O caminho certo para a TI sustentável
Paulo de Godoy, country manager da Pure Storage no Brasil
A TI sustentável, ou “green IT”, está avançando rapidamente no mundo inteiro. Mesmo em um período tão atípico, no qual a maioria das empresas precisou se adaptar rapidamente e colocar em prática os planos de transformação digital, felizmente a preocupação com o impacto ambiental dessas mudanças se manteve em primeiro plano. Além dos benefícios tecnológicos e rentáveis, a diminuição das emissões de carbono se tornou também uma preocupação dos investidores, que estão de olho em como as empresas se posicionam em relação à sustentabilidade – e como colocam essa posição em prática.
Os grandes players têm um papel fundamental na jornada de descarbonização, e esse compromisso afeta todas as atividades da empresa, incluindo as equipes de TI, que está sob grande pressão com o alto consumo de energia dos data centers, dispositivos, servidores, redes e armazenamento de dados – além do descarte de equipamentos que contribui com a taxa global de desperdício.
De acordo com um relatório da Agência Francesa de Gestão do Meio Ambiente e Energia (Ademe), até 2030 os data centers poderão representar 13% do consumo mundial de eletricidade, o equivalente a 1130 reatores nucleares. Se adicionarmos equipamentos de tecnologia de consumo, como smartphones, computadores e tablets, a parcela sobe para 51%, o equivalente a 4.400 reatores nucleares. Segundo outro estudo, as tecnologias de TIC, incluindo a Internet, streaming e outros serviços baseados em nuvem, são responsáveis por 2% das emissões globais de CO2, a mesma quantidade do setor de aviação civil. Esses números alarmantes explicam por que a consciência sustentável virou tema prioritário para a TI.
Data centers são abismos de energia
Tanto as empresas mais avançadas que já possuem um plano de neutralização de carbono quanto as que ainda estão em estágio de avaliação de projetos, estão cobertas de benefícios ao optar por soluções de TI que estejam alinhadas com a sustentabilidade. Prova disso é a redução da pegada de carbono de equipamentos de TI, por exemplo, baseado em um sistema mais compacto de armazenamento, e o uso de equipamentos menos intensivos em energia.
Algumas empresas conseguem reduzir os custos de energia de data center em até 15%, uma economia que pode ser facilmente atingida apenas com a substituição de um terço dos equipamentos de armazenamento, por exemplo. Os data centers são verdadeiros abismos de energia, tanto para alimentar equipamentos de TI, como servidores, como também para fornecer o ar-condicionado necessário para o funcionamento.
A maioria das empresas hoje não possui mais data center físico em suas instalações, e acabam optando por hospedagem externa. Por esse motivo, os principais provedores de hospedagem estão com uma demanda crescente e precisam regularmente construir novas instalações para armazenamento de dados para atender às expectativas.
A evolução tecnológica é essencial para a sustentabilidade
Para enfrentar os desafios de sustentabilidade e responsabilidade ecológica, as empresas precisam adotar soluções que ofereçam escalabilidade de hardware sem limites de tempo, capazes de se adaptar às necessidades de mudança dos clientes devido ao aumento exponencial no volume de seus dados, e permitir que adquiram mais capacidade de armazenamento.
Os fornecedores fizeram um grande progresso no aumento da densidade da mídia de armazenamento, graças às tecnologias flash e Quad Level Cell (QLC), que são capazes de armazenar um volume de dados ainda maior. Nos últimos seis anos, alguns fornecedores conseguiram aumentar a capacidade de armazenamento em 150 vezes para o mesmo espaço, sem aumento de pegada de carbono, reduzindo o consumo de energia em 100 vezes. Essa margem é a tendência que as empresas querem manter e aprimorar.
Tornar a TI sustentável é uma questão de integração das inovações tecnológicas às soluções existentes, sem a necessidade de troca do hardware. As empresas costumam adquirir uma solução que usam por quatro ou cinco anos e depois saem do ciclo para comprar uma nova, mais adaptada aos objetivos para os próximos cinco anos. É como trocar de smartphone a cada dois anos para aproveitar a nova capacidade de armazenamento ou uma câmera melhor. Infelizmente, os usuários se acostumaram a descartar todos os equipamentos tecnológicos muito rapidamente, quando o ideal é que os sistemas sejam projetados para acompanhar os desenvolvimentos tecnológicos, mantendo o hardware.
Esse é o momento para escolhas estratégicas
A TI Sustentável cobre três dimensões: o aspecto ecológico ligado ao desperdício e destruição de equipamentos; a importância do consumo de energia para alimentar equipamentos; e o aspecto econômico da sustentabilidade do investimento, no qual não há necessidade de recompra desnecessária de equipamentos para substituir aquele que foi descartado na renovação da solução e ainda estava em funcionamento.
As CPUs que compõem muitos dispositivos eletrônicos se tornam obsoletas rapidamente e precisam ser trocadas, em média, a cada 36 meses, mas esse não é o caso de outros elementos como chassis de metal, fontes de alimentação, cabos ou barramentos internos. Descartar todo esse hardware só para modernizar o processador no coração do dispositivo é uma prática inútil que vai contra o conceito da neutralização de carbono e as metas de sustentabilidade.
Por outro lado, uma solução capaz de integrar os desenvolvimentos tecnológicos acompanhando as mudanças do mercado, sem a necessidade de troca do hardware, é uma dinâmica progressiva que derruba o antigo modelo de consumo corporativo de TI, que não é ecologicamente responsável nem sustentável.
A importância das questões ecológicas e da sustentabilidade vai aumentar cada vez mais para as equipes de TI e empresas como um todo, e algumas empresas estão dispostas a pagar mais por soluções de TI ecologicamente corretas. Graças à inovação contínua das empresas de tecnologia, temos cada vez mais soluções econômicas e sustentáveis, permitindo que um número crescente de empresas cumpra os requisitos de seus planos de neutralização de carbono, sem impactos significativos no orçamento.
Paulo de Godoy tem 20 anos de experiência no mercado de TI, com foco em vendas de soluções para empresas de armazenamento, segurança, integração e interconectividade. O executivo ocupou cargos de liderança em empresas de destaque no setor tecnológico, como Hitachi, IBM e NetApp. Paulo iniciou as atividades na Pure Storage como gerente de vendas em 2014, e em 2016 assumiu a gerência geral da companhia no Brasil.