O seu negócio precisa de SD-WAN?
Gerenciar aplicações de forma segura entre filiais e sites remotos por meio da WAN é um desafio para os gestores de TI. Entenda como a SD-WAN pode ajudar na solução desse problema e facilitar a gestão do seu negócio.
Simone Rodrigues, Editora da Infra News Telecom
Garantir a entrega das aplicações entre filiais e sites remotos por meio da WAN é um grande desafio para as empresas. Os gestores de TI enfrentam dificuldades para gerenciar e disponibilizar de forma segura e com qualidade inúmeras aplicações, muitas de missão crítica e sensíveis à latência. Problemas de congestionamento de links, perdas de pacotes de transmissão e baixa produtividade dos funcionários remotos são frequentes e essas questões tendem a se agravar com o uso crescente de tecnologias como computação em nuvem, virtualização e vídeo.
Para acompanhar as novas tendências e facilitar a vida de quem opera e acessa as aplicações, as WANs precisam evoluir. Nesse sentido, a abordagem SD-WAN ganha cada vez mais destaque ao utilizar uma combinação híbrida de qualquer tipo de link com políticas centralizadas e orquestradas de forma dinâmica por meio do caminho mais adequado da rede de longa distância com balanceamento automático da carga de trabalho e gerenciamento do congestionamento da infraestrutura. “As redes corporativas precisarão passar por mudanças para que os CIOs possam habilitar novos projetos. A SD-WAN vai ao encontro dessa realidade ao permitir que os requisitos de infraestrutura de rede sejam compatíveis com os de negócios”, comenta André Loureiro, gerente de pesquisa e consultoria da IDC Brasil.
Para Nuno Silveiro, especialista de redes da Citrix, fornecedora de soluções de TI e telecomunicações na nuvem, a SD-WAN é uma tecnologia disruptiva, que traz inteligência à rede, permitindo à área de TI gerir o seu tráfego com base na performance real de cada link. “Ganha-se programabilidade, automação, agilidade e qualidade de serviço”, resume o executivo.
Silveiro ainda acrescenta que a SD-WAN tem um apelo ainda maior em ambientes descentralizados e com várias clouds, já que a tecnologia facilita a gestão de diferentes conexões. “A SD-WAN oferece visibilidade de toda a rede e aplicações a partir de um ponto único e sem falhas, com eficiência e maior produtividade. Isso é fundamental para a administração de ambientes multicloud, hoje muito comum nas empresas de todo o mundo”.
As soluções SD-WAN da Citrix combinam seleção de caminho, roteamento de borda, segurança, QoS de ponta a ponta e otimização de WAN em tempo real. Traz banco de dados integrado e inspeção profunda de pacotes para identificar aplicativos e direcionar de maneira inteligente o tráfego da filial para a Internet, nuvem ou SaaS – software como serviço. Fornece roteamento de tráfego automático e failover para várias nuvens. “A Citrix oferece plataformas nativas de SD-WAN, onde todo do tráfego é monitorado num ponto único com base na qualidade e throughput dos links de Internet de forma dinâmica. Todos os pacotes são enviados de acordo com a qualidade do link para uma determinada aplicação”.
O aumento da adoção da nuvem no ambiente corporativo, com estratégias de multicloud e híbridas, traz à tona a necessidade de criar uma nova abordagem para a WAN, na opinião de Rosano Moraes, vice-presidente Latam da Riverbed, empresa especializada no mercado de aceleração de aplicações e otimização de dados. “Hoje, as distâncias entre os usuários e as aplicações não estão apenas atreladas à matriz e à filial. Elas acontecem também na cloud, que tem um poder de agregação muito forte. Com a SD-WAN, a otimização das redes remotas renasce de uma forma totalmente estruturada, diminuindo problemas relacionados à latência e oferecendo mais agilidade e flexibilidade na entrega de serviços”.
A Riverbed fornece soluções de redes completas, incluindo desde a nuvem até a ponta, em um console de gerenciamento centralizado. “Garantimos desempenho da aplicação, segurança e visibilidade para a melhor experiência do usuário”.
Virtualização
A virtualização das funções de rede (NFV) é um ponto chave na SD-WAN. AS WANs tradicionais, que contam com uma topologia estática e inflexível, não conseguem atender aos requisitos das novas aplicações. Assim, topologias de redes ágeis e dinâmicas com plataformas orientadas por software e baseadas em padrões abertos são fundamentais para melhorar a entrega dos serviços e a gestão da infraestrutura. “As novas aplicações se comportam como uma teia de microsserviços conectados, disponíveis nos data centers, provedores de serviços ou na nuvem. As WANs convencionais não têm capacidade para atuar com essa característica”, diz André André Andriolli, CTO da VMware Latam, fornecedora de soluções de nuvem e mobilidade corporativa.
