Orçamento de potência – O que é e como calcular
Ronaldo Couto, Fundador da Primori
Na elaboração de um projeto de rede FTTx é imprescindível conhecermos qual o orçamento de potência dos equipamentos que pensamos em utilizar.
Como sabemos, o sinal óptico transmitido por OLT é atenuado ao longo do enlace devido a perdas causadas por emendas, conectores ópticos, splitters e até mesmo pela fibra óptica.
Um bom projeto considera uma topologia onde a somatória destas perdas não ultrapasse o máximo permitido pelo conjunto OLT e ONU.
Para calcular a perda total do enlace elaboramos um diagrama unifilar da rede. Este diagrama tem por objetivo mostrar de forma clara todas as perdas que o sinal da OLT sofrerá até chegar a uma ONU. E, obviamente, vale o mesmo para o sinal da ONU que segue para a OLT.
Abaixo um exemplo de um diagrama unifilar.
Como base num diagrama unifilar determinaremos a perda projetada na rede FTTx. No entanto, precisamos verificar qual é a máxima perda que o conjunto OLT e ONU pode suportar. Ou seja, com quantos dBs podemos projetar a rede?
A resposta como sempre é depende! Depende da potência de transmissão e sensibilidade dos transceptores ópticos (GBICs) utilizados na OLT e ONU.
O orçamento de potência de downstream é dado pela diferença entre a potência de transmissão da OLT e sensibilidade da ONU. Já o de upstream é realizado pela diferença entre a potência de transmissão da ONU e sensibilidade da OLT.
Um exemplo, considerando GBICs típicos usados numa OLT e ONU classe B+:
Dados da OLT | Dados da ONU |
Ptx OLT = 1,5 dBm (mínima) | Sens OLT: -28 dBm |
Ptx ONU = 0,5 dBm (mínima) | Sens ONU: -27 dBm |
Orçamento de Potência Downstrean | Orçamento de Potência Upstrean |
OPds = Ptx OLT – Sens ONU | OPus = Ptx ONU – Sens OLT |
OPds = 1,5 – (-27) | OPus = 0,5 – (-28) |
OPds = 28,5 dB | OPus = 28,5 dB |
Assim, para GBICs classe B+ típico podemos projetar a rede até a perda máxima de 28,5 dB.
Agora é com você, cheque as especificações de seu equipamento e faça os cálculos acima.
Bom projeto!
Atua há 25 anos nos mercados de telecomunicações e de redes de fibras ópticas. É graduado em Engenharia de telecomunicações pelo Inatel – Instituto Nacional de Telecomunicações e MBA Executivo pelo Insper–SP. Foi executivo da AGC NetTest para projetos, implantação, operação e manutenção de redes de fibras ópticas. Atuou pela UL – Underwriters Laboratories e DQS Deutsche Gesellschaft zur Zertifizierung von Managementsystemen e na área de exportação para a América Latina pela Metrocable, fabricante de cabos ópticos. Em janeiro de 2020 fundou, em conjunto com Rogério Couto, a PROISP, uma empresa de consultoria e qualificação profissional que, além de trazer os conteúdos que fizeram seu sucesso, agrega agora módulos inéditos de treinamentos, como comunicação, finanças, DWDM, recursos humanos e suprimentos cobrindo todas as áreas fundamentais para a operação de uma empresa de Internet.