Tudo o que você ainda precisa saber sobre o 5G no Brasil – mas ninguém contou
Prof.ª e Dra. Alessandra Montini
O 5G finalmente chegou ao Brasil. Após um bom tempo de espera, indefinição e negociação, a primeira faixa exclusiva para esse tipo de tecnologia finalmente foi aberta em 6 de julho de 2022. Brasília, a Capital Federal, foi a escolhida para receber essa tecnologia que promete entregar alta velocidade de conexão e destravar, finalmente, o conceito de IoT – Internet das coisas aqui no Brasil. Como toda tecnologia, a entrada em operação é cercada de expectativas e, claro, receios sobre a viabilidade de implementação em todo o território nacional.
No ambiente corporativo, por exemplo, praticamente sete em cada dez empresas (71%) admitem que pretendem utilizar a tecnologia 5G em seus processos nos próximos cinco anos, segundo levantamento conduzido pela KPMG. Entre os usuários o cenário não é muito diferente: 84% dos brasileiros acreditam que ela vai transformar totalmente a forma de acessar a Internet, apesar de apenas 36% admitirem que conhecem bem o tema, de acordo com a consultoria IDC.
É preciso explicar todos os pontos inerentes à entrada do 5G no mercado brasileiro para que eventuais dúvidas ou preocupações não atrapalhem a adaptação de todos a esta nova realidade. Por isso, conheça abaixo quais situações (ainda) não foram contadas para todos.
Aparelhos precisam estar adaptados para a tecnologia
Oito capitais do Brasil já possuem faixa exclusiva para a frequência da conexão 5G: Brasília, DF, Porto Alegre, RS, Belo Horizonte, MG, João Pessoa, PB, Curitiba, PR, Goiânia, GO, Salvador, BA, e São Paulo (na próxima segunda, 22/8, as cidades de Florianópolis, SC, Palmas, TO, Rio de Janeiro e Vitória, ES, terão a tecnologia liberada). Mas se você acha que basta apontar o celular nessas cidades para utilizar o 5G, está muito enganado. Grande parte dos aparelhos terá que passar por atualizações e alguns até precisarão ser trocados para se habilitarem a esta conectividade. As principais fabricantes de celulares já correm contra o tempo para adaptarem esse recurso em seus clientes. Em alguns casos, até mesmo o chip poderá ser trocado. Na dúvida, contate sempre a sua operadora.
Vai levar um tempo para perceber a diferença
A grande promessa do 5G é a velocidade altíssima, permitindo uma conexão tranquila em diferentes equipamentos e ferramentas. Isso vai permitir, por exemplo, que os aparelhos possam conversar entre si, numa das ideias centrais da Internet das coisas. Mas, assim como outras novidades tecnológicas, seus efeitos irão demorar para serem percebidos pelas pessoas. Assim, não pense que conseguirá fazer downloads rápidos e ter uma navegação tranquila do dia para a noite, praticamente.
O tempo de latência é mais importante do que a velocidade
Todos falam da velocidade rápida da conexão 5G. Sem dúvida, esse é o grande chamariz para os usuários e empresas, uma vez que permite a possibilidade de acessar robustos softwares de forma tranquila. Entretanto, é o tempo de latência que deve fazer a diferença em todo o mundo. Isso porque se refere justamente ao tempo de resposta a uma determinada ação. Quanto menor, menos risco de demora e instabilidade. Com a redução significativa nesse intervalo de tempo, é possível finalmente suportar uma conexão de alta velocidade.
Vai demorar para se estabelecer no país
Neste primeiro momento, o 5G chegou em algumas capitais do Brasil – e nada indica que sua implementação vai ser mais rápida. De julho de 2022, a Anatel já esticou o prazo para atender as demais capitais estaduais até setembro de 2022. A partir daí, uma transição gradual que passa por cidades acima de 500 mil habitantes, 400 mil, 200 mil até chegar às menores cidades do país em 2029. Dessa forma, não é exagero dizer que o 5G vai ser um recurso para poucos pelo menos em suas primeiras etapas.
Risco (grande) de conexão instável
Sabe aquela sensação ruim de não ter uma conexão estável de Internet, que te abandona sempre quando você mais precisa dela? Pois é, com o 5G isso pode continuar a ser um problema: a simples presença de árvores pode servir como bloqueador do novo sinal. Isso ocorre porque a conexão viaja em um espectro de frequências muito grande, mas é uma relação inversa: quanto mais frequência, menor o alcance. Assim, paredes, árvores e edifícios derrubam o sinal e podem complicar a vida dos usuários que esperam a alta velocidade.
Diretora do LABDATA-FIA, apaixonada por dados e pela arte de lecionar, Alessandra Montini tem muito orgulho de ter criado na FIA cinco laboratórios para as aulas de Big Data e inteligência Artificial. Possui mais de 20 anos de trajetória nas áreas de Data Mining, Big Data, Inteligência Artificial e Analytics.
Cientista de dados com carreira realizada na Universidade de São Paulo, Alessandra é graduada e mestra em estatística aplicada pelo IME-USP e doutora pela FEA-USP. Com muita dedicação, a profissional chegou ao cargo de professora e pesquisadora na FEA-USP, e já ganhou mais de 30 prêmios de excelência acadêmica pela FEA-USP e mais de 30 prêmios de excelência acadêmica como professora dos cursos de MBA da FIA. Orienta alunos de mestrado e de doutorado na FEA-USP. Membro do Conselho Curador da FIA, é coordenadora de grupos de pesquisa no CNPq, parecerista da FAPESP e colunista de grandes portais de tecnologia.