Como o modelo SD-WAN não depende de terceiros, os links MPLS, que têm alto custo, podem ser substituídos por conexões de Internet mais econômicas, como 4G, xDSL, FTTH e links dedicados, com seleções de caminhos inteligentes. “Nossas experiências com clientes comprovam que é possível ter uma economia de, no mínimo, 50%, em comparação com as redes tradicionais”, completa Andriolli.
No final do ano passado, a VMware adquiriu a VeloCloud, empresa especializada em SD-WAN na nuvem. As soluções da companhia são baseados nos conceitos de virtualização e nuvem. “Nossa tecnologia permite implantar uma filial em minutos. Somos especialistas em separar as aplicações da infraestrutura física. Esse é o nosso negocio há mais de 20 anos”, completa o executivo.
SD-WAN e a transformação digital
Na visão de Larisse Góis, gerente de tecnologia da Logicalis, empresa global de soluções e serviços de tecnologia da informação e comunicação, a SD-WAN traz recursos fundamentais para viabilizar a transformação digital. “A rede ganha inteligência para oferecer acesso rápido, seguro e eficaz as novas aplicações como realidade aumentada, big data, IoT – Internet das coisas e vídeo analytics. A tecnologia ainda permite um maior controle da WAN e melhor uso dos recursos disponíveis”, completa Larisse.
Loureiro, da IDC, concorda com Larisse. “A SD-WAN tem um papel muito importante na transformação digital. Com a cloud pública é possível provisonar um servidor em segundos, mas isso só faz sentido em infraestruturas ágeis e flexíveis”.
Antes de tomar qualquer decisão, as equipes de TI precisam entender quais são as vantagens e os desafios que a tecnologia irá trazer ao negócio. “Um dos benefícios da SD-WAN é a sua capacidade de controlar as informações que trafegam na WAN para priorizar as aplicações mais importantes com foco na eficiência da operação. Uma loja de varejo, por exemplo, precisa garantir o acesso a seu banco de dados de mercadorias e a meios de pagamentos para funcionar com qualidade num momento de instabilidade de conexão”.
Além de suporte a vários tipos de conexão, é fundamental que um projeto de SD-WAN inclua segurança, controle centralizado e provisionamento zero-touch, bem como ferramentas de visibilidade da rede, automação de serviços e otimização da WAN. “A Logicalis desenvolve projetos de acordo com a necessidade de cada cliente, entregando a melhor composição de soluções para cada negócio. Oferecemos consultoria, implantação, manutenção e operação da rede”, completa Larisse.
Alexandre Nakano, diretor de IoT da Ingram Micro Brasil, distribuidora de soluções de tecnologia, recomenda que a equipe de TI faça um teste na infraestrutura de rede para saber se há necessidade de um upgrade ou mesmo a redução de contrato da plataforma. “Para que a implantação tenha sucesso é importante saber se vale a pena contratar um serviço de TI e, claro, treinar a equipe”.
Segundo ele, a SD-WAN simplifica a implementação e suporte a filiais e unidades regionais em qualquer lugar, abrindo caminho para que os provedores de serviços ofereçam mais agilidade, cobertura e retorno ao cliente. “É possível obter redução de custo e mais desempenho em determinadas aplicações. A grande mudança é que o cliente terá uma ideia mais clara de como a sua banda larga está trabalhando e o que exatamente o provedor está oferecendo”.
Mas todo esse processo passa por analisar as condições técnicas, identificar as áreas que exigem atualizações e preparar a rede para novos recursos digitais. “O ideal é ter uma visão geral da arquitetura e da estratégia de migração de ponta a ponta, alinhando os requisitos comerciais à estratégia de TI”, completa.
A Ingram Micro é um distribuidor autorizado das principais soluções de SD-WAN do mercado. Além de produtos e soluções, seus serviços incluem recursos de logística e de mobilidade, suporte profissional técnico, soluções financeiras e auxílio na mudança de todo o mindset do cliente.
A Cisco, fornecedora de soluções de redes e TI, está trabalhando em diversos projetos SD-WAN no Brasil. Segundo Marcelo Moreira, gerente de engenharia da companhia para a América Latina, os setores que mais demandam a tecnologia são o financeiro e varejo. “São mercados muito impactados pela transformação digital e com redes de alta capilaridade. Outros segmentos, como saúde e transporte, também começam a enxergar a SD-WAN como uma oportunidade de melhorar a eficiência de seus processos de negócios”.
A companhia tem mais de 14 mil clientes de SD-WAN em todo o mundo. Suas soluções são gerenciadas na nuvem, com provisionamento zero- touch e recursos de segurança integrados, como firewall, IPS e filtro URL.
Segundo Moreira, o sucesso de um projeto de SD-WAN depende da decisão do cliente de como ele irá adotar a tecnologia, se a implantação e operação será feita em casa ou terceirizada como um serviço gerenciado de uma operadora ou integrador de serviços. “É preciso definir bem os casos de uso e motivações, como a demanda crescente de banda, migração das aplicações para a nuvem, redução de custos, com o modelo de execução”.
