Três passos para transformar os serviços de telecomunicações
Paulo de Godoy, country manager da Pure Storage no Brasil
Entre as décadas de 1950 e 1980, a Kodak detinha a maior parte (cerca de 70%) do mercado de filmes dos EUA e era uma das marcas mais fortes do mundo. Mas quando a marca não respondeu à mudança do mercado de filme físico para o armazenamento digital, seu slogan icônico, “A Kodak Moment”, ganhou um significado sombrio no jargão corporativo: o momento em que uma empresa não consegue antecipar as demandas do mercado e do consumidor e fica para trás.
Para as telecomunicações, essa história é particularmente comovente. Somente na última década, serviços OTT – over-the-top, como o WhatsApp, forçaram os líderes do setor a transformar suas prioridades de modelo de negócios, mudando o valor dos planos de consumo de chamadas e de SMS para dados. Em 2020, o número de assinaturas de banda larga móvel ativas atingiu 7,7 bilhões no mundo inteiro – um aumento significativo em relação aos 3,3 bilhões em 2015.
E os consumidores não estão apenas mais conectados. Eles também esperam serviços mais personalizados e inteligentes de seus provedores de serviços. Mas nem todas as empresas de telecomunicações estão atendendo a essas demandas ou percebendo como os dados são fundamentais para o sucesso.
Em vez disso, as telecomunicações são muitas vezes vistas como um encanamento para serviços ao consumidor, como Netflix ou Amazon Prime, em vez de geradores de valor que desenvolvem serviços inovadores e de valor agregado. Para satisfazer as demandas atuais dos consumidores e remodelar o futuro da comunicação, as principais empresas do setor precisam usar os dados valiosos dos clientes e redes para ajudar a impulsionar novos modelos de negócios, encantar o cliente e desenvolver produtos.
Ou seja, tudo deve estar centrado em dados, e isso requer uma abordagem de três etapas.
Primeiro passo: Uma nova cultura
Tornar-se uma empresa guiada por dados não se trata apenas de ter os recursos corretos de análise ou ciência de dados. Requer uma mudança completa na cultura da empresa. Para que essas informações gerem insights valiosos, é fundamental incorporar a tomada de decisões orientada por dados em todos os níveis da organização.
Na prática, isso significa criar uma “visão 360 graus” dos dados do cliente que pode ser acessada por quem precisa, em todos os departamentos. Com isso, gera-se personalização das comunicações e serviços e direcionamento dos principais grupos em crescimento.
Mas, lembre-se: 90% dos consumidores afirmam que deveriam ser capazes de ver e excluir os dados que as empresas coletam sobre eles. Por isso, a maneira como você usa os dados precisa ser transparente e segura para garantir que a confiança do cliente seja consolidada em seus processos.
Segundo passo: Construa o alicerce que viabiliza a transformação
A infraestrutura certa é fundamental para categorizar, monetizar e aplicar insights baseados em dados em escala. Também é um fator-chave para tirar as telecomunicações da posição de “encanamento” e transformar em “plataforma” com bases estabelecidas para serviços inovadores.
Por exemplo, conforme a IoT – Internet das coisas e o 5G se desenvolvem, as empresas precisam da infraestrutura certa para armazenar os enormes volumes de dados que essas tecnologias geram. De acordo com a IDC, o 5G movimentará 25,5 bilhões de dólares no Brasil até 2025, impulsionando a maior adoção de tecnologias como inteligência artificial, big data & analytics, cloud, segurança, AR/VR, robotics e IoT.
Com a infraestrutura adequada, como armazenamento de dados habilitado para nuvem e plataformas de gerenciamento, é possível usar esses dados a favor dos negócios e concentrar em gerar valor com serviços e produtos novos e direcionados.
Terceiro passo: Das táticas à estratégia
Conforme as empresas de telecomunicações procuram transformar simultaneamente seus modelos de negócios e econômicos, tecnologia e envolvimento do cliente, a implementação de uma estratégia de dados clara e robusta é uma etapa vital para comunicações, serviços e projetos preparados para o futuro.
Mas, de acordo com pesquisas recentes, enquanto 65% das telcos têm um roteiro para uma estratégia digital, mais de 61% não têm uma estratégia de gerenciamento de dados em vigor. É uma área em que a indústria está ficando para trás.
Veja abaixo algumas sugestões para garantir uma boa estratégia.
• Identificar – ou “marcar” – os dados, para que seja possível entender o que eles fazem e o valor que agregam.
• Apresentar uma estrutura clara, como um único ponto onde os dados são armazenados e acessados.
• Transformar a governança e segurança dos dados em prioridades estratégicas para impulsionar a confiança do cliente e proteger os negócios.
Com uma sólida estratégia de dados, é possível garantir que os dados sejam tratados como um ativo na organização e sejam usados de maneira eficaz por todas as equipes. Para que as telecomunicações se tornem provedores de serviços orientados por dados, é preciso uma mudança significativa na forma como operam. E à medida que os conjuntos de dados crescem exponencialmente, eles precisam de uma maneira simplificada de armazenar esses dados com eficiência e usá-los para impulsionar o crescimento futuro e melhorar a comunicação.
Paulo de Godoy tem 20 anos de experiência no mercado de TI, com foco em vendas de soluções para empresas de armazenamento, segurança, integração e interconectividade. O executivo ocupou cargos de liderança em empresas de destaque no setor tecnológico, como Hitachi, IBM e NetApp. Paulo iniciou as atividades na Pure Storage como gerente de vendas em 2014, e em 2016 assumiu a gerência geral da companhia no Brasil.