Redes 5G: A relevância dos sistemas de gestão
O 5G trará mudanças também para os sistemas de gestão. As operadoras vão exigir maior competência para o gerenciamento do desempenho dessas infraestruturas diante de aplicações capazes de suportar diversas inovações, como as voltadas para IoT – Internet das coisas.
Edson Kiyoshi Shintani, diretor de desenvolvimento de negócios da Accedian
Mais do que aumentar a capacidade e velocidade das redes 4G, o 5G vai abranger uma oferta muito maior de serviços aos usuários domésticos e corporativos. Isso significa que, com a nova disponibilidade de redes, teremos mais virtualização e sofisticação de serviços em nuvem para que os usuários contem com mais conveniência, flexibilidade e qualidade em sua experiência.
Este cenário trará mudanças também para a gestão dos sistemas que vão compor e evoluir as novas redes. As operadoras vão requerer maior competência para o gerenciamento do desempenho dessas infraestruturas diante de aplicações capazes de suportar diversas inovações, como as voltadas para IoT – Internet das coisas, ou seja, as novas comunicações entre dispositivos, máquina a máquina. Além de um avanço significativo das aplicações de jogos com baixa latência, para melhorar a interatividade entre os usuários. Sem contar os veículos autônomos que dependerão da disponibilidade de novas infraestruturas mais seguras.
Já as empresas, adicionalmente ao ganho de velocidade e eficiência em seus ambientes digitais corporativos, também se tornarão mais dinâmicas para se adaptarem às rápidas mudanças requeridas pelos usuários corporativos e o mercado do século XXI. Dessa forma, as redes 5G promoverão novos arranjos, ecossistemas mais competitivos e com novos modelos de negócios.
Em que momento estamos?
Após realizados testes neste ano com DSS – compartilhamento dinâmico de espectro, as redes 5G devem entrar em operação comercial de forma ampla no Brasil em 2021. Depois do leilão das faixas de espectro esperado para o final do primeiro semestre do próximo ano, o tema será impulsionado pelos casos de uso nas verticais (automotivo, energia, saúde, manufatura, transporte e muito mais).
Portanto, mesmo com a pandemia da Covid-19 ter turbinado o uso dos serviços e das atividades online, o momento ainda é de preparação árdua. Assim, com essa evolução de serviços digitais já a caminho, os usuários esperam perceber um aprimoramento na entrega das atuais ofertas de voz por parte das operadoras com relação à tecnologia VoLTE (voz sobre LTE), oferecida pelas redes de quarta geração existentes. Esta transição, sem dúvida, é fundamental para que possamos alcançar um patamar maduro para a implantação dos novos casos de uso das redes 5G.
Neste cenário, o 5G NSA (não autônomo) envolve o uso de rádio 5G no acesso para eficiência espectral e melhoria da velocidade, porém mantendo o core 4G. Mas, obviamente, o objetivo com 5G SA (autônomo) é ser capaz de implantar a infraestrutura de nuvem, midhaul, computação de borda e core 5G em todo o seu potencial. Essa rede é muito diferente e, por isso, levará a muitas mudanças, inclusive em como será feita a gestão para garantir o seu desempenho.
Gerenciamento do ecossistema 5G
Procurando construir uma rede 5G com mais agilidade, aprimorar a infraestrutura existente, manter a experiência do cliente e operar com menor complexidade? O 5G promete uma explosão no número de terminais e serviços criados com slices (fatias) e elos de rede. As funções de rede serão distribuídas em novos ambientes e aproveitando a arquitetura de nuvem nas bordas, contêineres e microsserviços. Isso transformará a maneira como os serviços baseados nos três grandes grupos de desempenho (eMBB – enhanced Mobile Broadband, mMTC – massive Machine Type Communications e URLLC – Ultra Reliable Low Latency Communications) serão fornecidos ao usuário final, o que exigirá abordagens radicalmente diferentes para a garantia de redes e serviços.
Serão necessárias automação consistente, correlação e machine learning para a gestão de desempenho das redes, além de ferramentas eficazes baseadas em softwares. Estas informações de desempenho granulares, precisas e consistentes nos relatórios precisam ser incorporadas pela operadora 5G em sua plataforma de serviços desde o primeiro dia.
Também será essencial um conjunto de software compatível com os padrões da indústria, permitindo análises ativas (ex. TWAMP com medidas independentes nos dois sentidos) e passivas de serviço, cobrindo as camadas de rede e aplicações de forma combinada e prestando a integração com elementos físicos e virtuais distribuídos por toda a rede, para tornar o gerenciamento pulverizado, em tempo real e compatível com os exigentes requisitos para 5G.
O futuro das redes de quinta geração
Para se manterem competitivas e dinâmicas, as operadoras precisarão planejar e investir em sistemas de gestão de desempenho para a nova geração de redes, desde o início. Caso esses sistemas de gestão não sejam adotados, tanto a transição quanto a expansão e viabilidade das redes 5G ficarão comprometidas para acompanhar e entregar o alto nível de desempenho dos casos de uso.
A partir do segundo semestre de 2021, espera-se uma retomada comercial mais ampla das redes de quinta geração, após o leilão das frequências e avanço nos casos de uso nas verticais. Com a versão 16 do 5G no meio deste ano, começaram demandas interessantes voltadas às aplicações corporativas em redes privadas, requerendo novos arranjos, parcerias e ecossistema.
E você, com relação às redes 5G, acredita que as operadoras e os provedores de serviços estão se preparando para este futuro próximo?