Previsões para o mercado de redes ópticas na América Latina e Caribe
Entre as tendências para 2021 estão as redes ópticas abertas e desagregadas. Essas tecnologias permitem isolar partes de uma solução de rede para acelerar a inovação e otimizar a economia.
Andres Madero, CTO da América Latina e Caribe da Infinera
O ano de 2020 foi certamente de mudanças, não apenas em nossas vidas pessoais, mas na forma como nos conectamos uns com os outros e nas redes em que confiamos para fornecer essa conectividade. Com o fim deste ano desafiador, aqui estão algumas tendências em redes ópticas que esperamos para 2021.
A Covid-19 trará impactos duradouros no consumo de largura de banda e, embora esperamos que a pandemia termine em 2021, ela deixará algumas marcas em nossas vidas profissionais e nas redes de telecom. Um dos maiores impactos é a ascensão do trabalhador remoto. Com tantas pessoas trabalhando remotamente com sucesso, as empresas tiveram um lugar na primeira fila para uma experiência global de força de trabalho.
Companhias como o Twitter anunciaram que os seus funcionários poderão trabalhar de casa “para sempre“. É claro que nem todo trabalho é perfeito para ser executado de casa. O Facebook estima que metade de seus profissionais continuará a trabalhar remotamente nos próximos cinco a dez anos. Em setembro de 2020, o Google anunciou que pretende experimentar o trabalho “híbrido”. Tudo isso para dizer que um dos impactos duradouros da Covid-19 será o aumento de flexibilidade para muitos profissionais, com o local de trabalho definido mais pelo acesso a ferramentas (por exemplo, um laptop) e conectividade de rede do que por um espaço físico.
Este comportamento também tem sido observado em muitas empresas da América Latina que experimentaram os benefícios potenciais de uma força de trabalho remota para ambientes de escritório. Esta “nova norma” trouxe mudança nas demandas de largura de banda por meio das redes, forçando os prestadores de serviço a rearquitetar seus projetos de rede e crescimento.
A era da abertura e da desagregação
Com o anúncio das operadoras Tier 1 da América Latina de adotar um modelo desagregado, a tendência se tornou muito mais clara para um cenário de pandemia de 2021. O ano de 2020 forçou uma aceleração na transformação digital na região, o que posteriormente desencadeou a necessidade dos prestadores de serviços de se tornarem mais eficientes e inovarem em suas redes.
As operadoras da região CALA (Caribe e América Latina) expressaram uma clara necessidade de separar as funções do que a infraestrutura pretende alcançar, a fim de atingir um grau mais alto de especialização e traçar um ecossistema de serviços mais convergentes.
Soluções de rede altamente integradas, como roteadores e equipamentos de transporte óptico de pacotes, onde um único fornecedor oferece todo o hardware e o software integrado, têm sido a norma e servido bem ao nosso setor. No entanto, tais soluções podem limitar o ritmo de inovação e escolha dos prestadores de serviços.
Ao desagregar e utilizar interfaces abertas bem definidas, como OpenConfig e Open ROADM, é possível isolar partes de uma solução de rede para acelerar a inovação, permitir mais opções e otimizar a economia. Como exemplo, os prestadores de serviços que estão atualizando suas redes de transporte 5G estão cada vez mais interessados em soluções de roteamento desagregadas, como o Gateway Desagregado de Site de Células (DCSG) do Projeto Telecom Infra, onde a pilha de software IP/MPLS está desassociada do hardware de “caixa branca” subjacente.
Também estamos vendo o surgimento de redes ópticas abertas, onde os módulos transponder/muxponder alimentados por dispositivos ópticos de próxima geração são desagregados do sistema de linha óptica subjacente. Rede óptica aberta significa que o ritmo da inovação do dispositivo óptico e a funcionalidade do transponder/muxponder associada podem ser acelerados, permitindo ao mesmo tempo uma implantação mais ampla no setor, já que estes módulos podem ser executados sobre o sistema de linha óptica de qualquer fornecedor. Esperamos que o ano de 2021 seja um ponto de inflexão nas atitudes dos prestadores de serviços, onde a abertura e a desagregação se tornem a norma em vez da exceção.
DWDM coerente de 800G entra em evidência
As implementações das soluções ópticas de multiplexação por divisão densa de comprimentos de onda (DWDM) coerentes de quinta geração de 800 G vão aumentar em 2021. É sabedoria convencional que a taxa de cada geração sucessiva de tecnologia DWDM coerente é limitada a um alcance de 100 a 200 quilômetros. No entanto, a tecnologia de quinta geração está mudando o jogo. A transmissão de 800 Gb/s de comprimento de onda foi demonstrada em redes de prestadores de serviços em operação, incluindo 950 km em uma grande operadora norte-americana, 730 km na rede da Windstream e mais de 670 km na rede da Verizon. As tecnologias subjacentes, como taxas de símbolos de 96 GBaud, subportadoras digitais de terceira geração e modelagem de constelação probabilística de palavras-código longas, estão permitindo um desempenho drasticamente superior em relação às gerações anteriores de 800 G, mas também de 600 e 400 G. A habilidade de fornecer maior capacidade por fibra com menos comprimentos de onda e equipamentos cria um benefício econômico atraente para a adoção coerente da quinta geração. 2021 é o ano da implantação das redes de 800G da quinta geração.
Ópticas plugáveis multiponto emergem do laboratório
À medida que a indústria das redes ópticas continua a miniaturizar e otimizar a embalagem e a energia, estão surgindo os módulos DWDM plugáveis coerentes, que podem ser conectados diretamente a uma infraestrutura de rede, como equipamentos de transporte óptico e switches e roteadores. Embora sejam benéficas para algumas aplicações, como a interconexão de data centers ponto a ponto distribuídos em áreas metropolitanas, tais soluções não são revolucionárias em termos de arquitetura.
Os sistemas ópticos plugáveis ponto-multiponto, por outro lado, têm como objetivo revolucionar as arquiteturas de rede. Com suporte para 16 subportadoras de 25 Gb/s individualmente atribuíveis em uma única óptica plugável de 400G, os provedores de serviços podem reduzir e/ou eliminar pontos de agregação elétrica intermediários na rede onde interfaces de baixa velocidade como 25 Gb/s na borda são agregadas em interfaces de N x 100 Gb/s.
Uma análise realizada com a British Telecom e formalizada em um livro branco na CEC – Conferência Europeia sobre Comunicação Óptica demonstrou que a óptica multiponto pode oferecer uma economia de 76% no custo total de propriedade para a BT em um período de cinco anos. Com uma economia atraente como esta, compromissos de prestadores de serviços globais ativos e progresso no desenvolvimento da engenharia, esperamos que 2021 seja o ano em que os sistemas ópticos multiponto sairão do laboratório e passarão para as redes de prestadores de serviços.