Três mudanças importantes que a IA trouxe para os jogos Olímpicos
Prof.ª e Dra. Alessandra Montini
Já parou para refletir sobre o impacto da IA – inteligência Artificial nas Olimpíadas de 2024? Em Paris, a tecnologia não apenas fez sua estreia, mas transformou profundamente a forma como o esporte é praticado e apreciado. Desde a personalização dos treinos até a precisão na arbitragem, a IA trouxe uma nova perspectiva para o evento. Estamos testemunhando uma revolução no esporte, onde a inovação tecnológica redefine o padrão das competições.
Os cerca de 9 bilhões de euros investidos nos Jogos vão muito além da realização do evento. As inovações tecnológicas que foram implementadas têm o potencial de criar um legado duradouro tanto para a cidade quanto para o setor esportivo global.
Veja três mudanças importantes que a IA trouxe para os jogos.
Otimização do treinamento e desempenho
A primeira grande contribuição da IA foi na otimização do treinamento e no aprimoramento do desempenho dos atletas. Nos Jogos Olímpicos de Paris, vimos a aplicação de wearables e dispositivos IoT – Internet das coisas que monitoram e aprimoram o desempenho dos atletas.
A integração de sistemas avançados de análise de dados e aprendizado de máquina permitiu uma personalização sem precedentes dos regimes de treinamento. Algoritmos foram usados para processar grandes volumes de dados provenientes de sensores biométricos, câmeras de alta definição e dispositivos vestíveis, criando perfis detalhados das condições físicas e técnicas dos atletas.
Por exemplo, em esportes como o atletismo e a natação, a IA foi empregada para monitorar e ajustar técnicas com uma precisão que antes parecia impossível. Sensores de movimento e análise de vídeo em alta velocidade ajudaram a refinar a técnica dos atletas, identificando pequenos ajustes que poderiam melhorar significativamente o desempenho. A capacidade de prever a fadiga e ajustar os planos de treinamento em tempo real trouxe um novo nível de eficiência e eficácia.
Melhoria na arbitragem e julgamento
O uso de sistemas baseados em IA para análise de vídeo e revisão de decisões ajudou a reduzir o erro humano e garantir decisões mais justas. Esses sistemas foram capazes de revisar em questão de segundos imagens em alta definição e detectar infrações com um nível de detalhe impressionante, muito além da capacidade dos árbitros humanos.
Um exemplo notável foi a implementação de algoritmos de reconhecimento de padrões para analisar ações complexas e detectar infrações em esportes como a ginástica. A IA foi capaz de identificar toques e movimentos ilegais com uma precisão que ajudou a garantir que as decisões fossem baseadas em dados objetivos, minimizando a subjetividade.
Uma nova experiência ao espectador
Além dos aspectos técnicos, a IA também transformou a experiência do espectador. Primeiro, vale destacar que foram mais de 11 mil horas de cobertura, com maior número de dados, novos ângulos de câmera e gráficos avançados.
A personalização das transmissões e a interação em tempo real foram elevadas a um novo patamar. Algoritmos de recomendação ajustaram os conteúdos exibidos de acordo com as preferências individuais dos espectadores, enquanto a realidade aumentada e os assistentes virtuais proporcionaram uma imersão mais profunda nas competições.
Por exemplo, a IA foi utilizada para criar análises detalhadas e insights durante as transmissões ao vivo, oferecendo aos espectadores informações sobre estratégias, desempenho e estatísticas em tempo real. Essa personalização não apenas tornou as transmissões mais envolventes, mas também ajudou a educar o público sobre aspectos técnicos dos esportes, promovendo uma apreciação mais profunda e informada das competições.
Diretora do LABDATA-FIA, apaixonada por dados e pela arte de lecionar, Alessandra Montini tem muito orgulho de ter criado na FIA cinco laboratórios para as aulas de Big Data e inteligência Artificial. Possui mais de 20 anos de trajetória nas áreas de Data Mining, Big Data, Inteligência Artificial e Analytics.
Cientista de dados com carreira realizada na Universidade de São Paulo, Alessandra é graduada e mestra em estatística aplicada pelo IME-USP e doutora pela FEA-USP. Com muita dedicação, a profissional chegou ao cargo de professora e pesquisadora na FEA-USP, e já ganhou mais de 30 prêmios de excelência acadêmica pela FEA-USP e mais de 30 prêmios de excelência acadêmica como professora dos cursos de MBA da FIA. Orienta alunos de mestrado e de doutorado na FEA-USP. Membro do Conselho Curador da FIA, é coordenadora de grupos de pesquisa no CNPq, parecerista da FAPESP e colunista de grandes portais de tecnologia.