O trabalho além do escritório flexível
A transformação digital nas empresas foi ampliada pela crise sanitária mundial e pela necessidade de ter a informação certa, no momento certo, para a pessoa certa, independentemente do meio utilizado.
Sinclair Fidelis, country manager da Alcatel-Lucent Enterprise no Brasil
A quarta revolução industrial proporcionou o crescimento da banda larga e dos serviços em nuvem, além da velocidade das telecomunicações, como comunicação nativa (omnichannel) e não mais realizada apenas entre pessoas, mas também entre aplicações e objetos conectados (IoT – Internet das coisas). Não estaríamos nesse patamar se não fosse pela terceira revolução industrial nos anos 1980, que nos apresentou a telefonia móvel e a agilidade dos satélites. A experiência, e a necessidade, da mobilidade impulsionou positivamente a adoção das novas tecnologias, o que deu início à verdadeira transformação digital que estamos presenciando.
No campo empresarial, esta transformação digital foi ampliada pela crise sanitária mundial e pela necessidade de ter a informação certa, no momento certo, para a pessoa certa, independentemente do meio utilizado.
Local de trabalho digital
A transformação digital tem sido impulsionada pelos próprios usuários e pela geração de nativos digitais, nascidos em um mundo com dispositivos conectados. Em particular, a Geração Y tem sido o instigador de muitas mudanças na forma como as ferramentas são utilizadas e na forma como as empresas se comunicam. Assim, o conceito de BYOD – Bring Your Own Device abriu o caminho para a aceitação de dispositivos portáteis em empresas, como os smartphones, a fim de os colaboradores ganharem mobilidade e capacidade de trabalhar em qualquer lugar.
A multiplicação de objetos conectados, que podem ser usados no local ou remotamente, é também um aspecto chave da transformação digital, abordando o problema da comunicação e transmissão de dados em tempo real.
Desde o momento que o mundo todo se via à frente de uma crise no setor da saúde, as empresas começaram a repensar o trabalho além do escritório flexível, trazendo-o para a era das comunicações digitais. O escritório digital é adaptado a todas as novas formas de comunicação, mais ágil, mais personalizável e também acessível a partir de qualquer lugar ou dispositivo. Entretanto, é importante respeitar as limitações, incluindo o tempo de conexão dos usuários finais, com o risco de criar frustração entre funcionários ou clientes.
O advento de tecnologias de alta velocidade como 5G ou Wi-Fi 6 torna fácil captura e transmissão de dados em tempo real e o seu processamento e análise com a potência e a velocidade da rede central, enquanto a acessibilidade da nuvem torna os dados disponíveis em qualquer ponto. A adoção acelerada destas tecnologias cria um grande desafio para as empresas: estarem equipadas para enfrentar a transformação digital de forma autônoma e implementarem efetivamente a comunicação em tempo real em todo o seu ecossistema digital.
Conectar todos os ativos da empresa
À medida que as comunicações e a colaboração em tempo real se tornam rapidamente difundidas, elas também se tornam o coração dos desafios de desempenho das empresas. Entretanto, não existe um esquema único para migrar de um modelo tradicional para a era digital, uma vez que cada empresa deve adaptar suas soluções de comunicação a partir de um ecossistema existente.
Da mesma forma que um funcionário, as aplicações e os objetos conectados devem agora ser considerados como ativos da empresa. Embora aplicações e objetos conectados respondam a uma função simples e automatizada, a comunicação na era digital tornará possível que pessoas e aplicações interajam entre si, com dados coletados e processados por máquinas, independentemente da localização e do dispositivo utilizado. O objetivo é, através da organização desses elementos e da automação nos processos comerciais, otimizar o desempenho de todo o sistema para oferecer uma experiência de comunicação em tempo real sem latência, que seja colaborativa e segura, para processar os dados ou informações necessárias no momento certo.
Essa transformação digital está acontecendo passo a passo: primeiro adotando um modelo mais flexível para migrar para um local de trabalho digital, depois repensando as comunicações para colocá-las no centro dos processos de negócios.
Segurança como ponto central
O momento de definição do novo local de trabalho digital faz com que o planejamento com a Segurança e os Dados sejam cada vez mais críticos para a companhia. No que se refere aos dados, o Brasil possui uma das melhores e mais bem elaboradas legislações sobre a Proteção de Dados de todo o mundo – a, Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD – Lei nº 13.709/2018) que altera os marcos 7º e 16º do Marco Civil da Internet. A legislação se fundamenta em diversos valores, como o respeito à privacidade; a autodeterminação informativa; a inviolabilidade da intimidade, da honra e da imagem; os direitos humanos e o exercício da cidadania pelas pessoas naturais. Apesar de todo o benefício e zelo imposto pela legislação, cumprir essas normas não se dá de forma automática, requer análise e adaptação à legislação, o que demandará um engajamento de todo o corpo executivo.
Já em relação à segurança, desde o início da crise sanitária tivemos um aumento de 300% nos ciberataques, incluindo-se as tentativas de penetração nos sistemas (bloqueio de dados, bloqueio de sistemas, ataque DDoS etc.), fazendo com que alguns ataques tenham atraído bastante atenção da mídia pelo montante dos resgates solicitados.
Portanto, prevenção para este caso é algo obrigatório para todas as companhias, e se tornou a pauta da vez na maior parte das reuniões de conselhos. E quando falamos em serviços de segurança em telecomunicações, analisamos itens como autenticação, confidencialidade, integridade, não repúdio da informação transferida, marcação de horário de mensagem, controle de acesso etc.
Gerenciar as identidades com segurança
Uma solução robusta, quando tratamos de serviços de autenticação, inclui a privacidade por meio da criptografia dos dados com uma rede compatível com MACsec para ajudar a eliminar ataques “man-in-the-middle”, bem como outros possíveis ataques de Não Repudio de Informação Transferida. O meio mais eficaz para termos este controle são ferramentas de Gerenciamento de Identidade incorporadas às ferramentas de Gerenciamento da Plataforma, como é o caso das soluções que contam com recursos de Unified Policy Authentication Management (UPAM), Universal Network Profile (UNP) e Intelligent Fabric.
A microssegmentação em toda a rede funciona de forma transparente entre a LAN e a WLAN, enquanto é provisionada por um sistema de gerenciamento de rede através de seu conjunto de ferramentas embutidas que inclui um servidor RADIUS interno no aplicativo Unified Policy Access Manager ou simplesmente conhecido como UPAM. Na solução de UNP, os usuários, os dispositivos e o IoT podem se conectar à rede LAN e/ou WLAN com uma experiência de conexão consistente e capacidade de desempenho, e passar de LAN fixa para WLAN móvel com o mesmo dispositivo de uma forma simples e segura. Por sua vez, o Intelligent Fabric é uma solução que ao ser implantada no core da rede, permite soluções como Chassi Virtual, LinkAgg (LACP), Auto-SPB, Protocolo de Registro VLAN Múltiplo etc.
Atualmente, a questão não é integrar-se à era digital por meio da implementação de um local de trabalho digital, mas como fazê-lo com segurança. Mais de 18 meses de crise na saúde destacaram a necessidade de empresas e organizações migrarem para um ambiente digital que lhes permita comunicar-se em tempo real, com pessoas e dispositivos, não importa onde estejam. Este é o objetivo, este é o futuro para o qual estamos trabalhando e, com a transformação digital alcançaremos uma forma segura para as pessoas e para as companhias.