Você sabe o que é perda de retorno óptica?
Ronaldo Couto, Fundador da Primori
Já comentei sobre os conectores SC-PC e SC-APC e mencionei que o APC apresenta ORL – perda de retorno óptica melhor que os conectores do tipo PC. Mas o que é “perda de retorno óptica”?
A ORL é definida pela quantidade de potência que regressa ao transmissor, sendo considerada uma perda uma vez que esta potência não chega ao receptor.
Este tipo de perda é gerada por reflexões ocasionadas por descontinuidades existentes ao longo da fibra, que podem ser geradas por microimpurezas internas da fibra e, principalmente, nas conexões e terminações onde temos um conector óptico.
A potência que retorna ao transmissor pode acarretar em flutuações na potência do laser ou pequenas alterações em seu comprimento de onda. Em sistemas com altas velocidades (a partir de 10 Gbps) aumentará a “taxa de erro de bits” (BER).
Em sistemas de vídeo RFoG, que requerem ORL maior de 60 dB, alta potência de retorno aumenta o nível de ruído e faz piorar a qualidade da imagem.
Os sistemas FTTH, normalmente, não apresentam problemas em enlaces que tenham ORL igual ou maior de 32 dB. No entanto, sujeiras e danos nos conectores ópticos diminuem este valor e podem causar problemas de desempenho no sistema.
Desta forma, ter uma boa ORL é de vital importância para garantir o bom desempenho de sistemas ópticos.
Os conectores do tipo PC possuem ORL da ordem de 40 dB.
Sendo a face dos conectores o fator de maior influência na ORL, buscou-se uma forma de diminuir a reflexão nos mesmos.
Os conectores do tipo APC têm essa característica. Eles possuem o polimento da fibra num ângulo de 8º. Assim, consegue-se uma ORL na ordem de 60 dB.
A técnica é simples: uma vez que a extremidade da fibra está em ângulo, a potência refletida também será em ângulo. Ela será suficiente para não ser mais guiada pelo núcleo da fibra e dissipada pela casca da fibra.
A figura abaixo mostra o efeito da ORL nos conectores PC (azul) e APC (verde).
Conhecendo essas informações, procure saber qual é o tipo de polimento dos conectores utilizados em seus equipamentos.
Usar conectores com polimentos diferentes acarretará em perda adicional desnecessária e aumento da ORL. E, consequentemente, problemas em seu sistema.
Atua há 25 anos nos mercados de telecomunicações e de redes de fibras ópticas. É graduado em Engenharia de telecomunicações pelo Inatel – Instituto Nacional de Telecomunicações e MBA Executivo pelo Insper–SP. Foi executivo da AGC NetTest para projetos, implantação, operação e manutenção de redes de fibras ópticas. Atuou pela UL – Underwriters Laboratories e DQS Deutsche Gesellschaft zur Zertifizierung von Managementsystemen e na área de exportação para a América Latina pela Metrocable, fabricante de cabos ópticos. Em janeiro de 2020 fundou, em conjunto com Rogério Couto, a PROISP, uma empresa de consultoria e qualificação profissional que, além de trazer os conteúdos que fizeram seu sucesso, agrega agora módulos inéditos de treinamentos, como comunicação, finanças, DWDM, recursos humanos e suprimentos cobrindo todas as áreas fundamentais para a operação de uma empresa de Internet.