Sete tendências de edge computing para 2022
Paulo de Godoy, country manager da Pure Storage no Brasil
A edge computing está ficando mais ousada. A tecnologia que permite que recursos de computação e processamento sejam movidos para mais perto de onde os dados estão sendo analisados, está se deslocando cada vez mais para longe dos data centers locais. De acordo com o Gartner, no momento cerca de 10% dos dados corporativos são criados e processados fora das nuvens e data centers centralizados, e em 2025 esse número deve saltar para 75%.
Dessa forma, embora a edge já esteja muito presente na infraestrutura, a tendência é que ela exerça cada vez mais as funções de processamento e entrega de dados em mais setores. Isso significa abrir caminhos em lugares que antes quase ninguém imaginaria que o processamento de dados poderia acontecer, como no meio de uma fazenda de gado.
Veja abaixo as sete tendências da edge computing que devemos esperar para o próximo ano.
1 – A computação de borda estará em todos os lugares – até nas zonas rurais
Os recursos atualizados da edge computing abrem as portas da tecnologia para mais setores, ou seja, aqueles em locais de longo alcance, terrenos de difícil acesso ou em condições de risco. Aliás, essa é uma das principais vantagens da automação, Cobots e IoT: manter os humanos fora de perigo.
A agricultura mostra algumas das maiores promessas para a computação de borda. Os agricultores usam tecnologia de ponta para rastrear o uso da água e os animais, decidir onde colocar fertilizantes e as quantidades ideais, analisar a qualidade do solo e monitorar o crescimento da safra. Até mesmo tratores podem se tornar parte de uma rede de borda, junto com sensores que abrangem campos.
2 – A filtragem de dados de borda pode ser uma vantagem competitiva
Quanto mais inteligente for a edge computing, maior será a capacidade de filtrar o ruído que um hub central teria que processar e filtrar para obter valor.
Para a equipe de Fórmula 1 da Mercedes-AMG Petronas, por exemplo, esse tipo de benefício se torna uma vantagem competitiva. Centenas de sensores em cada carro fornecem dados em tempo real sobre o desempenho. São terabytes de dados por corrida. Isso ajuda a manter os motoristas seguros e a determinar estratégias.
Mas e quanto ao esforço para filtrar telemetria menos valiosa? Quando milissegundos podem significar a diferença entre ganhar e perder, a equipe tem planos de usar sensores mais inteligentes com maior capacidade de processamento na borda, colocando mais dados valiosos nas mãos dos engenheiros. Esse é apenas um exemplo de otimização e monitoramento de desempenho que se encaixa também em várias outras frentes de negócios.
3 – A edge computing não precisa estar conectada
A vantagem da conectividade é que os dados voltam para os data centers centralizados com mais rapidez. Mas, de muitas maneiras, apenas ser capaz de implementar sistemas de borda de forma conectada não era apenas difícil, mas também indisponibilizava certas ofertas, principalmente para setores e operações mais remotas.
O que muitas empresas não percebem é que as operações de dados de edge computing também podem operar no modo desconectado. Um exemplo é um sistema de borda rodando de forma autônoma em um local de difícil acesso, como mineração rural. O sistema continuará funcionando quando uma conexão cair. Então, quando a conexão for retomada, o sistema pode sincronizar e transferir dados sem interromper os negócios. Este modo desconectado abre um universo de possibilidades.
Seja como parte do projeto central de um sistema de borda ou uma função de resiliência, a borda desconectada tem muito potencial para ser a próxima grande novidade.
4 – Edge e 5G: A era da maior modernização em IA, automação e IoT
A computação de borda da IoT – Internet das coisas está acelerando a próxima geração de automação e é um dos principais componentes da IIoT – Internet das coisas industrial, na qual as indústrias utilizam plataformas de borda para análises, construções inteligentes e muito mais.
Uma forma de mensurar o potencial disso é imaginar o sensor de manufatura em uma fábrica. Os sensores e atuadores conectados ao maquinário (a borda) criariam um pod, e um corretor de mensagens orquestra a comunicação de dados de telemetria entre os sensores e o serviço de processamento de dados. Os dados são ingeridos e armazenados em um microsserviço stateful que precisa de armazenamento persistente antes de passar para a nuvem para treinar modelos de ML. De volta à borda, modelos treinados podem detectar anomalias e prever a manutenção do equipamento.
5 – O nevoeiro na borda
A fog computing (computação em névoa) é uma espécie de “limite da borda”. O conceito é semelhante à edge no sentido de que leva o processamento até a ponta e vai além, pois não depende da nuvem, mas realiza muito mais computação, armazenamento e comunicação localmente na borda. A computação de borda convencional trata da análise de dados inúteis em busca de dados úteis.
6 – Os contêineres (e o armazenamento de dados nativo do contêiner) serão a chave para o sucesso na borda
Contêineres e Kubernetes formam uma plataforma ideal para a borda. Os provedores de nuvem hyperscale estão com a atenção voltada para AWS Snowball, Azure Stack e Google Anthos, todos baseados no Kubernetes. Todos esses ambientes executam ingestão de dados, armazenamento, processamento e análise de dados e cargas de trabalho de machine learning na borda.
Mas e quanto aos desafios de executar cargas de trabalho centradas em dados na borda? Os contêineres e o armazenamento nativo do contêiner são essenciais. Para cargas de trabalho avançadas na borda, o armazenamento nativo de contêiner pode fornecer serviços essenciais, armazenamento persistente, alta disponibilidade e durabilidade. Além, também, de permitir a migração perfeita entre a nuvem e a borda com mínimo esforço.
7 – A edge computing vai decolar no varejo
O relatório da IDC com previsões para o varejo em 2022 aponta que, em 2025, 90% dos 2 mil principais varejistas devem adotar a edge computing para aproveitar a explosão de dados nas lojas e melhorar a produtividade das equipes e a experiência do cliente, reduzindo custos em 20%. Nos casos específicos do varejo, em que o processamento de dados intensivos e dependentes da latência é mais necessário, a computação de borda pode ajudar a otimizar as experiências do cliente e agilizar muito as operações. Vale alertar que, entre as peculiaridades do setor, está a segurança multicamadas, que será fundamental e precisa ser construída desde o início.
Segundo a IDC, até 2023 mais de 50% da nova infraestrutura de TI implementada estará na borda, ao invés dos data centers corporativos e, até 2024, o número de aplicações na borda aumentará 800%. Isso significa que as empresas estão de fato compreendendo as soluções de edge computing como um fator competitivo, e essas previsões serão fatores impulsionadores de uma forma totalmente inovadora de lidar e extrair valor dos dados.
Paulo de Godoy tem 20 anos de experiência no mercado de TI, com foco em vendas de soluções para empresas de armazenamento, segurança, integração e interconectividade. O executivo ocupou cargos de liderança em empresas de destaque no setor tecnológico, como Hitachi, IBM e NetApp. Paulo iniciou as atividades na Pure Storage como gerente de vendas em 2014, e em 2016 assumiu a gerência geral da companhia no Brasil.