Saiba como a neuroplasticidade pode ajudar na sua carreira
Edgar Amorim, Analista comportamental e coach, da Amorim & Pimentel
Nestes tempos de pandemia, vi na TV um repórter perguntando para uma pessoa na rua o motivo dela não usar máscara e a resposta foi: “ela incomoda”. Pensando sobre isso, lembrei da questão do uso de EPI – equipamento de proteção individual na construção civil, onde muitos profissionais se recusam a usar ou burlam o uso de EPI, pois é incomodo ou dá trabalho. Os EPIs são equipamentos para proteção da vida, mas tem gente que prefere correr o risco de perder a vida a ter que usar algo que os incomode.
Ouvimos muito falar do grande potencial que tem o nosso cérebro e que o utilizamos muito pouco. Uma dessas potencialidades que não utilizamos plenamente é a neuroplasticidade. E o que é isso? Esse é o nome dado a capacidade de adaptação a novas funcionalidades/atividades do nosso cérebro. É uma característica maravilhosa, mas pouco utilizada. Ela vai muito além de mudança ou aquisição de novos comportamentos.
Com a neuroplasticidade muitas crianças que nasceram com paralisia cerebral conseguem desenvolver habilidades que esse distúrbio impedia – andar, sentar e tanto mais. Basicamente, ela permite que uma ação repetida inúmeras vezes seja assimilada pelo cérebro, que a incorpora em seu conjunto de habilidades. Nesse ponto nosso cérebro “não estranha” a nova habilidade e a torna “automática”. É assim com tudo na nossa vida.
Hoje escrevemos e nem lembramos o esforço que fizemos para aprender a escrever; temos a habilidade da fala e nem percebemos como isso aconteceu. Quando a lei do cinto de segurança passou a valer todos reclamaram pelo desconforto e hoje muitos nem percebem que afivelam o cinto e outros tem bem menos desconforto que no início. Se a pessoa mencionada no início do artigo usasse a máscara por duas semanas ela se sentiria bem mais confortável, mas infelizmente lhe falta compreensão e motivação para fazê-lo.
Com a neuroplasticidade é possível criar um novo hábito, uma nova competência. Algumas são mais simples de conquistar, outras dão mais trabalho. O importante é entender que ela existe e é ela que permitirá essa nova conquista. Segundo a programação neurolinguística (PNL), um novo hábito/competência se incorpora ao rol de hábitos de um indivíduo após 21 dias de repetição.
E como podemos usar a neuroplasticidade para desenvolver uma nova competência? Primeiro é preciso estar certo de qual competência deve ser desenvolvida. Parece óbvio, mas não é. Muitas vezes essa é a parte mais difícil. Se não for muito claro o que se deve desenvolver, podemos consumir energia em caminhos que levam a nada. Muitos querem ser especialistas numa determinada área ou até querem assumir postos de gestão, uma gerência ou diretoria, mas têm pouca ideia das competências necessárias para exercer tais atividades.
Muitas vezes, acreditamos que apenas a observação da atuação de um diretor de sucesso é suficiente para conhecermos as competências que ele possui, porém em geral isso não é totalmente real. Podemos observá-lo dando ordens hoje que resultam em conquistas em dias, semanas ou meses depois. Pode parecer que a competência utilizada é somente a “capacidade de delegação” – e muitas vezes também o é, porém, por trás de uma ordem também pode haver a competência “visão sistêmica”.
Se o indivíduo vê apenas uma das competências, pode até desenvolvê-la. No entanto, ao ser exposto a mesma situação do diretor citado anteriormente pode até executar uma bela delegação, mas o resultado pode não ser o desejado. Afinal, a ordem pode ser uma de um conjunto limitado de opções devido à falta da competência “visão sistêmica”. Como pode ser visto, determinar exatamente quais são as competências necessárias para uma nova atividade ou carreira pode não ser tão simples de descobrir.
E o que fazer quando sabemos exatamente quais são as competências que precisamos para atuar em uma determinada atividade ou carreira? Algumas competências serão mais fáceis de desenvolver, principalmente aquelas que estão alinhadas com nosso perfil comportamental. Outras trarão mais dificuldade, no entanto, saiba que a neuroplasticidade permitirá esse desenvolvimento.
As dificuldades podem ser superadas tendo claramente a meta que se deseja atingir. Por exemplo, adquirir a competência de visão sistêmica para conquistar um cargo de diretoria (na própria empresa ou em outro lugar). Ter sempre a meta em mente nos motiva a enfrentar as dificuldades no trabalho de desenvolvimento da nova competência.
Próximo passo? Planejar a sua carreira, incluindo competências necessárias para cada etapa, e, claro, determinar o espaço de tempo para todas elas. A neuroplasticidade está do seu lado.
Sucesso!
É instrutor certificado Everything DiSC®️ formado pela Wiley Publishing, nos EUA, Coach Executivo e analista comportamental pela Sociedade Latino Americana de Coaching, associada da International Association of Coaching (IAC). Pós-graduado em sócio-psicologia pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, MBA em Administração de Negócios pelo Instituto Mauá de Tecnologia e engenheiro eletrônico pela Faculdade de Engenharia São Paulo. Tem mais de 40 anos de experiência em organizações de vários portes, incluindo multinacionais, onde assumiu funções de operações e executivas.