Quais são as competências de um profissional da indústria 4.0?
O profissional da indústria 4.0 surge para suprir uma lacuna num novo cenário no mercado de trabalho, redesenhado pela tecnologia. Será preciso se adaptar para atender às exigências das novas aplicações, como big data, computação em nuvem, IoT e realidade virtual.
Alessandro Nunes, Diretor de serviços da Teclógica
O profissional da indústria 4.0 surge para suprir uma lacuna num novo cenário no mercado de trabalho, redesenhado pela tecnologia. Segundo relatórios recentes, diferentes fatores moldam essa realidade como inteligência artificial (IA), manufatura aditiva, simulação, integração de sistemas, IoT – Internet das coisas, big data analytics, cloud computing, segurança de TI e realidade virtual (VR).
Nesse contexto, o controle da produção pode ser realizado até mesmo remotamente e processos obsoletos são substituídas por mais inteligentes. Toda essa estrutura demanda novas competências profissionais e necessidade de adaptação.
Porém, muitas organizações mantêm estruturas e práticas industriais ultrapassadas. Segundo o Projeto Indústria 2027, desenvolvido pela CNI – Confederação Nacional da Indústria, um plano de ação formal para a digitalização de processos é elaborado somente por 15,1% das empresas pesquisadas.
Diante de tudo isso, surge a questão: como se tornar um profissional do futuro e como preparar as equipes para esse novo paradigma? Confira algumas dicas abaixo.
Quem é o profissional da indústria 4.0?
São indivíduos com formação multidisciplinar e flexível, além de domínio de novas ferramentas, idiomas e competências emocionais. São capazes de se adaptarem facilmente a uma nova cultura de negócios e habilitados socialmente para desempenhar trabalhos colaborativos.
Esses novos profissionais não desempenham funções repetitivas. Pelo contrário, eles lidam, de forma contextual e inovadora, com processos como machine to machine (M2M), em que as atividades são mais complexas, eficientes e criativas.
Quais são as habilidades e aptidões desse profissional?
Flexibilidade
A manutenção preditiva, apesar de ser programada, não evita que máquinas criem demandas ou incidentes a qualquer momento do dia. Isso aumenta a necessidade de ações fora do habitual.
A flexibilidade está intrínseca à possibilidade de funcionários ficarem mais disponíveis ao core business da empresa. Isso é resultado também da execução multitarefas e de processos cada vez mais eficientes.
Assim, um engenheiro de rede, por exemplo, além de criar projetos para a eficiência e a evolução da infraestrutura de telecomunicação da empresa, poderá se dedicar a estratégias de segurança de TI de forma multidisciplinar e agregar valor ao setor com o seu conhecimento em outras matérias.
A indústria 4.0 criou a possibilidade de novas funções dentro dos cargos já conhecidos. Esse contexto permite desenvolver os pontos fortes de cada um junto à tecnologia, reformulando os papéis dos colaboradores dentro das instituições.
Formação multidisciplinar
O profissional da indústria 4.0 precisa ter habilidades para lidar com tecnologia, matemática, robótica e empreendedorismo. Além disso, ele deve entender conceitos de segurança da informação e direito, para lidar com todo tipo de inovação.
Manter um bom relacionamento interpessoal
Aptidões decisórias serão um diferencial do profissional que consegue assegurar reações sociais e emocionais, no âmbito organizacional. Tudo por meio de trabalho em equipe, ações colaborativas e atividades compartilhadas.
Será possível deliberar por intermédio da criação de valor e liderar pelo exemplo, já que a formação multidisciplinar permite executar diferentes funções. Além disso, a integração entre os diversos agentes da empresa e as ferramentas disponíveis facilitará o processo de comunicação.
Apresentar percepção de urgência
Implementar métodos automatizados e a robótica nas empresas, muitas vezes, não significa dispensar os funcionários, já que crescerá a demanda pela execução de tarefas estratégicas e de monitoramento.
A necessidade de reparo de um equipamento, por exemplo, deve ocorrer em tempo hábil. Por meio da integração com aplicativos, o profissional tomará conhecimento do fato e deverá discernir acerca da urgência de ações.
Visão técnica e sistêmica de processos
O profissional da indústria 4.0 precisa ter uma visão técnica, também resultado da sua formação multidisciplinar (competências de engenharia elétrica, mecânica e de automação). Também deve saber olhar de forma sistêmica para os processos da empresa e seus respectivos reflexos.
Coletar e realizar a análise de um grande volume de dados
Outra habilidade emergente é a capacidade de coletar e analisar dados disponibilizados pelo big data — grande volume de informações coletadas de diversas fontes para tomar decisões, definir perfis e delimitar preferências. Assim, é possível definir como serão direcionadas as estratégias organizacionais.
Segundo consultoras globais, os maiores desafios para empresas serão em torno de questões como cultura, organização, liderança e habilidades, em detrimento de padrões preestabelecidos de infraestrutura e propriedade intelectual. Já a ausência de uma cultura digital e de treinamento adequado desponta como o maior gargalo das empresas, em todos os segmentos.
Portanto, o profissional da indústria 4.0 precisa buscar qualificação, para adquirir uma ou mais dessas habilidades, além de parcerias especializadas para colocar os seus projetos de inovação em prática.