Você está preparado para um mundo BANI?
Edgar Amorim, Facilitador DiSC e coach executivo, da Amorizar Pessoas
De vez em quando surge um termo novo para definir alguma nova teoria ou abordagem. No início de 2020 uma expressão ganhou força e passou a ser adotada para definir os momentos de grandes transformações que estamos vivendo nos últimos anos e mais intensamente na pandemia. Trata-se do “mundo BANI”.
BANI é um acrônimo das palavras inglesas Brittle, Anxious, Nonlinear e Incomprehensible, que significam, frágil, ansioso, não-linear e incompreensível, respectivamente. Mal conseguimos entender e nos preparar para o mundo VUCA (Volatillity, Uncertainly, Complexity e Ambiguity – volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade) e outro conceito surge com muita força.
Afinal, qual é a intenção desses conceitos e qual a importância de conhecê-los?
Muitos pesquisadores estudam a realidade e a interação social dentro das várias atividades e sugerem cenários atuais e futuros. É importante conhecer esses cenários para que os indivíduos e a sociedade de um modo geral se preparem para minimizar dificuldades e otimizar ganhos.
Conhecer esses cenários também nos permite descobrir quais competências precisaremos desenvolver para enfrentá-los da melhor maneira possível. Quando mencionamos o mundo VUCA, além de definir um cenário de volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade, também estamos abrindo a possibilidade de conhecer as competências necessárias para enfrentá-lo.
Com a velocidade que a tecnologia tem influenciado nossas vidas e com a mudança brusca em todas as áreas e atividades causadas pela pandemia, o conceito do mundo BANI foi apresentado por Jamais Cascio, antropólogo e futurista norte-americano. Ele diz que o mundo VUCA já não descreve o cenário atual, que se tornou mais imprevisível.
No mundo BANI a fragilidade se apresenta de forma intensa – as coisas parecem muito fortes até sofrerem uma falha: um hacker pode atacar um sistema ou furtar dados a qualquer momento; um novo e grave vírus pode surgir de repente; um incêndio pode atingir uma central elétrica – a fragilidade é uma realidade. Outra característica é a ansiedade; as pessoas precisam tomar decisões mais rápidas e nem sempre com informações seguras à mão e então ficam ansiosas.
Além disso, a cobrança por resultados trazem a ansiedade de não poder errar. Os acontecimentos dos últimos anos, em várias áreas, acabam nos deixando ansiosos com o que pode vir a acontecer no próximo instante. As redes sociais também colaboram com a ansiedade, pois as pessoas ficam na expectativa da próxima mensagem ou aguardando a próxima oferta.
Ainda temos a não-linearidade, atualmente nos envolvemos com muitas coisas ao mesmo tempo e tem ficado cada vez mais difícil seguir processos, pois a todo instante temos que lidar com outras atividades, que também são necessárias. Então começamos uma atividade, interrompemos para atender uma questão de um cliente, enviamos o e-mail, que já passou do prazo, e depois retornamos ao início e assim por diante.
Finalmente, o mundo BANI também aponta o incompreensível como parte da realidade atual. Vemos muitas decisões sendo tomadas e que, muitas vezes, parecem absurdas. As informações disponíveis já não explicam os acontecimentos – e atente que nunca tivemos tantas informações disponíveis. Podemos citar as informações advindas de pesquisas eleitorais, que têm falhado em suas previsões – o que não acontecia até há pouco tempo. Tentar compreender os cenários atuais está sendo muito difícil, apesar de tanta informação.
Nesse cenário, as pessoas e as empresas terão que buscar novas formas de atuar. Particularmente, as pessoas têm que desenvolver novas competências, ou ajustar as existentes, para conseguirem obter um desempenho satisfatório e evitar o estresse ou falhas.
Quando sabemos o que vamos enfrentar fica mais fácil nos preparar. Saiba que o mundo atual é BANI – frágil, traz ansiedade, é não-linear e incompreensível. Pense nessas características, avalie as competências que precisa desenvolver, monte um plano de ação e ponha em prática.
É instrutor certificado Everything DiSC®️ formado pela Wiley Publishing, nos EUA, Coach Executivo e analista comportamental pela Sociedade Latino Americana de Coaching, associada da International Association of Coaching (IAC). Pós-graduado em sócio-psicologia pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, MBA em Administração de Negócios pelo Instituto Mauá de Tecnologia e engenheiro eletrônico pela Faculdade de Engenharia São Paulo. Tem mais de 40 anos de experiência em organizações de vários portes, incluindo multinacionais, onde assumiu funções de operações e executivas.