Transformação digital pode reforçar recuperação econômica do Brasil, afirma a OCDE
Redação, Infra News Telecom
As ferramentas digitais e a conectividade têm se revelado essenciais para ajudar empresas e pessoas a resistirem à crise causada pela Covid-19. A declaração de Angel Gurría, secretário-geral da OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico vem na direção dos resultados apresentados pelos relatórios “A caminho da era digital no Brasil” e “Telecomunicações e radiodifusão no Brasil 2020”, elaborados pela organização. “Enquanto o Brasil e o mundo trabalham para enfrentar essa crise devastadora, deve-se fazer de tudo para aproveitar as oportunidades oferecidas pela digitalização de modo a fortalecer a recuperação e construir uma economia futura resiliente e inclusiva”.
Apesar dos recentes avanços em transformação digital, o Brasil está atrasado no investimento em inovação e no nível de capacitação da mão de obra. O relatório da OCDE recomenda formas de aumentar a adoção das tecnologias digitais entre pessoas e empresas, fortalecer a segurança digital e a privacidade e estimular a inovação. A organização recomenda uma melhor coordenação das políticas de transformação digital entre ministérios e agências governamentais e maiores recursos para a estratégia brasileira de transformação digital (E-Digital).
Já a avaliação sobre telecomunicações e radiodifusão mostra como o Brasil pode alcançar economias desenvolvidas no acesso a serviços de comunicação, que são fundamentais para uma transformação digital inclusiva e bem-sucedida. O relatório sugere ações nas áreas de comunicação e radiodifusão para melhorar as condições de mercado, a concorrência e o arcabouço de política pública e regulação. Também é recomendada uma reforma da estrutura de impostos.
De acordo com o material, a criação de uma agência reguladora unificada independente para os setores de telecom e radiodifusão ajudaria a baixar os preços e melhorar a qualidade dos serviços. Outra proposta é introduzir um regime de licenciamento simplificado, baseado em uma licença única para os dois setores, reduziria os custos jurídicos e os encargos administrativos para os operadores. “O futuro leilão do espectro 5G deve ser cuidadosamente desenhado para garantir uma cobertura de rede ideal e condições de concorrência”.
Avanços e desafios
A proporção de domicílios com acesso à Internet aumentou de 40% em 2013 para 67% em 2018 e a proporção de adultos usuários de Internet cresceu de 50% para 72%, no mesmo período. O documentos ainda destacam que novas leis reforçaram a segurança digital, a proteção dos consumidores e dos dados pessoais. “O Brasil criou uma estrutura institucional exemplar para a governança da Internet, o Comitê Gestor da Internet, e tomou medidas para promover a concorrência nos mercados de serviços móveis e fortalecer a independência da agência reguladora de telecomunicações”.
Mas ainda há muitos desafios que precisam ser superados. Quase um quarto dos adultos brasileiros nunca tinha utilizado a Internet até 2018. Os dados também mostram que o uso da Internet está fortemente relacionado aos níveis de escolaridade, renda e idade. Existe uma exclusão digital persistente entre populações urbanas e rurais, com 75% da população adulta em áreas urbanas utilizando a Internet contra apenas 49% nas zonas rurais.
A banda larga fixa é menos acessível no Brasil do que a móvel. Enquanto o Brasil tinha 90 assinaturas de banda larga móvel a cada 100 habitantes em junho de 2019, não muito atrás da média da OCDE de 113, a penetração da banda larga fixa de 16% constitui apenas metade da média da OCDE, de 31%. Apenas 54% das empresas com 10 ou mais empregados tinham um site em 2019, em comparação com a média da OCDE de 78%. Além disso, ainda que o comércio eletrônico venha crescendo, apenas 21% das empresas realizaram vendas on-line em 2019.