Tecnologias da indústria 4.0 aumentam em 22% a produtividade de pequenas e médias empresas
Redação, Infra News Telecom
Um programa piloto executado pelo SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial mostrou que as tecnologias digitais empregadas na indústria 4.0 aumentam a produtividade das micros, pequenas e médias empresas, em média, 22%. O projeto envolveu 43 empresas brasileiras de 24 estados e é o primeiro a testar, em todas as regiões do país, o impacto na produção do uso de ferramentas de baixo custo, como sensoriamento, computação em nuvem e IoT – Internet das coisas.
Os pilotos foram realizados entre maio de 2018 e outubro deste ano em empresas dos segmentos de alimentos e bebidas, metalmecânica, moveleiro, vestuário e calçados. Os especialistas do SENAI instalaram nas empresas participantes sensores e coletores e as informações desses dispositivos foram transmitidas para a plataforma MInA – Minha Indústria Avançada, que permite acesso aos dados de produção da máquina sensoriada. O equipamento instalado pelo SENAI em cada empresa custou até R$ 3 mil.
Por meio de tablets e celulares, os gestores acompanharam, em tempo real, o desempenho da linha de produção e, com isso, conseguiram ter maior controle de indicadores do processo e se antecipar a eventuais problemas.
As empresas escolhidas já possuíam bom índice de produtividade antes do piloto, pois elas passaram pelo programa Brasil Mais Produtivo. O programa do Governo Federal, executado pelo SENAI, elevou em 52%, em média, a produtividade de 3000 micro, pequenas e médias indústrias por meio de técnicas de manufatura enxuta (lean manufacturing).
A Japastel, pequena indústria de Salvador, BA, que produz massas para pastel e pizza, por exemplo, conseguiu elevar em 32,8% a sua capacidade produtiva com uso de sensores na máquina de empacotamento de pizza. A empresa já havia alcançado ganho de 100% ao passar pelo Brasil Mais Produtivo. Ou seja, ao participar das duas etapas, a companhia mais que dobrou a sua produção com o mesmo time de colaboradores e sem aumentar o custo.
“A tecnologia ajudou a otimizar o tempo e diminuiu o desperdício. Com isso, foi possível aumentar o lucro, pois conseguimos utilizar melhor a matéria prima”, disse Rose Fukuhara, proprietária da Japastel, acrescentando que hoje ela tem outra percepção do que é a indústria 4.0. “Antes eu achava que o investimento seria muito alto”.
O gerente-executivo de inovação e tecnologia do SENAI, Marcelo Prim, explica que as empresas que obtiveram maiores ganhos com as tecnologias digitais foram aquelas que utilizavam menos técnicas de gerenciamento da produção antes de participar do programa. “A técnica nova, ao ser introduzida em uma empresa que utiliza poucos métodos de gestão, proporciona um ganho maior de produtividade”, acrescenta.
Segundo Prim, todas as áreas atendidas tiveram, em média, um ganho significativo de produtividade, porém, com pequenas diferenças em relação a quanto cada uma conseguiu incorporar a nova tecnologia a seu processo produtivo. “O ganho de produtividade está mais relacionado com o quanto se aprende com o processo produtivo e como esse aprendizado se transforma em ações concretas. Trata-se mais de uma ciência de dados e de capacitação de pessoas do que de automação de processos”, diz.
A análise dos resultados do programa piloto também mostrou que a percepção do ganho obtido com a tecnologia é muito afetada pelo porte da empresa. As médias e grandes empresas tendem a investir em tecnologias da indústria 4.0 para dar continuidade aos esforços de aumento de produtividade. Já os micro e pequenos empresários valorizam mais a agilidade permitida pelo sistema.
“O sistema permite aprender com o processo produtivo, diminuindo o tempo de resposta, tornando-o mais ágil e previsível. Garantir que aquilo que o empresário planejou será entregue nos prazos que ele combinou com o mercado traz um nível de competitividade maior para a pequena empresa e ela consegue se inserir mais facilmente nas cadeias de valor”, analisa Prim.
Outra participante do projeto foi a 3A Alumínio, que produz portas e janelas de metal. De acordo com Domingos Moreira Cordeiro, proprietário da empresa, houve um aumento de 25% em produtividade e organização com o uso de tecnologias digitais. “O benefício foi grande. Hoje conseguimos enxergar a performance de cada estação de trabalho em tempo real”, diz ele. A indústria já havia passado pelo Brasil Mais Produtivo, em 2017, quando conseguiu ganhos de 86% em seu sistema produtivo.
A experiência, a primeira com indústria 4.0 da empresa, estimulou o empresário a avançar nesse campo. Com a ajuda de sua equipe de TI – tecnologia da informação, ele desenvolveu um novo sistema que controla a saída do produto final, assim como as ordens de serviços em execução, o processo de montagem e o tempo-padrão de produção.
Outro exemplo é o da Engedom Artefatos de Metais, indústria metalmecânica que produz utilidades domésticas, de São Paulo. O trabalho ocorreu na área de lavanderia e metalurgia do varal de piso com abas. A tecnologia elevou em 50,41% a produtividade da empresa, que já estava com o processo organizado após ter passado pelo Brasil Mais Produtivo, quando tinha obtido ganhos de mais de 200%.