O ser humano como centro da transformação digital
Sem o ser humano no centro, as tecnologias ligadas à transformação digital simplesmente perdem sua razão de existir. Afinal, toda a inovação tem como objetivo atender às necessidades humanas.
Leandro Laporta, diretor de arquitetura de soluções e parcerias da Orange Business Services para a América Latina
A tecnologia deve servir ao ser humano e não o contrário. A frase pode soar como um clichê, mas é uma ideia extremamente necessária para aqueles que trabalham e desenvolvem tecnologia. Sem o ser humano no centro, a transformação digital simplesmente perde sua razão de existir. Afinal, toda a inovação tem como objetivo atender às necessidades humanas.
Hoje, um assunto muito recorrente no mundo da tecnologia é a IoT – Internet das coisas, que conecta dispositivos a fim de permitir ou facilitar processos. A IoT nada mais é que o uso efetivo das informações e dados disponíveis para que o potencial dos equipamentos ou máquinas seja aproveitado ao máximo.
Existe um grande equívoco, que é bem comum, achar que uma tecnologia como a IoT tira o protagonismo do ser humano nos processos. Por exemplo, o sistema de reconhecimento facial presente em diversos aeroportos espalhados pelo mundo. Um ser humano desenvolve o algoritmo que vai definir todo o sistema. Que tipo de critérios serão utilizados para identificar quem deve ou não passar na fila da alfândega? Aparência? Com base em quê? São perguntas que trazem à tona toda uma discussão sobre a ética na tecnologia, mas que antes de tudo mostram como todo o poder ainda está nas nossas mãos.
As informações e tecnologias já estão disponíveis e podem ser ainda mais desenvolvidas. O que falta é uma predisposição das pessoas a mudar de cultura. Se o ser humano não aceitar, por exemplo, que suas informações sejam utilizadas por sistemas de IoT para oferecer novos serviços e experiências, a tecnologia não vai se desenvolver. Tudo está em nossas mãos.
E isso vale para outras tendências, como machine learning e inteligência artificial. São tecnologias que não vão substituir o ser humano, mas apenas aumentar o potencial das informações disponíveis e, com isso, tornar os processos mais eficientes. A mudança está na ordem do processo: cada vez mais o ser humano vai se ocupar de atividades em posições mais estratégicas dentro das empresas, e menos no operacional.
Isso ocorre em meio a uma grande transformação cultural no mundo hiperconectado. O consumidor moderno está menos disposto a lidar com intermediários. Para fazer um passeio pela cidade, por exemplo, um aplicativo de transporte pode mediar a sua relação com o motorista, sem grandes burocracias. Para fazer uma transferência de dinheiro, o blockchain te dá a possibilidade de realizá-la sem depender de um banco.
Trazer o ser humano para o centro do processo de transformação é essencial não só para as empresas e negócios, mas para que a tecnologia cumpra devidamente o seu papel, que é facilitar a vida das pessoas.