilização de cabos de alta capacidade com até 288 fibras. “Não há motivo para essas empresas usarem cabos de 6 ou 12 fibras, muito utilizados por pequenos e médios provedores. Até a chegada do 5G, víamos no máximo de 144 fibras. A tendência para os menores é o uso de cabos de até 48 fibras”, explica Rezende, da Fibracem.
Capella, da Ciena, alerta, no entanto, que tem ocorrido queda no crescimento do mercado brasileiro de banda larga, que, em algum momento, deverá se estabilizar com grande concentração, pois o crescimento depende da situação econômica no país.
Esse movimento indica que os provedores terão de buscar mecanismos de diferenciação para aumentar a base de clientes, oriundos de outras operadoras, por meio de novas tecnologias, onde o XGSPON se insere, realidade já observada no mercado norte-americano e que deverá chegar ao Brasil. Tudo isso impõe desafios aos provedores. Muitos, na visão de Motizuqui, da Furukawa, estão adiando ou reduzindo investimentos, com o risco de perderem espaço para a concorrência, por meio de expansão de rede própria ou por rede neutra, que vem se expandindo exponencialmente.
Os fabricantes de equipamentos acompanham o aumento da demanda e das necessidades que surgem. “A indústria aporta uma quantidade significativa no desenvolvimento de tecnologias, com os ciclos de investimentos se encurtando. Obviamente, há um propósito, em geral, relacionado à adequação de custos para os operadores e provedores”, afirma Capella.
O presidente da Ciena destaca, ainda, a importância da automação diante das demandas e dos novos comportamentos de usuários, muitas vezes inesperados ou aleatórios. A rede, no entanto, precisa estar preparada para escoar o tráfego de onde ele surja e se reorganizar para automaticamente para esse escoamento sem grandes intervenções humanas ou mesmo investimentos.
Essa automação já está integrada aos equipamentos fabricados pela empresa, permitindo o acesso à informação, seu processamento, análise e ação. “Continuamos investindo na próxima geração do WaveLogig 5, com mais capacidade e performance óptica, habilidade de percorrer maiores distâncias sem a necessidade de regenerar o sinal. Quanto melhor a performance nos sistemas, menor necessidade de infraestrutura, menos equipamentos e menos manutenção e custo”, finaliza Capella.