O que esperar da inteligência artificial em 2022?
Prof.ª e Dra. Alessandra Montini
Pode parecer assunto de ficção científica, mas a inteligência artificial não só já existe em diversas soluções como também deixou de ser tendência há algum tempo. Hoje, essa tecnologia é uma necessidade estratégica para várias empresas por servir como base de inovação, criatividade e modelos de negócios. Sua utilização auxilia tanto no desenvolvimento de produtos e serviços quanto na gestão da organização, no conhecimento de seu público e na definição de metas. Investir em IA, portanto, significa estar alinhado ao que há de mais moderno e eficiente na área de tecnologia atualmente.
Não à toa, previsão da consultoria Gartner indica que o mercado global de softwares de inteligência artificial deve movimentar US$ 62,5 bilhões em 2022 – um aumento expressivo de 21,3% em relação a 2021. A aceleração digital provocada pela pandemia de Covid-19 certamente ajudou na consolidação dessas soluções, mas é preciso lembrar que, como toda tecnologia, elas também evoluem. A IA que vamos encontrar no próximo ano é bem diferente daquela que estamos acostumados a ver nos últimos anos – e bem mais prática e pacífica do que na ficção científica! Confira cinco tendências esperadas para 2022 nesta área:
1 – Cibersegurança
Não há dúvidas de que a cibersegurança ocupa posição central no planejamento estratégico de qualquer de negócio em todo o mundo. Afinal, com a importância dos dados e os processos digitais, diversos cibercriminosos passaram a explorar brechas deixadas pelas empresas para roubarem e/ou vazarem informações sensíveis e sigilosas. Ataques em grandes corporações brasileiras, como Renner, CVC e Porto Seguro, apenas reforçam que ninguém está imune.
Assim, a entrada da inteligência artificial em soluções da área busca reduzir esse risco e trazer mais proteção ao ambiente digital. Por meio dela, é possível analisar padrões no tráfego da rede corporativa e, a partir daí, identificar possíveis ataques que fogem da rotina. Além disso, diversos algoritmos podem monitorar o comportamento dos dados e antever possíveis invasões – garantindo maior agilidade na tomada de decisão.
2 – Visão computacional
Sim, ferramentas de visão computacional não são tendências há algum tempo, mas soluções desse tipo baseadas em inteligência artificial devem crescer bastante em 2022. Isso porque a proposta de machine learning (aprendizado de máquina) evoluiu tanto que, atualmente, diversos dispositivos conseguem não só aprender padrões, como identificá-los e diferenciá-los a partir de imagens e movimentos.
Isso abre um novo leque de oportunidades, expandindo a atuação da IA para outros setores por meio de robôs “visíveis” e não apenas algoritmos. No setor de saúde, por exemplo, hospitais podem utilizar a visão da máquina para analisar de forma mais nítida imagens e exames. Ou então no varejo, com a movimentação dos consumidores.
3 – Mercado automotivo
A inteligência artificial já contribui com a linha de produção do mercado automotivo. Aqui, estamos falando de veículos autônomos, ou seja, capazes de revolucionar as viagens e o próprio deslocamento nos próximos anos. O ano de 2022 tem tudo para ser o período mais positivo para este segmento, tanto em termos de vendas quanto na adoção de tecnologia.
A Tesla promete direção autônoma de seus veículos em 2022. Além disso, grandes marcas tanto do setor automotivo, como Ford e GM, quanto do tecnológico, como Apple e Google, possuem projetos que devem avançar nos próximos meses. A ideia, claro, é permitir que os carros possam se deslocar sem interferência humana, apenas com o processo de aprendizado da máquina e identificação de padrões. Aliás, não só carros, mas também navios já são idealizados com IA.
4 – IA aumentada
Até agora, as iniciativas que envolvem inteligência artificial são isoladas ou, na melhor das hipóteses, resolvem parte de um determinado problema. Não há um sistema integrado de ferramentas com essa tecnologia em todos os departamentos. Assim, elas são utilizadas em situações e/ou áreas específicas de acordo com a estratégia do negócio.
Mas isso tende a mudar a partir de 2022. Com a consolidação do 5G em escala global (inclusive com a entrada no Brasil), novas soluções em nuvem e a dependência maior de plataformas, o conceito de “IA aumentada”, ou seja, a maior participação em todos os processos vai crescer e se consolidar. Quem souber automatizar mais processos e áreas da empresa certamente vai conseguir melhores resultados no futuro.
5 – Pouco código
Conforme uma tecnologia avança, a missão é fazer com que ela se popularize mais e mais. Para isso, seu desenvolvimento e, principalmente, sua aplicação precisa ser simples – a ponto de a grande maioria das empresas poder utilizá-la sem qualquer barreira. Não é uma tarefa fácil, ainda mais por se tratar de um tema complexo.
Entretanto, para 2022, espera-se a entrada de plataformas low-code e no-code para desenvolvimento de aplicações em IA. Os dois conceitos abordam pouco ou nenhum código na sua estrutura, permitindo que as organizações possam criar programas e ferramentas de forma simples e com alto impacto nos negócios.
Diretora do LABDATA-FIA, apaixonada por dados e pela arte de lecionar, Alessandra Montini tem muito orgulho de ter criado na FIA cinco laboratórios para as aulas de Big Data e inteligência Artificial. Possui mais de 20 anos de trajetória nas áreas de Data Mining, Big Data, Inteligência Artificial e Analytics.
Cientista de dados com carreira realizada na Universidade de São Paulo, Alessandra é graduada e mestra em estatística aplicada pelo IME-USP e doutora pela FEA-USP. Com muita dedicação, a profissional chegou ao cargo de professora e pesquisadora na FEA-USP, e já ganhou mais de 30 prêmios de excelência acadêmica pela FEA-USP e mais de 30 prêmios de excelência acadêmica como professora dos cursos de MBA da FIA. Orienta alunos de mestrado e de doutorado na FEA-USP. Membro do Conselho Curador da FIA, é coordenadora de grupos de pesquisa no CNPq, parecerista da FAPESP e colunista de grandes portais de tecnologia.