O poder da periferia da rede
Mario Pires de Almeida Filho, da GDN Tecnologia
Muitos já sabem que o mecanismo de surgimento de edge computing e fog computing advém do fenômeno IoT – Internet das coisas. O massivo crescimento de dispositivos e sensores gera um grande volume de dados e capacidade de processamento, que dificulta ou inviabiliza o seu tratamento em servidores no data center e na nuvem. Já sabemos que existe uma demanda computacional a ser tratada diretamente na periferia da rede, perto dos dispositivos e utilizando uma, digamos, microrrede para o seu zero suporte.
Mas vamos falar a sério, quem realmente implementou sistemas em fog computing ou arquitetou uma fog networking (“nos trinques”) considerada exemplar? Ok, certo, vários, mas poucos no universo corporativo e nas empresas em geral. Vemos casos de especialistas, como o interessante exemplo apresentado no artigo de David Linthicum, em que ele menciona a aplicação de fog computing/fog networking em sensores de turbina de um jato comercial. Há também vários exemplos na área industrial e na tecnologia da informação aplicada à saúde.
Da mesma forma que a arquitetura SDN/SDx levou três anos para ser iniciada, a fog computing/ fog networking está trilhando a sua rampa de maturidade, que se iniciou há mais de cinco anos e agora está se viabilizando de forma sólida. É preciso criar uma fundação para o desenvolvimento de padrões e iniciar o seu amadurecimento. Depois são necessários mais três a cinco anos para a tecnologia amadurecer definitivamente e comercialmente (senão vejamos, muitos, inclusive eu, que afirmam, por exemplo, que “SD-WAN IS the new WAN”, uma viagem sem retorno a se aplicar em todas as empresas),
O próprio espectro de “things” do universo de IoT vem se expandindo tridimensionalmente e o que antes se referia mais a sensores e dispositivos, como câmeras, geladeiras e iluminação inteligente, hoje recebe constantemente novos participantes de toda a ordem funcional e sistêmica e com sistemas embutidos muito mais complexos, como drones, redes veiculares, dispositivos de realidade virtual e aumentada, mobilidade autônoma e por aí vai.
Com isso, a fog networking começa assumir um papel essencial nos sistemas distribuídos como, por exemplo, atuar como proxy da nuvem, em uma gama de aplicações e em especial com segurança, uma vez que os participantes de uma fog network nem sempre têm capacidade computacional ou prioridade para cuidar adequadamente da segurança e acabam ficando expostos, sem uma infraestrutura local adequada. Isso demanda uma discussão e reavaliação das arquiteturas computacionais e de rede e a sua integração com outras tecnologias emergentes, como machine learning, redes inteligentes time-sensitive, e sistemas distribuídos e sua integração com a nuvem tradicional (quem diria, já estamos em um ponto de chamar a computação em nuvem de “tradicional”), além, claro, a discussão de sua governabilidade e gerenciabilidade com uma orquestração eficiente que alinhe adequadamente a distribuição e gerenciamento de recursos das fog networks, de forma integrada com as demais estruturas de rede corporativas, nuvens privadas ou públicas.
Já temos uma entidade aberta dedicada ao tema, o OpenFog Consortium, com o objetivo de estabelecer e normatizar uma arquitetura de referência. Também temos o primeiro evento de grande porte dedicado exclusivamente ao tema, o FogWorld Congress, que acontecerá de 1 a 3 de outubro, em São Francisco, EUA. Como sempre, precisamos continuar a pensar fora da “caixa” e ficarmos atentos a assuntos referentes à computação e arquiteturas de rede, além de elaborar novos mecanismos e soluções que aproveitem tecnologias emergentes como fog computing/fog networking e continuar a infinita jornada de transformação digital em nossa sociedade.
É executivo da GDN Tecnologia, uma cloud services provider e integradora especializada em SDN e SD-WAN. O executivo atua nas áreas de pré-vendas e marketing de produto. Com formação em telecomunicações, tecnologia da informação e marketing estratégico, Mário Pires tem mais de 36 anos de experiência no mercado, trabalhando em empresas como Embratel, Cabletron/Enterasys, Medidata, Mtel, Innovo e 9Net.