Precisamos falar sobre a indústria 4.0
Prof.ª e Dra. Alessandra Montini
Muitas vezes, mal percebemos como a inteligência artificial nos acompanha em nosso dia a dia e está nos mais diversos segmentos industriais, agrícolas e em diversos setores da nossa sociedade. Para se ter uma ideia, aqui no Brasil, uma pesquisa de dados da empresa Locomotiva apontou que nove em cada dez brasileiros se dizem satisfeitos com as praticidades proporcionadas pelos algoritmos.
Tais benefícios vêm de diversos aplicativos, como aqueles que nos ajudam a fazer compras, realizar diversas transações bancárias e trabalhar de casa; também não poderia faltar as assistentes virtuais que controlam muitos de nossos equipamentos.
No entanto, o potencial que a IA e o machine learning têm na indústria 4.0 vai muito além de tudo isso que é usado para o consumidor final. A partir de uma boa quantidade de dados, a tecnologia é capaz de ajudar na tomada de decisão sem necessitar da intervenção humana. Isso favorece empresas de diversas áreas a produzir produtos mais rápidos, identificar, de maneira veloz, falhas e erros em determinados serviços e até mesmo ajudar no diagnóstico preciso de várias doenças no ramo da saúde.
Isso porque a tecnologia tem o poder de auto-otimizar a partir das experiências já utilizadas, sem o intermédio de um humano. É claro que quando olhamos para o cenário de crise atual, onde 14 milhões de trabalhadores estão sem emprego, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua), divulgada pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a pergunta que fica é: a IA vai tomar os empregos na Indústria 4.0?
Na verdade, dados do Relatório do Fórum Econômico Mundial estimam a criação de 97 milhões de empregos com o avanço da IA. Além disso, um estudo da Microsoft aponta que o PIB brasileiro pode aumentar em 7% até 2030 com a ampliação do uso dessas tecnologias.
Portanto, a IA vem para aperfeiçoar o trabalho e a mão de obra do que substitui-los. Afinal, segundo dados de 2018 apresentados pela ABDI – Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, menos de 2% das organizações do país estão verdadeiramente imersas nisso de maneira prática.
A mesma entidade aponta que a aderência à indústria 4.0 deverá acontecer de maneira gradual. Estima-se que, em 10 anos, 15% das empresas do setor de manufatura já tenham esse conceito inserido em suas atividades.
O que esperar desse movimento
O Brasil ainda anda a passos lentos quando o assunto é indústria 4.0, mas estamos caminhando. Algumas empresas ainda insistem em apostar em recursos pouco tecnológicos e que demandam tempo. É claro que a pandemia da Covid-19 vem acelerando esse processo e mostrando que a tecnologia deve ser primordial em qualquer companhia, seja ela pequena, média ou grande.
Assim, aos poucos as empresas vão se adequando na Indústria 4.0. Tudo indica que em um futuro não muito distante, esse movimento se tornará muito mais presente no mundo dos negócios, onde pessoas e máquinas irão operar de mãos dadas.
Diretora do LABDATA-FIA, apaixonada por dados e pela arte de lecionar, Alessandra Montini tem muito orgulho de ter criado na FIA cinco laboratórios para as aulas de Big Data e inteligência Artificial. Possui mais de 20 anos de trajetória nas áreas de Data Mining, Big Data, Inteligência Artificial e Analytics.
Cientista de dados com carreira realizada na Universidade de São Paulo, Alessandra é graduada e mestra em estatística aplicada pelo IME-USP e doutora pela FEA-USP. Com muita dedicação, a profissional chegou ao cargo de professora e pesquisadora na FEA-USP, e já ganhou mais de 30 prêmios de excelência acadêmica pela FEA-USP e mais de 30 prêmios de excelência acadêmica como professora dos cursos de MBA da FIA. Orienta alunos de mestrado e de doutorado na FEA-USP. Membro do Conselho Curador da FIA, é coordenadora de grupos de pesquisa no CNPq, parecerista da FAPESP e colunista de grandes portais de tecnologia.