Você usa a tecnologia ou ela usa você?
Prof.ª e Dra. Alessandra Montini
Não é novidade para ninguém que 2020 foi o ano em que a tecnologia transformou a vida e o cotidiano de milhões de pessoas em todo mundo. A chegada da pandemia mudou a forma de nos relacionar, consumir, trabalhar, estudar e tantas outras coisas. Desde então, a tecnologia vem assumindo, mais do que nunca, um papel fundamental em nossa sociedade, desde estreitar a comunicação e melhorar a qualidade de vida até nos ajudar na tomada de decisão. No entanto, do mesmo modo que ela pode facilitar o nosso dia a dia, também pode nos escravizar.
Estamos cada vez mais dependentes de ferramentas tecnológicas, principalmente dos smartphones. Em uma simples tela entre 5 e 6 polegadas fazemos transações bancárias, conversamos com pessoas do mundo inteiro, baixamos dezenas de aplicativos que auxiliam em nossa mobilidade e a organização da agenda de compromissos, sem falar dos jogos, filmes, séries e músicas para os momentos de distração.
De acordo com o relatório de monitoramento sobre os usuários do aplicativo Moment, as pessoas visualizam a tela do celular 52 vezes por dia e passam 3 horas e 57 minutos usando o smartphone. Outro estudo, realizado pela OnePoll, constatou que a geração Y está cada vez mais dependente da tecnologia. A chamada “geração millenial”, com pessoas entre 18 e 34 anos de idade, quase não descansa devido ao vício em celulares.
Tudo que é em excesso pode trazer prejuízos significativos. Algumas pessoas já não sabem fazer um simples trajeto sem usar o Waze, outras não conseguem anotar seus compromissos sem o auxílio da inteligência artificial do smartphone. Nestes casos, o uso do celular não é uma conveniência, mas sim uma questão de sobrevivência.
Essa dependência pode causar vários efeitos colaterais. Além de não conseguir realizar tarefas antes feitas sem o auxílio dos aplicativos, a pessoa pode ficar mais suscetível a apresentar episódios de ansiedade, depressão, insônia e impulsividade. Uma pesquisa recente feita pelo Ibope mostrou que 69% dos entrevistados acreditam que o celular afeta negativamente suas vidas, mas mesmo assim, não conseguem viver sem ele.
Na verdade, ninguém precisa se livrar das tecnologias conquistadas. O segredo está em equilibrar os prazeres que as ferramentas tecnológicas proporcionam com o mundo real. Aproveite os recursos para tornar o dia a dia mais prático, para manter sua agenda organizada, para fazer anotações, ter um aplicativo que ajude com os exercícios da academia, com a previsão do tempo ou até mesmo que mostre o como está o trânsito. Mas use do bom senso. Afinal, de que vale os avanços tecnológicos se você for escravizado por eles?
Diretora do LABDATA-FIA, apaixonada por dados e pela arte de lecionar, Alessandra Montini tem muito orgulho de ter criado na FIA cinco laboratórios para as aulas de Big Data e inteligência Artificial. Possui mais de 20 anos de trajetória nas áreas de Data Mining, Big Data, Inteligência Artificial e Analytics.
Cientista de dados com carreira realizada na Universidade de São Paulo, Alessandra é graduada e mestra em estatística aplicada pelo IME-USP e doutora pela FEA-USP. Com muita dedicação, a profissional chegou ao cargo de professora e pesquisadora na FEA-USP, e já ganhou mais de 30 prêmios de excelência acadêmica pela FEA-USP e mais de 30 prêmios de excelência acadêmica como professora dos cursos de MBA da FIA. Orienta alunos de mestrado e de doutorado na FEA-USP. Membro do Conselho Curador da FIA, é coordenadora de grupos de pesquisa no CNPq, parecerista da FAPESP e colunista de grandes portais de tecnologia.