PoP inteligente otimiza serviços e abre novas oportunidades de negócios
Neste artigo, o autor explora como a implantação de data centers nos pontos de presença torna os provedores de Internet mais competitivos, e como essa abordagem pode ser implementada de forma inteligente, alinhada com as necessidades do mercado e em conformidade com normas internacionais.
Marcelo Rezende, COO da WDC Networks
É fato que a conectividade se tornou essencial na vida cotidiana e a garantia de acesso confiável à Internet não é mais diferencial para quem provê o serviço, mas entrega mandatória para sobrevivência do provedor num mercado que passa a exigir excelência na qualidade do sinal e serviços de valor agregado, que entreguem a melhor experiência ao usuário. Neste artigo, explorarei como a implantação de data centers nos pontos de presença (PoPs) torna provedores de Internet mais competitivos, e como essa abordagem pode ser implementada de forma inteligente, alinhada com as necessidades do mercado e em conformidade com normas internacionais.
Contar com uma infraestrutura que inclui armazenamento e processamento de dados em seus pontos de presença faz com que o ISP deixe de ser um simples hub de conectividade para se tornar um provedor de serviços com inteligência de negócios. Além de otimizar a operação, um centro de dados profissional integrado ao PoP ajuda a diversificar o portfólio de ofertas, aumentando o ticket médio e fidelizando clientes (tratamos dessa tendência em artigo anterior).
Mais do que executar apenas o transporte dos dados, PoPs inteligentes melhoram exponencialmente a qualidade do serviço entregue ao usuário final, colocando o conteúdo mais próximo dos dispositivos, com mais estabilidade e melhor desempenho – condição sine qua non para aplicações que demandam grandes volumes de dados, como jogos em 3D, streaming, e aplicativos inteligentes, por exemplo. Essa experiência aprimorada faz toda diferença na escolha do usuário pela contratação de um provedor.
Do outro lado do balcão, os provedores de Internet acumulam vastas quantidades de informações, desde cadastro de clientes aos registros de tráfego de rede, configurações de roteadores, etc. Nos servidores do datacenter esses dados não só são armazenados de maneira segura e acessível, como processados para simplificar e automatizar tarefas que vão do CRM ao roteamento de tráfego e otimização da rede.
Eficiência energética e sustentabilidade
Além de agregar resiliência ao ponto de presença, a capacidade de armazenar e processar dados permite ao ISP integrar-se a outros provedores ou a CDNs – redes de distribuição de conteúdo. Ao receber o conteúdo localmente, as latências diminuem, as solicitações de usuários são mais rapidamente respondidas e o consumo de banda é minimizado, resultando em mais eficiência energética.
Vale ressaltar que eficiência energética reflete diretamente no faturamento. Quando o desperdício de energia é menor, menos calor é gerado e a necessidades de resfriamento – outro vilão no consumo de energia – diminui. Mas, mais do que reduzir custos operacionais, ISPs que alcançam eficiência energética se aproximam das métricas de ESG – Environmemnt Social and Governance, minimizando impactos ambientais e a emissão de carbono.
Em última análise, os data centers são a espinha dorsal dos provedores de internet atualizados com o mercado e a evolução dos pontos de presença para Smart PoPs impulsiona a qualidade dos serviços ao usuário final, a eficiência energética e a competitividade do setor. À medida que o uso da Internet cresce e evolui para IoT, OT, inteligência artificial e machine learning, os provedores precisam de flexibilidade para atender à demanda. Nesse sentido, os datacenters são escaláveis, permitindo acrescentar novos servidores e infraestrutura de rede para suportar mais usuários, tráfego e serviços sem a interrupção do sinal.
Vale acrescentar que a Edge Computing (computação de borda) vem acompanhada pela tendência dos edge data centers. Isso significa que, em vez de depender exclusivamente de datacenters centralizados, o poder computacional e a capacidade de processamento são distribuídas para a borda mais próxima dos pontos de origem/dispositivos, encurtando o caminho dos dados.
Uma arquitetura de dados bem planejada ainda abre espaço para a diversificação das receitas, possibilitando a oferta de serviços de valor agregado (SVA), como colocation – que envolve a locação de espaço físico em um datacenter, permitindo que empresas hospedem seus próprios servidores em um ambiente seguro e controlado – e espaço em cloud, onde clientes implementam e dimensionam seus aplicativos sem a necessidade de investimentos em infraestrutura física própria.
Apoio consultivo e normas internacionais
Não podemos deixar de mencionar que datacenters são instalações complexas que abrigam servidores, roteadores, switches e equipamentos de armazenamento funcionando em sincronia para gerenciar e entregar uma variedade de serviços digitais. Existem normas internacionais adotadas no Brasil que classificam os datacenters em quatro níveis de resiliência. A ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, tem um comitê ativo, CE21, que está escrevendo a norma Brasileira de Datacenters. A primeira parte da norma Brasileira de data centers, que é a ABNT IEC 22237-1, já está publicada no catálogo da ABNT. Até o final de 2023, devem estar publicadas as partes ABNT IEC 22237-3 e ABNT IEC 22237-4 e até o final de 2024, as partes 2, 5 e 6.
O data center ideal para provedores de internet precisa ser compatível com o Tier III (padrão definida pelo Uptime Institute Professional Services, adotado desde meados da década de 1990 e aceita em mais de 40 países). Importante contar um projetista experiente e alinhado com as normas e melhores práticas mundiais para a construção de um datacenter aderente ao plano de negócios com a melhor relação custo-eficiência.