Petrobras usa inteligência artificial em operações offshore
Redação, Infra News Telecom
Com o objetivo de ampliar a segurança de seus trabalhadores, a Petrobras implantou um sistema de inteligência artificial da Microsoft. A tecnologia é usada para analisar as imagens de tarefas de campo com foco em segurança, meio ambiente e saúde, detectando desvios e incidentes, como o uso incorreto de EPI – Equipamento de Proteção Individual, posicionamento inseguro com relação à carga, obstrução de rotas de fuga e acesso a ambientes restritos. “Com esta inovação, propiciamos um ambiente industrial mais seguro, com menor número de acidentes e garantia de continuidade operacional e maior produtividade”, completa o diretor de transformação digital e inovação da Petrobras, Nicolás Simone.
Hardy Pereira Pinto, consultor do Cenpes – Centro de Pesquisas da Petrobras e um dos criadores da solução, explica que o sistema foi treinado, por meio de algoritmos, a identificar automaticamente riscos de segurança operacional nas imagens gravadas por câmeras de alta resolução. “As imagens que representam indicações de risco ou de situações normais são apresentadas ao sistema de inteligência artificial da Microsoft, que aprende a reconhecê-las e distingui-las”, acrescenta.
Para isso, é necessária uma grande quantidade de imagens armazenadas, com uma variedade de situações em horários distintos (dia e noite), iluminação e pessoas diferentes. Percebida a ameaça, o sistema alerta sobre o risco de forma imediata, de forma mais ágil e eficaz. “Em seguida, espera-se uma ação proativa para mitigação desses riscos e consequente redução do número de incidentes e acidentes. A tecnologia atua 24 horas por dia, sete dias por semana”, diz o pesquisador.
A solução está ligada à área de visão computacional, quando softwares aprendem a interpretar imagens. A análise das imagens permite a geração de informações e dados estatísticos que podem auxiliar no direcionamento de treinamentos de acordo com as variáveis mais frequentes (horários e locais de maior ameaça, por exemplo), reduzindo o tempo de exposição do trabalhador a riscos.
Em setembro último foi finalizada a primeira fase da implantação da solução, com a ativação do sistema no navio-sonda NS-38. Atualmente, a solução gera alertas de risco ao identificar acesso às zonas restritas e o uso inadequado de equipamentos de segurança, beneficiando cerca de 180 trabalhadores embarcados e um total de 300 pessoas, quando somadas as pessoas que circulam no local.
“Este é um exemplo de como soluções com inteligência artificial podem impactar positivamente não só o negócio, como também zelar pelo bem-estar dos colaboradores”, comenta Luiz Pires, diretor do ATL – Laboratório de Tecnologia Avançada da Microsoft Brasil.
Ainda em fase de coleta de imagens para treinar a inteligência artificial, a identificação e geração de alertas sobre posicionamentos seguros de cargas será adicionada nas próximas fases do projeto. Além disso, a ideia é expandir a tecnologia para outros navios-sonda e operações offshore. “O escopo inicial era restrito a ambientes em sondas marítimas, mas, com o objetivo de aumentar a abrangência, o projeto incorporou a monitoração de uma oficina em Macaé, no Rio de Janeiro, e de embarcações de apoio. Para o futuro, queremos aumentar a abrangência para qualquer unidade operacional da Petrobras com riscos ocupacionais que exijam monitoração, como plataformas, plantas do refino e ambientes de construção e montagem”, finaliza Hardy.