Tecnologia: A maior aliada do setor de seguros
Paulo de Godoy, country manager da Pure Storage no Brasil
Se tem algo que a atual crise de saúde nos mostrou é como a tecnologia é fundamental para manter as operações comerciais em praticamente todas as indústrias. Com o setor de seguros não é diferente. Apesar de ser um mercado sólido, ele também está enfrentando novos desafios. Além do crítico momento financeiro (como foi apontado recentemente pela Lloyd’s que prevê uma perda global de US$ 203 bilhões no setor de seguros devido à pandemia) vieram à tona também os riscos relacionados à segurança cibernética, expectativa de nível de serviço e a necessidade de aumentar cada vez mais a eficiência e os projetos de inovação na rotina das operações.
Hoje, a modernização das seguradoras é questão de sobrevivência, principalmente quando analisamos novos players surgindo no mercado com ofertas 100% digitais. E, felizmente, o setor de seguros está reagindo da melhor forma, adotando processos com foco na transformação digital e desbravando novas oportunidades de negócios por meio de tecnologias mais modernas.
Análise de dados, um vetor de rentabilidade e eficiência
As seguradoras já estavam um passo à frente nessa história – foram as primeiras a adotar e extrair valor da IA – inteligência artificial e da análise de dados, especificamente em duas funcionalidades.
A primeira delas é o uso de chatbots para gerenciar o atendimento ao cliente por meio de assistentes virtuais, e que acabou se tornando uma prática muito comum na indústria. Essa automação inteligente acelera o atendimento dos clientes, eliminando a necessidade de entrar em contato via call centers, por exemplo.
A análise de dados também é utilizada para obter insights do imenso volume de informações coletadas pelas seguradoras. O analytics pode identificar padrões rapidamente e atender às necessidades das equipes de BI – business intelligence, destacando quais práticas de seguro são bem-sucedidas e quais não são. As informações obtidas a partir das análises podem até permitir que as seguradoras ajustem suas ofertas de forma mais dinâmica e personalizada, atualizando automaticamente de acordo com o comportamento do cliente.
Além disso, dispositivos e objetos conectados agora têm um papel fundamental na melhoria da análise de dados e na personalização de políticas para o benefício do cliente final. Por exemplo, em casos de prêmios mais baixos de seguros, o motorista pode permitir a integração de um dispositivo IoT – Internet das coisas em seu carro para medir velocidade, tempo de reação e uso geral de um veículo. Se o cliente dirigir com responsabilidade e dentro dos termos do contrato de seguro, já pode esperar uma apólice mais barata. Dentro da perspectiva da seguradora, é possível combinar todos esses dados da base de clientes e cruzar as referências por meio de análises para extrair valor dessas informações.
A automação de processos diários é outra parte importante da estratégia de transformação digital das seguradoras. Por exemplo, graças à automação, tarefas tradicionalmente manuais, como a coleta de informações quando o cliente abre uma reclamação, agora podem ser processadas de forma mais rápida por meio de software automatizado, aumentando o nível de competitividade da empresa e oferecendo um serviço mais ágil a custos reduzidos. Para implementar a automação, as seguradoras precisam revisar sua arquitetura de aplicações, adotar a cultura DevOps e o conceito de conteinerização (processo de distribuir uma aplicação de software por repartições) que agiliza as aplicações.
Gerenciamento de dados, o desafio atual das seguradoras
As seguradoras reconhecem o potencial dos dados como uma alavanca competitiva e a importância deles para obter insights sobre os clientes. No entanto, um obstáculo comum para empresas desse setor é a dificuldade em explorar completamente o valor dessas informações, porque muitos deles foram coletados de diferentes fontes em silos. Isso significa que esses dados não podem ser movidos facilmente entre aplicações ou ambientes de TI. Desta forma, esse fator se torna um limitador, já que as informações não podem ser correlacionadas ou analisadas na íntegra.
Cientes de que os dados têm muito mais valor quando podem ser acessados de qualquer lugar, as seguradoras entendem a importância de utilizar um ambiente moderno de TI, que consiste em estratégias de dados baseadas em modelos de consumo flexíveis tanto on-premises, quando nas nuvens privadas e públicas – alinhando aplicações de cargas de trabalho com a infraestrutura mais eficaz.
“Assegurando” os dados
As ameaças à segurança cibernética também aumentaram nas últimas semanas. Muitas empresas foram vítimas de ataques de ransomware, e a frequência aumentou durante este período de crise.
Para superar esse risco, que não se restringe somente ao cenário atual e deve acentuar ao longo dos anos, as empresas precisam desenvolver um plano para proteger dados e backups, que são os principais alvos dos hackers. Os dados podem ser restaurados por meio de backups tradicionais, que podem levar muito tempo e gerar impacto negativo de várias maneiras, como impedir que funcionários e clientes acessem sistemas e serviços e, consequentemente, a perdas nos negócios. Ou também por meio de snapshots, projetados para proteger os dados da mesma forma que os backups, mas com o objetivo de minimizar a perda de dados e o reduzir o tempo de restauração. Os snapshots servem como um índice detalhado e protegem os metadados que servem como guia para a restauração dos sistemas corporativos, acelerando drasticamente o processo.
A tecnologia é um verdadeiro aliado das seguradoras
Seja na implementação da análise de dados, na modernização da TI ou na adoção de medidas de proteção constante dos dados, as seguradoras têm em mãos uma enorme oportunidade para otimizar e melhorar os serviços por meio de novas tecnologias e da transformação digital.
Afinal, vivemos um momento em que as pessoas estão completamente cientes dos riscos aos quais estão expostas, e agora sim é o momento para as seguradoras mostrarem que podem mantê-las mais protegidas. Uma coisa é certa, a maioria dos players já está ciente da necessidade de inovar e transformar. É mais do que uma tendência, é uma mudança já iniciada por boa parte do setor.
Paulo de Godoy tem 20 anos de experiência no mercado de TI, com foco em vendas de soluções para empresas de armazenamento, segurança, integração e interconectividade. O executivo ocupou cargos de liderança em empresas de destaque no setor tecnológico, como Hitachi, IBM e NetApp. Paulo iniciou as atividades na Pure Storage como gerente de vendas em 2014, e em 2016 assumiu a gerência geral da companhia no Brasil.