Orquestração e automação
Mario Pires de Almeida Filho, da GDN Tecnologia
A questão do gerenciamento de recursos de rede sempre foi um ponto de eterna discussão. Isso porque as ferramentas tradicionais vem evoluindo desde os anos 90 para funções voltadas muito mais ao gerenciamento de configuração, monitoramento e alertas do que a operação de serviços automatizados.
Elas se concentram em tecnologia específica e possuem os seus próprios conjuntos de recursos e ferramentas proprietárias ou abertas para modelar a configuração de infraestrutura e demais recursos como aplicações e dispositivos. O mercado oferece uma infinidade de opções, incluindo gratuitas, que performam de maneira bastante eficiente essas demandas.
O modelo operacional de entrega e consumo de recursos de TI promovido pela virtualização e a computação em nuvem trouxe uma nova abordagem ao que conhecemos como gerenciamento de rede, ou, mais precisamente, o gerenciamento de recursos de infraestrutura de TI. Isso porque, com a virtualização, inclusive de infraestrutura com o SDN- redes definidas por software, multiplicou-se a quantidade de funções e complexidade, demandando a necessidade de se ter plataformas de orquestração e automação capazes de abranger essa nova infinidade de elementos de infraestrutura, aplicações e informações, como coletas analíticas, métricas, políticas e ações direcionadas para a obtenção dos serviços de TI de forma mais amigável, controlada e automática.
As ferramentas de orquestração possuem visibilidade de todo e qualquer tipo de recurso disponível, e isso é totalmente aderente ao cenário de virtualização e sistemas em nuvem, uma vez que esses sistemas apresentam a abstração e a multiplicidade de interfaces. Mas mesmo para os sistemas legados e que não sejam baseados em nuvem, os orquestradores possibilitam a formação de serviços em ambientes heterogêneos. Todos os ambientes, dos mais simples aos mais complexos, apresentam ganhos com a utilização de ferramentas de orquestração.
Entendemos, então, que a orquestração é um modelo operacional, o processo de projetar, fornecer e operar serviços de TI de ponta a ponta de forma automatizada, conectando elementos e processos para que tudo funcione usando uma linguagem abstrata que descreve o serviço orquestrado.
De fato, a camada de abstração é a chave da eficiência dos orquestradores, assim como a abstração é a chave para a eficiência de um sistema SDN idealizar os recursos de rede em múltiplas camadas de overlays.
Existem muitas ferramentas de automação e orquestração e, em geral, elas se aplicam a usos mais setorizados, como, por exemplo, os recursos de armazenamento, computação e rede, como OpenStack e CloudStack, ferramentas de orquestração e automação do ambiente de redes e SDN, como OpenDayLight, Nuage e Contrail, e orquestração e automação de aplicações e “containers”, como Ansible, Puppet, Chef, Docker e Kubernetes. Algumas são mais voltadas ao ambiente de desenvolvimento, outras a operações ou ao time de infraestrutura.
Para uma melhor utilização das ferramentas de automação e orquestração é importante que a sua empresa realize um estudo adequado, incluindo todas as áreas envolvidas, como a de desenvolvimento e de operações, para que em conjunto definam um ambiente eficiente e produtivo, baseado nas culturas DevOps e agile.
Tudo deve ser aplicado de forma integrada e eficiente, principalmente, porque nesse cenário é preciso mudar e operar de maneira diferente, começando com o modelo como projetamos e operamos os serviços, as habilidades necessárias, as metodologias utilizadas e, claro, as ferramentas de automação e orquestração empregadas.
É executivo da GDN Tecnologia, uma cloud services provider e integradora especializada em SDN e SD-WAN. O executivo atua nas áreas de pré-vendas e marketing de produto. Com formação em telecomunicações, tecnologia da informação e marketing estratégico, Mário Pires tem mais de 36 anos de experiência no mercado, trabalhando em empresas como Embratel, Cabletron/Enterasys, Medidata, Mtel, Innovo e 9Net.