Quatro tecnologias que deram o que falar em 2022 – e que continuarão em alta para 2023
Prof.ª e Dra. Alessandra Montini
Falar da evolução tecnológica no atual cenário em que vivemos é praticamente um clichê. Sim, a tecnologia avança a passos largos todos os anos e as empresas e profissionais precisam acompanhar esse movimento. Novas soluções surgem continuamente, suplantando ferramentas que eram vistas como inovadoras há pouco tempo e trazendo novas ideias que continuam transformando o mundo.
Quer um exemplo? O Big Data era a grande tendência há dez anos, e mesmo sendo uma ferramenta vital para as empresas, hoje servem de base para algo maior, como a Inteligência Artificial. A pandemia de covid-19, que começou para valer a partir de março de 2020, foi um catalisador importante dessa aceleração. Quantos recursos que temos à disposição atualmente eram apenas conceitos há três anos, não é mesmo?
Um reflexo disso é o estudo conduzido pela Gartner que mostra que quase a totalidade dos CEOs querem manter ou até mesmo acelerar a transformação digital impulsionada pela pandemia, identificando quais soluções são mais relevantes para o seu negócio. Em outras palavras: acompanhar essa evolução virou questão de ordem dentro das estratégias das principais corporações em todo o mundo.
Dessa forma, diante da infinidade de opções, saber as que se destacaram mais em 2022 é uma forma de projetar quais serão as tendências dos próximos anos. Confira abaixo quais são as tecnologias que chamaram a atenção de todos em 2022 e que certamente comandarão a estratégia das organizações ao longo de 2023.
Metaverso
Não há dúvida de que o Metaverso foi a bola da vez ao longo de 2022. Ainda que sua popularidade tenha começado no último trimestre de 2021, foi neste ano que os primeiros projetos bem sucedidos nesse conceito ganharam espaço considerável nos noticiários e em diversos eventos. Diversas companhias apostaram na Web3, criando seus próprios ambientes imersivos que permitem levar o mundo real para o virtual – e vice-versa.
Hoje, por exemplo, observa-se que muito dos metaversos criados ainda focam na dinâmica dos jogos eletrônicos, por meio de recompensas e interações. Mas nos próximos meses a expectativa é que essa imersão seja ainda maior, promovendo encontros realmente engajadores e colaborativos não apenas com o cliente final, mas com os próprios profissionais e parceiros de negócio da empresa.
Blockchain
Ok, Blockchain não é novidade para ninguém. Há pelo menos cinco anos já se fala de suas vantagens e possibilidades em diferentes setores. A questão é que foi em 2022 que este tipo de tecnologia amadureceu e se consolidou como importante ferramenta de transações digitais, sejam elas financeiras ou não. Sem essa tecnologia, a proposta do Metaverso provavelmente não sairia do papel.
O que faz o Blockchain ganhar mais espaço e se tornar um assunto prioritário é justamente a sua capacidade de proteção das informações (sempre por meio de criptografias matemáticas) e sua velocidade (indo de uma ponta a outra, sem intermediários). Mais setores devem explorar esse recurso em 2023, como saúde, poder público e indústrias de modo geral.
Gestão de risco da inteligência artificial
O avanço da Inteligência Artificial nos últimos anos coincidiu justamente com uma maior preocupação em relação aos dados digitais utilizados pelas empresas e profissionais. Leis como a LGPD no Brasil e a GDPR na União Europeia sintetizam esse movimento conflitante. Soluções de IA dependem de dados cada vez mais complexos e ricos para alcançar os resultados esperados, mas a utilização deles exige o respeito às regras e normas de compliance.
Dessa forma, a Gestão de Risco em torno da Inteligência Artificial é uma área em franco crescimento em todo o mundo. A todo instante é necessário criar estratégias e planos de ação para proteger as informações ao mesmo tempo em que elas são utilizadas de forma correta para entregar a melhor experiência possível ao usuário e com o objetivo esperado às companhias. Esse desafio vai persistir para 2023.
Superaplicações
Os aplicativos já fazem parte da nossa rotina. Cada um com sua funcionalidade, eles resolvem diferentes problemas no ambiente pessoal e profissional com suas funcionalidades. Seja a videoconferência no trabalho, o delivery de comida ou o Internet Banking, grande parte da vida das pessoas passa por esses recursos.
Assim, com uma importância cada vez crescente e de posse da matéria-prima mais importante da transformação digital (os dados), começam a surgir os superaplicativos. Eles constituem um ambiente que combina as funcionalidades de um aplicativo comum, mas também as de uma plataforma e de um ecossistema em uma mesma programação. Ou seja, são soluções que permitem o surgimento de novas ferramentas que integram grande parte das facilidades da tecnologia. Segundo a Gartner, mais da metade da população utilizará ativamente os superapps até 2027.
É claro que essa pequena lista é apenas uma amostra daquilo que a evolução tecnológica apresentou ao longo de 2022 e que vai continuar mostrando em 2023. Há vários exemplos que ficaram de fora, como a Inteligência Artificial adaptativa. O importante, porém, é estar antenado com aquilo que há de novo e eficiente nas mais diversas soluções. Quem consegue enxergar isso com antecedência, certamente sai na frente dos concorrentes – em um mundo cada vez mais dinâmico e competitivo, sair na frente é fundamental.
Diretora do LABDATA-FIA, apaixonada por dados e pela arte de lecionar, Alessandra Montini tem muito orgulho de ter criado na FIA cinco laboratórios para as aulas de Big Data e inteligência Artificial. Possui mais de 20 anos de trajetória nas áreas de Data Mining, Big Data, Inteligência Artificial e Analytics.
Cientista de dados com carreira realizada na Universidade de São Paulo, Alessandra é graduada e mestra em estatística aplicada pelo IME-USP e doutora pela FEA-USP. Com muita dedicação, a profissional chegou ao cargo de professora e pesquisadora na FEA-USP, e já ganhou mais de 30 prêmios de excelência acadêmica pela FEA-USP e mais de 30 prêmios de excelência acadêmica como professora dos cursos de MBA da FIA. Orienta alunos de mestrado e de doutorado na FEA-USP. Membro do Conselho Curador da FIA, é coordenadora de grupos de pesquisa no CNPq, parecerista da FAPESP e colunista de grandes portais de tecnologia.