A GDN Tecnologia, provedora de serviços na nuvem, possui uma plataforma multitenant própria baseada na tecnologia SDN/SD-WAN, da Nuage Networks (Nokia), oferecendo conectividade SD-WAN as a service. “Nossa perspectiva para este mercado é bastante promissora, já que a tecnologia se aplica a toda empresa que possui uma rede de longa distância, desde pequenas e médias até as grandes corporações, não se restringindo apenas a usuários de MPLS. Estamos desenvolvendo parcerias com grandes operadoras para a oferta da solução”, comenta Mario Pires, executivo da companhia.
A GDN ainda desenvolve soluções on premisses com a implantação do sistema da Nuage no ambiente do cliente, não só para demandas SD-WAN, mas também para SD-DC e SDN para data centers. “As soluções da Nuage atendem demandas de SDN aplicadas ao data center e à WAN de forma integrada”.
O executivo destaca que a SD-WAN, ao estabelecer uma rede overlay com a abstração da rede física (underlay), abre um universo de possibilidades, que não só permite a coexistência integrada de links de características distintas, como traz maior controle do comportamento de tráfego, aplicação a uma infinidade de políticas que organizam as diversas demandas e prioridades e segurança nativa com túneis dinâmicos criptografados, Internet break-out (tráfegos de filiais direcionados à Internet ou outras filiais podem sair diretamente e com segurança), além de maior capacidade total com balanceamento de carga baseado em políticas, microssegmentação e possibilidade de adição de serviços por meio de VNFs – Virtual Network Functions. “A solução também possui mecanismos de visibilidade e relatórios que ajudam de forma consistente no gerenciamento e controle da rede”.
Operadoras preparam suas redes para a SD-WAN
A Embratel iniciou o seu projeto de SD-WAN em 2016. Hoje, a tecnologia já faz parte de seu portfólio de produtos. Para Alexandre Gomes, diretor de marketing da Embratel, a SD-WAN vai muito além da formação de rede, possibilitando uma evolução para as empresas agregarem valor ao seu negócio. “É uma tecnologia OTT – Over the top, agnóstica a acesso e que permite aos usuários trazerem o seu legado de links para compô-la. Logo, é mais custo-efetiva e de rápida ativação, com escalabilidade para serviços na cloud, como SaaS e IaaS”.
Segundo o executivo, a Embratel adotou uma solução dedicada para a entrega de serviços SD-WAN, com redes com múltiplos acessos e WANs, balanceamento de aplicação, agregação de tráfego, segurança e Wi-Fi. “Temos rede uma totalmente adequada ao ecossistema digital de aplicações, com operação, manutenção e recuperação ágeis e simples e um portal com interface gráfica para a melhor gestão da solução”.
A Orange Business Services também já está preparada para a oferta de serviços SD-WAN. Seu público-alvo são empresas multinacionais e de grande porte, que precisam de uma rede ágil, segura e flexível para atender às demandas do negócio e suportar a transformação digital. Um dos seus clientes é a Siemens, um projeto de transformação de rede que inclui mais de 1500 localidades em todo o mundo. “Acreditamos que até 2020 pelo menos 50% dos dispositivos de borda da WAN serão atualizados com dispositivos SD-WAN”, comenta Felipe Stutz, diretor de soluções para América Latina da Orange Business Services.
Na avaliação do diretor, o principal desafio da tecnologia é integrar as plataformas com os sistemas legados. “Apesar de termos uma facilidade muito grande na integração do conceito de zero-touch, é preciso avaliar a integração de maneira criteriosa para evitar impactos no funcionamento da rede existente”, diz, o executivo, acrescentando que é imprescindível que as plataformas de SD-WAN estejam totalmente integradas às soluções de segurança e serviços na nuvem. “Esse é um aspecto que merece muita atenção das equipes de TI e de fornecedores da solução. A Orange tem trazido grande valor aos clientes com uma abordagem consultiva, implementando pilotos e avaliando todos esses pontos de acordo com a necessidade de cada cliente”.
A Orange oferece a solução SD-WAN nas modalidades Opex ou SaaS – software como serviço, ou seja, os clientes não precisam investir na aquisição dos equipamentos e licenças. Também é possível adquirir os equipamentos, com serviços opcionais. “A SD-WAN abre a possibilidade de integrar novos meios de conectividade na empresa e também de viabilizar a migração de serviços na nuvem de maneira segura. É possível usar redes públicas Internet e privada MPLS de forma simultânea, buscando o melhor uso dos diferentes meios. Os clientes ainda podem decidir manter parte do tráfego crítico ao negócio no MPLS, tendo maior garantia de desempenho e disponibilidade”.