Reconhecimento facial e novas oportunidades de negócios
Selma Migliori, Presidente da ABESE – Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança
Todos os anos o setor de segurança eletrônica é bombardeado por novas tecnologias que prometem revolucionar o mercado. Nem todas as apostas se concretizam (às vezes é preciso um tempo maior de maturação), já outras ultrapassam às expectativas. O reconhecimento facial é um desses acertos que de tempos em tempos impulsionam o mercado e geram novas oportunidades de negócios.
A tecnologia já está em uso e apresenta resultados concretos que fortalecem a sua adoção por cada vez mais projetos. No carnaval de Salvador, a maior festa popular do mundo, entre milhares de foliões uma câmera de videomonitoramento instalada no principal circuito da festa e equipada com reconhecimento facial identificou um suspeito procurado desde 2017 – que estava fantasiado em um dos blocos mais tradicionais da cidade.
Com a ação das autoridades policiais o suspeito foi apreendido e o reconhecimento facial já está confirmado para a micareta de Feira de Santana, abril. Este exemplo chama a atenção primeiro pela efetividade – o resultado é inegável. No entanto, aprofundando a análise, a tecnologia inaugura a possibilidade de uma segurança pública pautada na inteligência operacional que, ao longo dos anos, é uma demanda recorrente.
O policiamento em grandes eventos é ostensivo, mas, mesmo com todos os profissionais na rua, é impossível estar em todos os lugares ou ter uma visão geral e detalhada ao mesmo tempo – e é isso que o reconhecimento proporciona. Outro fator é munir às equipes de segurança com uma arma letal: a informação. Chegar preparado a qualquer ocorrência é decisivo para o sucesso da operação.
Em uma cidade como São Paulo, por exemplo, existem cerca de 150 mil mandados de prisão. Há uma falsa imagem que os procurados vivem escondidos, mas nem sempre é o que acontece. Muitos vivem uma vida relativamente normal – frequentam shoppings, comércios e andam livremente pelas ruas. São milhares de procurados e um agente de segurança é incapaz de reconhecer o rosto de todos, mas não há limitações para a tecnologia.
Aos poucos, o reconhecimento facial mostra que, integrado à novos projetos, são decisivos para garantir a segurança pública e patrimonial, criando um ambiente de combate baseado na informação e na proteção à vida de agentes de segurança.
As novas tecnologias possibilitam uma segurança que não é apenas reativa. Elas impedem proativamente que impede que ocorrências aconteçam – sem precisar prever o futuro.
É presidente da ABESE – Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança. Tem formação em engenheira eletrônica pela Escola de Engenharia Mauá do Instituto Mauá de Tecnologia – IMT. Possui diversos cursos em gestão empresarial, segurança eletrônica, elaboração de projetos técnicos de segurança.