Você já ouviu falar em G.R.O.W.?
Edgar Amorim, Analista comportamental e coach
As relações interpessoais, sejam profissionais ou pessoais, utilizam-se da comunicação, que nem sempre é interpretada corretamente. Principalmente, porque temos a tendência de interpretar a mensagem dos outros com os nossos filtros desenvolvidos ao longo da vida. Como é usual as pessoas passarem por experiências diferentes, esses filtros podem levar a interpretações também diferentes por parte de quem está ouvindo a nossa explanação. Mais do que nunca, hoje vivenciamos a ocorrência de erros de interpretações nas várias mensagens nas mídias sociais. Um “kkkkk” pode ser interpretado como zombaria, em vez de uma simples expressão de bom humor.
A teoria das comunicações mostra que entre o que um fala e o que o outro entende existem ruídos e o filtro de vida desse outro, o que traz grande probabilidade de sermos mal interpretados.
Se essas questões não forem compreendidas e consideradas, a discussão de um projeto maior pode se delongar por muito tempo – e ainda gerar discórdias.
Uma opção para tornar uma reunião ou discussão sobre uma questão ou projeto, que precise de uma solução ou um acordo de caminho a seguir, numa conversa clara, objetiva e que traga resultados concretos, é utilizar o modelo G.R.O.W..
A ideia desse modelo é oferecer um roteiro de conversa que garanta clareza. O G.R.O.W. estrutura uma discussão para evitar desvios do tema principal. É um acrônimo dos passos a seguir na reunião/discussão: Goal (Objetivo), Reality (Realidade), Options (Opções) e Way Forward (Caminho a seguir).
A ideia é iniciar a conversa definindo claramente sobre qual é o objetivo que tratará a discussão – ao final da conversa é preciso ficar claro quais serão os caminhos para atingir esse objetivo. Em seguida, deve-se discutir sobre a realidade atual da empresa, do departamento ou da pessoa que almeja tal objetivo.
O outro passo é levantar todas as opções disponíveis para atingir o objetivo desejado. É neste ponto que se consome mais tempo, pois é preciso trazer a conversa toda e qualquer opção que possa representar um caminho para atingir o objetivo, sem se prender a julgamentos. Finalmente, após avaliação de cada opção, deve-se escolher o caminho a seguir, selecionando os que aparentam ser a melhor escolha, dentro da realidade apresentada e, então, definir as ações que comporão o plano.
Para ficar mais claro, vamos considerar como exemplo uma reunião para escolher como será a festa de final de ano de uma empresa. A reunião começa deixando claro o objetivo, “serão definidos os detalhes da festa de final de ano”. Em seguida, a conversa deve apresentar a realidade atual: a empresa está com muitos projetos; tem uma verba X disponível; nos finais de semana Y e Z teremos equipes ausentes implementando sistemas em clientes; os colaboradores A e B estarão fora da cidade na primeira semana de dezembro; etc.
Uma vez mapeada a realidade, inicia-se o levantamento das opções: jantar durante a semana; almoço em fim de semana; com ou sem família; restaurante, clube, chácara, festa na empresa; cardápios; entretenimento (música, animação para crianças); datas prováveis; etc. E, finalmente, escolhe-se as opções, considerando as datas com ausências e o orçamento disponível. Define-se as ações a serem tomadas para a realização da festa e os responsáveis por cada uma delas.
O modelo G.R.O.W é muito utilizado em processos de coaching e mentoring, pois clareia o pensamento e ajuda a trazer ideias para criar opções e planos de ação rumo à meta do cliente.
Aplique o G.R.O.W na sua próxima reunião ou discussão e veja os resultados.
Sucesso!
É instrutor certificado Everything DiSC®️ formado pela Wiley Publishing, nos EUA, Coach Executivo e analista comportamental pela Sociedade Latino Americana de Coaching, associada da International Association of Coaching (IAC). Pós-graduado em sócio-psicologia pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, MBA em Administração de Negócios pelo Instituto Mauá de Tecnologia e engenheiro eletrônico pela Faculdade de Engenharia São Paulo. Tem mais de 40 anos de experiência em organizações de vários portes, incluindo multinacionais, onde assumiu funções de operações e executivas.