Proteção perimetral na automação industrial
Paulo Santos, gerente de soluções da Axis Communications
A maioria dos profissionais de TI trabalha com um conceito de proteção perimetral que está ficando para trás. Por um lado, o conceito tradicional recorre a sensores de intrusão analógicos que geram uma alta taxa de alarmes falsos – e deslocamentos desnecessários. Por outro, esse conceito antigo (e ainda predominante) permite reagir a uma invasão, mas não evitá-la.
O resultado é a constante frustração dos operadores de segurança, que vão responder a um alerta no meio da noite, sem saber se foi um total engano ou se a instalação já foi invadida. É tudo ou nada.
Uma das aplicações que mais sofre com essa defasagem é o setor industrial: uma invasão pode provocar perdas financeiras que incluem roubos de cargas, de equipamentos ligados à produção e de dispositivos com informações confidenciais e estratégicas. A essa lista, soma-se outro risco: atentados ou descuidos que afetem a qualidade da produção. As consequências, nesse caso, podem ser a interrupção da produção, danos à reputação da empresa, multas por danos ambientais e, no pior dos casos, o fechamento da unidade.
Quando se consideram esses riscos, fica fácil entender por que a proteção perimetral analógica, usando sensores de intrusão, está perdendo apelo para as indústrias. Em ambientes críticos, prevenir significa reduzir perdas e otimizar recursos. É nesse sentido que apontam as novas formas de defesa de perímetros usando dispositivos digitais, como câmeras inteligentes, radar e alto-falantes e iluminadores. E é essa integração entre dispositivos que impulsiona a chamada indústria 3.0.
Embora a proteção perimetral analógica ainda predomine, os exemplos no mundo digital são impactantes. A Klabin, por exemplo, é a maior produtora e exportadora de papéis do Brasil. Na planta de Puma, no Paraná, a Klabin capta água de um rio a 3 km da sede. Qualquer ato de vandalismo na bomba ou no encanamento pode levar à impossibilidade de utilizar a água.
O posto que vigiava essa captação foi substituído por uma solução de proteção perimetral IP. Quando o sistema detecta alguém se aproximando, os operadores recebem um alerta e se dirigem ao potencial invasor, utilizando intercomunicadores IP. A mensagem é emitida por alto-falantes IP. Ao mesmo tempo, refletores são acionados por um módulo IP. É a vigilância sem vigilantes.
Alguns profissionais de TI ainda apresentam resistência a soluções digitais – em parte por conhecerem melhor a analógica ou por acharem a analógica mais econômica. No caso da Klabin, o retorno sobre o investimento ocorreu em 12 meses. Esses exemplos mostram que o IP, embora ainda minoritário, é a tendência quando se fala em proteção perimetral de ambientes críticos. Algumas indústrias chegarão a essa conclusão mais rápido do que outras, e os profissionais que saírem na frente estarão, eles também, melhor protegidos.
Na próxima edição, vamos explorar o potencial da tecnologia de radar. Antes restrita a uso militar, ela agora está ganhando terreno para uso civil.
É gerente de soluções na Axis Communications, desde 2012. Formado em Engenharia Elétrica pela Faculdade de Engenharia São Paulo, o executivo possui ainda o título de especialização em administração pela FGV. Antes de ingressar na Axis, Santos atuou na Xylem e na Siemens.