5 tecnologias que vão influenciar o setor de segurança eletrônica em 2019
Paulo Santos, gerente de soluções da Axis Communications
Uma das tradições de início de ano é escrever sobre as tecnologias que prometem impactar o mercado durante os próximos meses. Decifrar o futuro nunca é uma tarefa fácil e conforme novas tecnologias e recursos são cada vez mais importantes em longo prazo, o que nos interessa particularmente é observar aquelas que, em curto prazo, já começam a agregar valor.
Para este ano, observamos que essas tecnologias de segurança eletrônica são as extensões das mesmas que identificamos no ano anterior e que se estabeleceram como oportunidades e de maneira cada vez mais útil para a indústria e, claro, para os consumidores.
Inteligência artificial
Para os mais céticos a IA – Inteligência artificial aparece como uma promessa que nunca se concretiza, mas o seu progresso se difere de indústria para indústria e de aplicação para aplicação. No segmento de segurança eletrônica, o deep-learning é utilizado, principalmente, para analíticos de vídeo, mas a tecnologia estará presente em muitas outras aplicações e produtos no futuro.
Uma das tendências em infraestrutura de rodovias, por exemplo, é o uso de analíticos de vídeo para DAI – Detecção automática de incidentes. Tradicionalmente, isso se dá tendo como base algoritmos fixos. A novidade para este ano é que, com o deep-learning, essa capacidade de análise de tráfego alcançará um novo patamar: a capacidade de detecção será constantemente atualizada, o que aumenta a precisão dessa ferramenta.
Cloud e edge computing
Poucas organizações na esfera pública ou privada ainda não utilizam a nuvem em algum nível. Muitas delas já transferiram toda a infraestrutura para um modelo baseado em nuvem – ou seja, centralizados em um ou mais data centers. No entanto, mesmo que mais data centers com capacidades cada vez maiores sejam criados, o aumento exponencial do volume de dados pode se tornar esmagador. E esse cenário é, particularmente, crítico em áreas como vigilância por vídeo, onde as demandas de dados ainda são significativas.
É de olho nesse tsunami de dados que o mercado tende a ganhar com os benefícios do edge computing ou computação de borda. Em termos simples, a computação de borda coloca mais processamento de dados na “borda” da rede, perto de onde os dados são coletados pelo sensor e antes da transferência para o data center.
Para o nosso setor, o recurso significa processar dados dentro da própria câmera para reduzir significativamente as demandas de largura de banda de transferência e armazenamento de dados. Além disso, os dados podem ser anonimizados e criptografados antes de serem transferidos, abordando questões de segurança e privacidade.
Cibersegurança
A segurança contra ataques cibernéticos é relativamente nova. Por muitos anos, a segurança física era analógica. As equipes de TI pouco se preocupavam com as câmeras. No entanto, com a popularização do videomonitoramento digital, a situação mudou e exige novas adequações dos profissionais do mercado – como se observará mais intensamente este ano.
Recentemente, governos de alguns países baniram determinados fabricantes de fornecer equipamentos, citando riscos de interferência estrangeira e de invasão virtual. Uma lei assinada pelo presidente dos Estados Unidos proíbe que qualquer funcionário do governo norte-americano utilize dispositivos fabricados por algumas empresas chinesas, seja subsidiária ou afiliada.
A Austrália também, em grande parte, excluiu empresas chinesas por preocupação com a segurança nacional. Recentemente, a Bloomberg anunciou que foram descobertos chips fabricados na China que poderiam ser utilizados para espiar empresas norte-americanas. Essa nova realidade vai exigir ainda mais que as equipes de TI estejam atualizadas sobre as potenciais vulnerabilidades dos equipamentos conectados à rede.
Tecnologias inteligentes para beneficiar o meio ambiente
Os analíticos de vídeo já são utilizados como ferramenta de planejamento operacional pelas organizações que buscam melhorar a eficiência de energia nos escritórios, com os benefícios positivos subsequentes para o meio ambiente. Um dos exemplos é o uso, em escritórios, de câmeras dotadas de inteligência para identificar a quantidade de pessoas no ambiente e regular o ar-condicionado a partir deste dado.
Outra área crítica, que pode se beneficiar com estes sensores e fundamentar ações corretivas, é na qualidade do ar. Seja dentro de prédios ou no ambiente urbano externo, os impactos negativos na saúde e nos custos associados estão se tornando um problema cada vez maior. Sensores inteligentes terão um papel central na solução do problema globalmente. Essas aplicações agregam valor às organizações por meio de eficiências e economia, além de ajudar a alcançar as próprias metas ambientais e de sustentabilidade.
Integração entre sensores para respostas inteligentes
Individualmente, os sensores, podem trazer benefícios significativos. No entanto, a principal tendência para 2019 será a combinação e integração entre diversos sensores para estimular ações “inteligentes”. Por exemplo, em uma cidade inteligente uma câmera poderá, já este ano, identificar que um veículo acaba de estacionar em local proibido e acionar automaticamente um alto-falante com uma mensagem pré-gravada, alertando o motorista sobre a infração. Caso o carro permaneça no local, a central de controle poderá receber um alerta com a informação visual do veículo e aplicar uma penalidade.
É gerente de soluções na Axis Communications, desde 2012. Formado em Engenharia Elétrica pela Faculdade de Engenharia São Paulo, o executivo possui ainda o título de especialização em administração pela FGV. Antes de ingressar na Axis, Santos atuou na Xylem e na Siemens.