O 5G e a democratização tecnológica
O 5G vai acelerar demandas por aplicações inovadoras e mais sustentáveis em diferentes setores, como indústria, agronegócio, entretenimento, entre outras, exigindo que as empresas ofereçam serviços mais avançados e tecnológicos rodando em uma infraestrutura descentralizada, que favorece a transmissão de dados em alta velocidade.
Marcelo Rezende, COO da WDC Networks
O 5G já é uma realidade nas capitais brasileiras e vai avançar mais rápido do que o planejado. As cidades com mais de 500 mil habitantes receberam o aval da Anatel para iniciarem a implementação da tecnologia a partir de janeiro deste ano, seguindo o que foi determinado no edital de leilão do 5G. A novidade é que a autarquia federal anunciou em fevereiro último que antecipará a liberação da quinta geração de redes móveis em mais de mil municípios em todo o Brasil com 200 mil habitantes ou mais, dentro dos “clusters” das capitais e das maiores cidades já habilitadas.
Em menos de uma década, aplicações que incluem streaming de vídeo de alta qualidade, realidade virtual e aumentada (RV e RA), IoT – Internet das coisas e IA – inteligência artificial serão comuns, graças à implantação de uma conectividade com maior largura de banda e menor latência. O 5G é a porta de entrada para experiências mais imersivas, como o metaverso, onde, segundo o Gartner, 25% da população mundial vai passar pelo menos uma hora por dia até 2025, e outras vivências digitais realísticas, interativas e sensoriais, transformando a experiência do usuário. Basta olhar para o sucesso do ChatGPT, por exemplo, que mal foi lançado e já mostra o potencial da democratização da IA.
Descentralização dos dados
A computação distribuída em data centers menores e mais próximos dos dispositivos é uma arquitetura de dados descentralizada, projetada para reduzir a latência e melhorar o desempenho das aplicações 5G, ampliando a capacidade de processamento e armazenamento de informações em tempo real.
Os datacenters de borda 5G geralmente estão localizados em locais geográficos estratégicos, como torres de telefonia celular, edifícios de escritórios e fábricas, e podem ser implantados em uma arquitetura de malha para garantir a redundância e a alta disponibilidade. Eles são capazes de processar e armazenar grandes quantidades de dados em tempo real, o que permite que as aplicações 5G sejam executadas com maior eficiência e rapidez.
Com a democratização do 5G em todo o mundo, a expectativa é que os data centers de borda se tornem uma parte fundamental do ecossistema de rede 5G, oferecendo suporte a uma ampla gama de aplicações baseadas em tecnologias como big data, cloud computing, inteligência artificial e machine learning, estruturadas no modelo de edge computing.
Desenvolvimento de negócios
No campo das oportunidades, o 5G vai acelerar demandas por aplicações inovadoras e mais sustentáveis em diferentes setores, como indústria, agronegócio, entretenimento, entre outras, exigindo que as empresas ofereçam serviços mais avançados e tecnológicos rodando em uma infraestrutura descentralizada, que favorece a transmissão de dados em alta velocidade. Nesse cenário, um dos segmentos que tendem a avançar na esteira do 5G é a Internet das Coisas, com automação de infinitos objetos que vão de sensores e câmeras a dispositivos de suporte à vida.
Com a rede 5G entregando conectividade de alta velocidade e baixa latência, e o IoT fornecendo uma rede de dispositivos interconectados, as possibilidades são infinitas. Juntos, o 5G e a IoT podem abrir um mundo de probabilidades para aplicações avançadas, que incluem de soluções de automação residencial ao transporte autônomo e às cidades inteligentes.
Cidades inteligentes e automação dos serviços públicos
Entendemos como cidades inteligentes aquelas que reúnem conectividade e automação para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos de forma mais eficiente e sustentável. Com apoio de ferramentas analíticas e inteligência artificial, dados e informações coletados a partir de usuários e dispositivos conectados permitem que os gestores municipais tomem decisões mais eficientes. Nas smart cities, os cidadãos são mais bem informados sobre o que está acontecendo no município e participam ativamente da vida pública. No Brasil, há em torno de 30 cidades inteligentes, de acordo com ranking geral do Connected Smart Cities e a tendência é crescente com a expansão do 5G.
Nas cidades inteligentes, dispositivos IoT compõem uma rede de comunicação que passa pela conectividade 5G, transmitindo em tempo real dados que são aplicados na otimização dos serviços essenciais, entregando inteligência ao transporte, à gestão energética, com energia produzida a partir de fontes limpas como geração solar e eólica, gerenciamento de resíduos, segurança pública, educação (onde recursos de aprendizagem online ajudam a tornar a educação mais acessível ) e saúde (tecnologias como wearables e dispositivos de monitoramento remoto, por exemplo, que otimizam a qualidade do atendimento e suporte à vida).
Modernização da infraestrutura
Atender toda essa demanda por velocidade e estabilidade de internet será um desafio constante, que depende de modernização da infraestrutura atual e ampliação da cobertura de rede, multiplicando as torres (estações rádio base) e implantando novos e numerosos data centers descentralizados, também conhecidos por Edge Datacenters
Hoje a fibra óptica é tecnologia preferencial para as redes 5G porque oferece a capacidade de transferir dados a velocidades extremamente altas com maior largura de banda do que as conexões de cobre tradicionais, permitindo que mais dispositivos sejam conectados à rede 5G simultaneamente, sem perder a qualidade do sinal. Além disso, a fibra óptica é menos suscetível a interferências eletromagnéticas do que os cabos de metal, proporcionando um sinal mais estável.
Cibersegurança
Não podemos esquecer que o 5G é uma tecnologia crítica e, portanto, a segurança da rede é um aspecto crucial. A segurança deve ser incorporada em todos os aspectos da infraestrutura para proteger a privacidade dos usuários e prevenir ataques cibernéticos.
Para mitigar esses riscos, as empresas que desenvolvem e implantam redes 5G devem adotar medidas robustas de segurança cibernética desde a infraestrutura da rede até os dispositivos que se conectam a ela. Isso inclui a implementação de protocolos de autenticação, criptografia de dados, firewall e sistemas de detecção.
Investimentos
Outro desafio para a plenitude do 5G, especialmente no Brasil, é o custo dos equipamentos, o que dificulta, e muito, a viabilização de projetos de infraestrutura. Nesse sentido, os modelos de negócio “as a service” (que comercializa soluções como serviço e não como produto) tendem a ajudar provedores e operadores de 5G a otimizarem investimentos e focalizarem esforços na oferta de produtos inovadores e competitivos.