Qual é o seu mindset?
Edgar Amorim, Analista comportamental e coach, da Amorim & Pimentel
Você já ouviu falar de “mindset”? Este termo pode ser traduzido como “mentalidade”. Basicamente, ele significa a mentalidade que temos para encarar a vida e, que influenciada por nossas crenças e valores, nos leva a agir de determinada maneira e de forma inconsciente e automática.
Este conceito parece simples. O que não é simples de compreender é que o nosso dia a dia e as nossas conquistas são altamente influenciadas pelo mindset – e mais ainda, é possível alterá-lo para termos um melhor desempenho profissional e pessoal.
É muito comum as pessoas acreditarem que são o que são e que nada pode ser alterado – o que é absolutamente inverídico. A ciência mostra, que além da beleza e poder, nossa mente é “ajustável”, daí o termo “neuroplasticidade”: a mente é moldável e capaz de ser “alterada” para adquirir novos hábitos, habilidades, competências e tanto mais. O que somos hoje é um conjunto de características “programadas” na mente. Esse conjunto de características compõem o mindset.
Quem talhou este termo foi a psicóloga norte-americana Carol S. Dweck, que apresentou o conceito no livro “Mindset: a nova psicologia do sucesso”, um grande best seller. O livro foi escrito a partir de pesquisa feita na Universidade de Columbia em conjunto com Claudia M. Mueller. Na pesquisa foi feito um experimento com crianças do quinto ano (equivalente ao nosso ensino fundamental). As crianças responderam um teste e não lhes foi dito o resultado individual. Independentemente do resultado, para metade delas foi dito que foram muito bem, provavelmente porque eram muito inteligentes.
Para a outra metade foi dito que foram bem, provavelmente porque se esforçaram muito. Em seguida um novo teste foi aplicado. Desta vez, independentemente do resultado, foi dito ao grupo que tinham ido mal. Na sequência foi aplicado um questionário para investigar o estado de espírito das crianças após terem recebido a notícia de que foram mal no teste. O resultado do questionário indicou que as crianças que foram valorizadas pela inteligência se mostraram menos interessadas e se divertiram menos que as crianças valorizadas pelo esforço, indicando que elas estavam desmotivadas após o fracasso.
O questionário mostrou ainda que as crianças acreditavam que a causa de terem ido mal eram as mesmas de quando se saíram bem no teste, ou seja, falta de inteligência e falta de esforço. Para finalizar o experimento, um terceiro teste foi aplicado e, de forma, surpreendente, as crianças que tinham sido valorizadas pelo esforço se saíram melhor que nos dois primeiros testes; enquanto as que foram valorizadas pela inteligência se saíram pior.
Em resumo, as crianças valorizadas pelo desempenho passaram a acreditar que a causa de seu mau desempenho tinha sido a “falta de esforço”. Dessa forma, no último teste se esforçaram mais, persistindo na resolução dos problemas e com isso se divertiram mais e obtiveram um melhor desempenho.
A partir desse experimento, Carol S. Dweck desenvolveu uma teoria onde apresenta dois tipos de mindset, ou mentalidade: a fixa e a de crescimento. Voltando ao experimento, as crianças que receberam feedback de inteligência tinham uma mindset fixo, uma vez que não é possível controla se a pessoa nasce ou não inteligente. Quando confrontadas com o fracasso se desmotivaram e sentiram sem o poder de mudar isso. Já as crianças que receberam feedback de bons resultados por esforço tinham uma mindset de crescimento, pois acreditavam que quanto mais esforço fizessem, mais conseguiriam resultados melhores. Elas acreditaram que a sua capacidade era mutável.
Nosso mindset foi fortemente influenciado pelo meio em que crescemos e também onde trabalhamos e vivemos. E muito disso tudo fica no automático e no nosso inconsciente. Tomar posse disso é o primeiro passo para uma mudança. Nossas crenças influenciam muito esse nosso modelo mental. Muitas pessoas não acreditam que podem fazer uma mudança e, por isso, não se arriscam com novas atitudes e comportamentos.
Já ouvi frases do tipo “trabalho como inspetor escolar, mas minha formação é administração e adoraria atuar com administração, mas não quero deixar a segurança de ser funcionário público, então tudo bem ficar como está”. Digamos que esse é um exemplo extremo, mas ele reflete o quanto o modelo mental pode bloquear uma pessoa, a ponto de ela aceitar uma situação desconfortável, pois pensa que não conseguiria adquirir as habilidades pessoais necessárias e nem assumir um risco para uma nova conquista. Esse é um mindset fixo.
Qual é O seu mindset? Fixo ou de crescimento? Autoconhecimento é o primeiro passo para uma mudança. Para conhecer mais sobre esse tema, sugiro a leitura do livro “Mindset: A nova psicologia do sucesso”.
Sucesso!
É instrutor certificado Everything DiSC®️ formado pela Wiley Publishing, nos EUA, Coach Executivo e analista comportamental pela Sociedade Latino Americana de Coaching, associada da International Association of Coaching (IAC). Pós-graduado em sócio-psicologia pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, MBA em Administração de Negócios pelo Instituto Mauá de Tecnologia e engenheiro eletrônico pela Faculdade de Engenharia São Paulo. Tem mais de 40 anos de experiência em organizações de vários portes, incluindo multinacionais, onde assumiu funções de operações e executivas.