O papel da tecnologia nas cidades inteligentes
Simone Rodrigues, Editora da Infra News Telecom
Sem dúvida, a tecnologia tem um papel de destaque na construção das cidades inteligentes. Claro que ela deverá caminhar em conjunto com outras áreas como mobilidade e infraestrutura, com a participação da sociedade. Mas é fato que soluções de IoT – Internet das coisas, 5G, cloud, etc. serão peças chave para melhorar a gestão pública e criar ambientes melhores para se viver, trabalhar e empreender.
Este é um mercado que abrange diversos setores, incluindo saúde, educação, transporte, saneamento, segurança e energia. De acordo com um estudo da Grand View Research, as smart cities devem movimentar, mundialmente, US$ 2,57 trilhões em 2025, com um CAGR – taxa de crescimento anual composta de 18,4% no período. Esse volume será motivado por fatores como aumento da população urbana, foco em sustentabilidade e necessidade de gerenciar melhor os recursos naturais. Iniciativas estão sendo realizadas em todo o mundo.
A Coreia do Sul, por exemplo, planeja injetar, até 2024, US$ 4,57 bilhões na construção da primeira cidade inteligente do país: a Busan Eco Delta City (EDC). Todas as instalações de infraestrutura serão mantidas e gerenciadas com base em um enorme volume de dados coletados por meio de sensores de IoT. A IA – inteligência artificial será usada para melhorar a qualidade de vida da população e enfrentar os desafios da urbanização.
A cidade de Yinchuan, na China, é considerada referência mundial no assunto. Com 2,5 milhões de habitantes, a cidade foi totalmente coberta por redes de fibra óptica e LTE. Com o uso de tecnologias, como computação em nuvem, IoT, câmeras inteligentes e big data, o local reduziu problemas relativos à mobilidade urbana, segurança pública, meio ambiente, saúde, cidadania, entre outros.
Até 2025, Copenhague, na Dinamarca, pretende atingir emissão neutra de carbono. A cidade utiliza medidores de qualidade de ar integrados a postes de iluminação e energia solar para iluminar espaços públicos. A bicicleta é usada regularmente como meio de transporte por 49% da população e, para economizar energia, os semáforos são desligados automaticamente, quando não há trânsito de veículos. Também estão disponíveis aplicativos que facilitam a vida do cidadão, como para estacionamento inteligente.
Brasil
No Brasil, as cidades digitais vêm ganhando espaço. De acordo com o Ranking Connected Smart Cities, de 2019, elaborado pela consultoria de mercado Urban Systems, Campinas, Curitiba e São Paulo são os municípios mais inteligentes do país. Para chegar nesse resultado 700 cidades foram avaliadas, priorizando o conceito de conectividade em 70 indicadores, como mobilidade, urbanismo, meio ambiente, energia, tecnologia e inovação, economia, educação, saúde, segurança, empreendedorismo e governança. Um artigo publicado nesta edição mostra algumas iniciativas adotadas por essas cidades.
O Governo Federal anunciou, em julho de 2019, o Programa Brasileiro para Cidades Inteligentes Sustentáveis. O MCTIC – Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações é responsável por padronizar e debater as soluções. A política do Ministério prevê, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Regional, a criação de uma câmara de discussão envolvendo governos, academia, indústria, setor privado e entidades representativas para debater as melhores formas de atender as cidades com soluções de conexão ou provimento de aplicações inteligentes.
A nova política substitui o programa Cidades Digitais criado em 2012 e que já está presente em mais de 140 cidades. Recentemente, o BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social aprovou um aporte de R$ 2,98 milhões para um projeto de cidade inteligente para a implementação de aplicações de IoT, em Campinas.
O trabalho prevê a integração de dispositivos, conectividade, suporte à operação e segurança, incluindo sistemas de vigilância, telegestão para iluminação pública e um portal de monitoramento de veículos e placas e medição de microclima em área urbana.
5G
O 5G também é um assunto de destaque nesta edição. Para Letice Kubert, diretora comercial de analytics & IoT da Thales na América Latina, a infraestrutura 5G abrirá um novo mundo de possibilidades e deverá se tornar a espinha dorsal das operações industriais, facilitando a transformação digital no modelo de negócios B2B. A tecnologia ainda permitirá o desenvolvimento da IoT e o uso da IA na indústria em larga escala. Segundo ela, as principais razões para essa transformação são o aumento da capacidade, a baixa latência e a extensa cobertura.
Boa leitura!