Tecnologia 5G é um caminho sem volta
A primeira fase de construção do 5G está bem adiantada em vários países e o Brasil já inicia seus primeiros passos. Mas vale destacar que a segurança cibernética deve ser tratada com cautela. Isso porque as redes 5G são mais expostas a diferentes tipos de ataques e necessitam de proteção DDoS com certas particularidades.
Ivan Marzariolli, Country manager da A10 Networks
A primeira fase de construção do 5G está bem adiantada em vários países e o Brasil já inicia seus primeiros passos, com a atuação de grandes provedores de serviços móveis e alguns novos players viabilizando implementações da tecnologia. Segundo as operadoras de telefonia móvel, o setor progrediu rapidamente em direção ao 5G nos últimos 12 meses nos principais mercados. Embora, as implementações iniciais aproveitam as vantagens das redes centrais 4G existentes, o 5G totalmente virtualizado/nativo em nuvem ou autônomo já está em desenvolvimento.
O significado do 5G pode trazer repostas distintas, não necessariamente corretas ou incorretas. Trata-se de uma transformação completa da arquitetura, com maior velocidade e capacidade de transmissão e maior traço de rede. No 5G, o consenso é que não há uma única borda (edge) para um rede, mas sim múltiplas. A borda centralizada no 4G vai seguir sendo uma borda (part gateway) válida na rede 5G.
Por outro lado, a segurança cibernética é uma das principais preocupações dos provedores de serviços móveis. A rede 5G propicia maior consumo em transferência de arquivos, comunicação em tempo real, streaming, etc. Para as operadoras o uso hipercrítico relacionado à IoT – Internet das coisas, que será executado pelo 5G, deve ser fundamental para o projeto e a implementação da rede. E com a difusão desses novos usos, a segurança é fundamental.
A rede 5G é mais exposta a diferentes tipos de ataques, tráfegos ilegais dentro da rede e necessita de proteção DDoS com certas particularidades. Haverá que se pensar numa proteção distinta contra ataques de vírus no serviço de telemedicina, por exemplo, o que é bem diferente de ataques durante uma navegação.
Essas conclusões estão na pesquisa global “Rumo a um mundo 5G mais seguro”, realizada pela Business Performance Innovation (BPI) Network, em parceria com a A10 Networks, e envolveu mais de 100 líderes de negócios e tecnologia, predominando as operadoras de telefonia móvel, e demonstra a rapidez com que a indústria ruma em direção ao 5G.
O 5G trará uma grande transformação em vários setores, por isso ninguém quer ficar de fora. Um estudo da BPI Network realizado um ano antes, já mostrava essa direção. Nesses 12 meses de intervalo entre as pesquisas, percebeu-se um progresso significativo: há um ano 26% dos entrevistados disseram que ‘caminhavam rapidamente para a implementação comercial’. Em 2020, 45% dos pesquisados acreditam já estar neste ponto. Pelo menos 75% dos entrevistados atuais afirmam que as empresas onde atuam estão com testes piloto. E para 71% as implantações comerciais começarão em 18 meses, incluindo 32% que afirmam que já começaram ou iniciarão as construções de rede em 2020.
A maioria dos primeiros players inicialmente concentra esforços na implementação do padrão 5G (NSA) não autônomo já aprovado. No entanto, alguns planejam mudar diretamente para o 5G (SA) autônomo, e muitos (35% dos entrevistados) já estão proativamente planejando o padrão SA. Na verdade, as principais operadoras, incluindo T-Mobile, AT&T e Verizon planejam construir redes com 5G autônomo no próximo ano.
No topo da lista dos desafios, a segurança 5G
Além dos enormes investimentos iniciais, as redes 5G apresentam desafios significativos e riscos potenciais para as operadoras e a sociedade. Os entrevistados apontam entre os desafios 5G: o alto custo de construção da rede (59%); segurança de rede (57%); e a necessidade de desenvolver novas habilidades técnicas (55%). Outro desafio é a falta de dispositivos habilitados para 5G (42%).
A segurança 5G continua a ser um requisito essencial para as redes de acordo com os entrevistados. Praticamente todos os entrevistados (98%) acreditam num crescimento no tráfego de rede, dispositivos conectados e casos de uso de IoT de missão crítica, o que aumenta as preocupações com segurança e confiabilidade para operadoras de celular 5G.
O resultado são mudanças significativas nos investimentos em tecnologia de segurança. Para cerca de 52% dos entrevistados, as preocupações com a segurança 5G afetam os investimentos atuais em TI; outros 41% dizem que estão revisando como o 5G afetará os investimentos futuros em segurança.
Progresso rumo às infraestruturas nativas da nuvem
O 5G não autônomo compartilha a infraestrutura de rede central existente com o 4G, enquanto o autônomo (SA) exigirá um núcleo de rede totalmente novo que utiliza a arquitetura nativa da nuvem, baseada em serviços, com funções de rede virtualizadas e na nuvem, uma rede definida por software. O 5G autônomo e a cloudification (transferência de dados para nuvem que desafoga o data center) do núcleo de rede trarão vantagens significativas em termos de menor latência, entrega mais rápida dos novos serviços e flexibilidade por meio de divisão de rede que será importante para muitos casos de uso e aplicações de próxima geração.
O movimento em direção à virtualização das redes está bem encaminhado. A maioria dos entrevistados na pesquisa acredita que a virtualização das funções de rede é muito importante (59%) ou importante (36%) para os seus planos a respeito do 5G.
Os operadores também acreditam que o uso de contêineres será importante para a construção do 5G. Uma maioria significativa afirma que estão utilizando a tecnologia em testes. Enquanto apenas 7% dos entrevistados afirmam que suas empresas estão avançando com rapidez na adoção de contêineres em grande escala, outros 12% dizem que estão fazendo uso significativo de contêineres em áreas específicas. Outros 52% relatam que estão em uso em testes iniciais.
Novos casos de uso 5G
Obter retorno sobre os pesados investimentos em redes de próxima geração é a preocupação chave para as operadoras. Tanto que para os entrevistados, o desafio número um para o 5G é o alto custo para a construção da rede.
Durante a primeira fase do 5G, as operadoras acreditam que a banda larga móvel aprimorada, ou a conectividade de alta velocidade e as melhores conexões impulsionarão as receitas e oferta de serviços para 5G. No entanto, os casos de uso de Internet das coisas, como automação industrial e cidades inteligentes também são percebidos como oportunidades nas primeiras implantações 5G. Os casos de uso de IoT e dispositivos estão crescendo em várias localidades. De acordo com o Gartner, a IoT corporativa e automotiva chegará a 5,8 bilhões de endpoints em 2020, um aumento de 21% em relação a 2019.
Os entrevistados preveem que, em cinco ou seis anos, as cidades inteligentes, os veículos conectados e a conexão de alta velocidade estarão virtualmente ligados como os principais usos que geram receitas ao 5G. A manufatura inteligente também continuará a ser o principal motivador do uso de 5G. Estas serão apenas algumas das muitas possibilidades proporcionadas pelo 5G, embora ainda existam alguns desafios na sua implementação em diversos países.