Você já entendeu o Metaverso? É melhor se apressar!
Prof.ª e Dra. Alessandra Montini
Em 28 de outubro de 2021, Mark Zuckerberg anunciou a mudança do Grupo Facebook para Meta, uma redução de Metaverso. Desde então, o que antes era exclusivo de pesquisas acadêmicas e histórias de ficção científica ganhou o noticiário, invadiu as redes sociais e se tornou na expressão da moda. Todos falam, debatem e imaginam o Metaverso.
Não é exagero dizer que apenas aqueles que são totalmente alheios à Internet ou que foram abduzidos por alienígenas não ouviram falar sobre o assunto nos últimos meses. O problema é que isso não significa que as pessoas estão prontas para entenderem essa proposta. Pelo contrário, apesar de tanto tempo em destaque, são poucos os usuários que têm uma visão clara sobre o assunto. Por isso, é melhor se apressar. Quanto mais cedo nos informarmos sobre o Metaverso, mais rápido podemos usufruir de suas vantagens e possibilidades.
Um levantamento realizado pela startup OnTheGo, especializada em pesquisas digitais, mostrou a confusão que ainda temos sobre esse conceito. No total, 56% dos brasileiros afirmaram que estão familiarizados com o termo Metaverso, seja por ter acompanhado nos meios de comunicação ou em suas próprias redes sociais.
Entretanto, na hora de explicar o que seria, de fato, Metaverso, pouco mais da metade dessas pessoas não conseguiram responder corretamente. Ou seja, há interesse de mais e informação de menos. É um movimento até natural se levarmos em conta que o tema explodiu há menos de um ano. Diante da evolução tecnológica, é preciso se acostumar rapidamente às tendências se quiser aproveitá-las realmente.
Dessa forma, é necessário fazer uma explicação sobre o Metaverso. Em linhas gerais, podemos entender como um ambiente totalmente digital em que as pessoas podem realizar as ações que normalmente fazem no mundo real, como jogar, trabalhar, estudar e se socializar. Porém, a teoria é bem mais fácil do que a prática. Tanto que essa proposta não existe ainda, pelo menos não em sua plenitude. O que se vê atualmente são projetos pontuais espalhados pelo mundo.
Mesmo assim, o interesse crescente de pessoas e, principalmente, empresas se justifica pelas possibilidades que serão abertas a partir do Metaverso. Especialistas são unânimes em apontar que é o próximo passo da Internet, da mesma forma que foi a passagem da Web 1.0 para a 2.0. Vai ser um novo momento, com novas características, condições e recursos. Em suma: vai ser uma revolução dentro da revolução tecnológica que presenciamos nas últimas duas décadas.
Além disso, pela primeira vez criou-se um ecossistema propício que permite levar aspectos importantes de nossas vidas para dentro do ambiente digital. Lembram do “Second Life”, o jogo que simulava aspectos da vida real? Pois bem, ele atraiu grande atenção das pessoas por volta de 2007, mas não conseguiu concretizar essa promessa de ambiente virtual imersivo. Faltava, por exemplo, conectividade para garantir escala, recursos para fazer transações dentro do jogo e meios de promover essa imersão.
Agora, porém, não falta mais. A conectividade, por exemplo, tem o suporte da Internet 5G, já em uso em alguns países e que deve chegar nas capitais estaduais do Brasil em setembro de 2022 – a promessa é ser 100 vezes mais rápido do que o 4G. Os meios para imersão também existem com a tecnologia de realidade virtual. Por fim, as transações podem ocorrer com a tecnologia blockchain por meio de criptoativos, combinando agilidade com segurança.
Portanto, o que se vê é o surgimento de uma nova forma de socialização, em que as pessoas interagem por meio de seus avatares. As dificuldades que a pandemia de Covid-19 evidenciou, como a adequação ao trabalho remoto, telemedicina e ensino a distância, seriam facilmente resolvidas com a proposta do Metaverso.
Afinal, a escola, a empresa e o consultório poderiam criar seus próprios espaços de imersão, garantindo a interação necessária mesmo com cada um no conforto de sua residência. Do ponto de vista comercial, algumas marcas já começam a se destacar, permitindo que os usuários possam adquirir produtos e serviços tanto para suas representações virtuais quanto para eles mesmos. Já imaginou escolher um tênis que veste você e seu avatar? Esse é o nível de experiência que se espera nos próximos anos.
Nem bem nos acostumamos com a transformação digital acelerada dos últimos dois anos e já temos que nos preparar para mais mudanças com a chegada do Metaverso. Por isso mesmo, não há mais espaço para dúvida e hesitação. Diante de tantos avanços, é essencial estar atento às inovações que surgem e, principalmente, identificar como elas podem nos ajudar em nossas vidas. Assim, se você ainda ignora o Metaverso e suas possibilidades, é melhor correr para não ficar para trás quando essa realidade chegar.
Diretora do LABDATA-FIA, apaixonada por dados e pela arte de lecionar, Alessandra Montini tem muito orgulho de ter criado na FIA cinco laboratórios para as aulas de Big Data e inteligência Artificial. Possui mais de 20 anos de trajetória nas áreas de Data Mining, Big Data, Inteligência Artificial e Analytics.
Cientista de dados com carreira realizada na Universidade de São Paulo, Alessandra é graduada e mestra em estatística aplicada pelo IME-USP e doutora pela FEA-USP. Com muita dedicação, a profissional chegou ao cargo de professora e pesquisadora na FEA-USP, e já ganhou mais de 30 prêmios de excelência acadêmica pela FEA-USP e mais de 30 prêmios de excelência acadêmica como professora dos cursos de MBA da FIA. Orienta alunos de mestrado e de doutorado na FEA-USP. Membro do Conselho Curador da FIA, é coordenadora de grupos de pesquisa no CNPq, parecerista da FAPESP e colunista de grandes portais de tecnologia.