Proteja já os seus dados
Longinus Timochenco, da Stefanini Rafael
Hoje, o ambiente digital é muito atraente. É onde navegamos de forma frenética e livre, estando a cada dia mais expostos, deixando rastros a cada clique, desde simples pesquisas e consultas espontâneas em busca de informações até exposição de dados importantes de identificação.
Imaginem o quão arriscado, inseguro e perigoso ficam os nossos dados nesta arena digital? Esta preocupação vem ampliando a necessidade de todos nós (pessoas, empresas e instituições de todas as áreas) buscarmos formas concretas de proteger os dados.
Esse foi o objetivo da LGPD – Lei Geral de Proteção de Dados, sancionada em agosto de 2018. Com data prevista para fazer valer as suas obrigações já em agosto de 2020, a LGPD tem movimentado todo o mercado brasileiro e provocado reflexões sobre a tão relevante segurança da informação e onde, atualmente, encontram-se as constantes vulnerabilidades e riscos à privacidade e à proteção de dados.
Diante deste cenário preocupante, como identificar formas seguras sobre o que é o limite entre os dados enquanto consumidor, colaborador de uma empresa e pessoa física? Como lidar com a questão da privacidade no ambiente corporativo? Quais são os reais direitos do cidadão segundo a nova lei?
Todos reconhecem que é fundamental a manutenção da garantia da liberdade e o respeito incondicional à privacidade das informações. Portanto, ter conhecimento do que estabelece a LGPD é um dos passos mais importantes para entender, de forma clara e retilínea, os direitos de cada um como consumidor, sendo este o principal ator do mundo digital, onde trafegam milhares de dados.
E como estabelecer uma relação baseada em confiança, transparência e segurança para a devida proteção de dados entre consumidores e empresas? Este é o desafio da nova lei, que agora determina que o proprietário desses dados, e só ele, pode consentir o acesso e utilização de informações, mas, também, terá o direito, a qualquer momento, de cancelar esses dados.
Vale ressaltar aqui o que abrange os chamados dados pessoais. São informações das mais variadas que identificam um indivíduo. Os dados mais comuns são: nome, apelido, endereço residencial, endereço de e-mail, endereço de IP, fotos próprias, formulários cadastrais e números de documentos.
Já os dados sensíveis são aqueles que se referem a crenças religiosas, posicionamentos políticos, características físicas, condições de saúde e vida sexual. Seu uso é mais restritivo e nenhuma organização, pública ou privada, pode utilizá-los para fins discriminatórios.
Embora a sua entrada em vigor esteja marcada para meados do próximo ano, a LGPD já está em modus operandi para a sua adequação no ambiente corporativo, onde a atenção se volta na conscientização de empresas, públicas e privadas, para questões de privacidade, como a correta coleta de dados do titular, termo de consentimento, proteção, acesso, tratamento, segurança e prestação de contas ao Governo a qualquer hora.
A aplicação de métodos para assegurar e manter a cibersegurança passa, por exemplo, pela necessária limitação de acesso ao e-mail corporativo somente para uso profissional, assim como se deve restringir também a permissão a dados sensíveis apenas para quem realmente precisa utilizá-los. Esses procedimentos já vão dar a largada para as melhores práticas de segurança da informação para o negócio.
Definir os limites do indivíduo no ambiente digital tem sido um enorme desafio para o universo corporativo. No entanto, é indispensável ter uma política bem definida em que todos os envolvidos (altas lideranças, colaboradores, terceiros, entre outros) estejam alinhados no que compete aos seus direitos, deveres e responsabilidades como representantes da companhia. E, neste caso, a empresa é responsável por monitorar a conduta de seus colaboradores para evitar danos e dar a transparência e lucidez que o assunto tanto merece.
É CISO – Chief Information Security Officer & Diretor de Governança Corporativa na KaBuM!. Tem mais de 25 anos de experiência em tecnologia e possui forte atuação em defesa, governança corporativa, risco & fraude, compliance e gestão de TI. Membro do Comitê Brasil de Segurança da Informação ISO IEC JTC1 SC 27 na ABNT Brasil, Timochenco desenvolveu uma série de trabalhos junto a consultorias e grandes corporações globais no gerenciamento de projetos estratégicos, auditorias e combate a crimes cibernéticos. Premiado – Security Leaders Brasil 2014 e 2016.