Saiba como alinhar sustentabilidade e economia na crise de energia nos data centers
Paulo de Godoy, country manager da Pure Storage no Brasil
A preocupação com a sustentabilidade para reduzir o consumo de energia e de refrigeração nos ambientes tecnológicos também gera vantagens para os resultados financeiros. É justamente por isso que as iniciativas por uma Green IT (TI Verde) e a adoção de infraestruturas modernas se tornaram fundamentais para os líderes no atual cenário de crise global de energia.
Os data centers foram responsáveis pelo aumento em 40% nas contas de energia nos últimos três anos, representando de 10% a 30% dos custos operacionais. Com isso, os líderes passaram a priorizar em seus projetos uma tecnologia de infraestrutura capaz de reduzir esses custos em mais de 50%.
Estamos falando do armazenamento em flash, que oferece uma capacidade mais densa e eficiente. Além disso, a modularização do hardware e o consumo do storage como serviço ajudam a economizar, alimentando apenas o que é necessário no momento.
A TI verde afeta diretamente os negócios
A próxima geração de jovens funcionários quer trabalhar para empresas preocupadas com o meio ambiente e com a sociedade. Além disso, de acordo com o CBI, dois terços dos investidores consideram fatores ESG ao avaliar uma empresa. As empresas têm metas que precisam ser cumpridas em termos de pegada de carbono e emissões de gases de efeito estufa.
Todas essas questões impactam os resultados financeiros e são agravadas pela instabilidade do custo da energia, com tendência a aumentar. A inflação está afetando o custo de todos os bens, mas não proporcionalmente. De acordo com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, em toda a Europa e nas Américas, vimos dobrar, triplicar ou até quadruplicar a variação percentual anual no índice de preços ao consumidor para energia em relação a outros bens, como alimentos.
Este é um grande problema para as empresas porque cerca de 3% de toda a eletricidade do mundo é usada por data centers e, se não for gerenciada de perto, a infraestrutura de TI pode devorar a energia para ter que alimentar o hardware e mantê-lo resfriado, além de ocupar grandes áreas de espaço físico. Se as mudanças conscientes não forem realizadas agora, esse volume de consumo de energia vai atingir as empresas onde dói: nos lucros.
Três vantagens ecológicas que podem reduzir custos
Uma grande desvantagem dos HDDs é a baixa densidade de armazenamento em comparação com os SSDs. A tecnologia flash oferece uma capacidade muito maior por unidade, com unidades no mercado com capacidade de quase 50 TB e que só aumentará nos próximos anos, em comparação com os 20 e poucos TB do disco giratório.
Além disso, um disco giratório consome muito mais energia do que o flash. Os HDDs consomem vários watts durante as leituras e gravações e uma quantidade semelhante quando ociosos, pois os discos permanecem girando e disponíveis. O consumo do flash em atividade é semelhante, mas consome meros miliwatts quando ocioso. Além disso, os SSDs são significativamente melhores no desempenho – um requisito fundamental para muitas aplicações de produção – do que os HDDs e, portanto, exigem muito menos componentes para alimentar aplicações com grande consumo de dados.
Outro ponto da economia com a TI verde vem do surgimento de atualizações de hardware de armazenamento modular. Antigamente, quando era preciso mais capacidade ou poder de processamento da controladora, a única opção era substituir todo o array. Agora, alguns fornecedores podem trocar e atualizar componentes individuais sem causar interrupções, mesmo entre diferentes gerações. As atualizações são caras, geram desperdício e afetam a continuidade dos negócios, e com as soluções modernas toda essa dor de cabeça pode ficar no passado.
Por fim, o modelo de consumo real de aquisição de armazenamento foi interrompido nos últimos anos com a ampla adoção do consumo de storage como serviço (STaaS). Essas ofertas podem ajudar na eficiência energética e no combate ao lixo eletrônico, incluindo a capacidade de aumentar e diminuir a capacidade conforme necessário, tudo com base no monitoramento constante de software para avaliar o estado de armazenamento sem a necessidade de implementar hardware antecipadamente pelos próximos 3 a 5 anos. No entanto, é importante que a oferta STaaS venha com um Acordo de Nível de Serviço (SLA). Isso significa, por exemplo, que se o desempenho e a capacidade acordados forem comprometidos, o provedor deve resolver isso de forma proativa.
Todas essas vantagens tornam o data center mais sustentável e podem ajudar os negócios e o meio ambiente.
Por que o flash é verde?
A mídia flash é uma ótima aposta, mas certifique-se de examinar os detalhes do produto oferecido. Embora essa mídia possa ser a mesma para diferentes fornecedores, eles se diferenciam projetando suas próprias unidades de dados e software controlador para tornar os dispositivos flash mais densos e eficientes, para trazer maior confiabilidade e ciclos de vida mais longos. A redução de dados pode ser incorporada ao sistema de storage para melhorar a densidade.
Enquanto isso, a atualização de componentes individuais permite aumentar a capacidade e o desempenho de forma independente e evitar o desperdício de recursos de processamento ou armazenamento. Se um fornecedor se oferecer para atualizar parte do sistema ao longo de vários anos além do ciclo de atualização tradicional, melhor ainda, pois isso aumenta a vida útil dos sistemas de armazenamento e reduz o lixo eletrônico.
Aqui é onde a modularidade converge com os modelos como serviço. É fundamental obter atualizações sem interrupções com base no monitoramento e previsão de estatísticas de uso e na capacidade de aumentar e atualizar o sistema de armazenamento sob demanda ao longo do tempo. Isso deve vir com uma variedade de níveis de serviço, em armazenamento de bloco, arquivo e objeto, incluindo capacidade de nuvem.
As opções para pagar pela infraestrutura de storage devem variar desde a compra completa com atualizações por assinatura, até como serviço, em que o equipamento é propriedade do fornecedor e as atualizações ocorrem sem problemas, conforme exigido e previsto pelo monitoramento orientado por IA/ML e telemetria.
As empresas também devem priorizar o rastreamento da eficiência do hardware de armazenamento por meio de uma variedade de métricas. Entre elas: energia usada em comparação com a carga de energia nominal na frota, data center ou array; emissões de gases de efeito estufa estimadas com base no uso de energia; e watts usados por unidade de dados armazenados.
Também devem ser consideradas as políticas sustentáveis e éticas do fornecedor, bem como as metas que visam reduzir os
gases de efeito estufa na cadeia de suprimentos.
Como garantir um impacto nos seus resultados
Certifique-se de pedir aos fornecedores evidências de economia. É possível encontrar depoimentos de clientes em que o espaço em rack e o consumo de energia foram reduzidos em até 75% ao passar do armazenamento legado para produtos modernos, modulares e baseados em flash.
Finalmente, como diz a máxima, confie, mas verifique. Você deve coletar e monitorar métricas de uso de energia para seus sistemas de storage e outros componentes de infraestrutura. As unidades inteligentes de distribuição de energia (PDUs) são ferramentas essenciais no data center para ajudar as empresas a identificar como e onde a energia está sendo usada.
As empresas não precisam mais de compras excessivas e de atualizações que geram despesas, interrupções e lixo eletrônico. O planeta e o nosso futuro agradecem.
Paulo de Godoy tem 20 anos de experiência no mercado de TI, com foco em vendas de soluções para empresas de armazenamento, segurança, integração e interconectividade. O executivo ocupou cargos de liderança em empresas de destaque no setor tecnológico, como Hitachi, IBM e NetApp. Paulo iniciou as atividades na Pure Storage como gerente de vendas em 2014, e em 2016 assumiu a gerência geral da companhia no Brasil.