Wi-Fi 6 e a aceleração da transformação digital
O protocolo de rede sem fio Wi-Fi 6 é a nova geração de transmissão de Internet, que vem ganhando espaço na escolha do consumidor de banda larga porque traz avanços significativos se comparada à antecessora Wi-Fi 5. Entre as inovações, o OFDMA ou subdivisões em canais.
Marcelo Rezende, COO da WDC Networks
A consolidação do 5G e a necessidade de garantir a melhor experiência ao usuário para o uso de tecnologias conectadas, que se utilizam de grandes volumes de dados, deve acelerar a migração definitiva para o Wi-Fi 6. O Wi-Fi 6 é capaz de atingir velocidades de até 9,6 Gbps, o que é três vezes mais rápido que o Wi-Fi 5 (802.11ac). Desta forma, a tecnologia possibilita transmitir vídeos em 4K, jogar online e realizar outras atividades intensas de largura de banda sem atrasos ou interrupções.
O protocolo de rede sem fio Wi-Fi 6 (também conhecido como 802.11ax) é a nova geração de transmissão de Internet, que vem ganhando espaço na escolha do consumidor de banda larga porque traz avanços significativos se comparada à antecessora Wi-Fi 5. Entre as inovações, o OFDMA – Orthogonal Frequency Division Multiple Access ou subdivisões em canais, possibilita que o roteador se comunique com vários dispositivos simultaneamente, dividindo a largura de banda em canais menores e independentes.
A tecnologia ajuda a reduzir a interferência em ambientes lotados, sejam casas, apartamentos, lojas ou escritórios, diminuindo a latência e provendo mais velocidade e estabilidade às conexões, inclusive para redes de grande tráfego. Desta forma, uma quantidade muito maior de devices (dispositivos como smartphones, laptops, tablets, TVs inteligentes e dispositivos domésticos inteligentes) podem trabalhar simultaneamente em um mesmo ponto de acesso sem perdas na qualidade do sinal.
Conectividade mais sustentável
O Wi-Fi 6 é projetado para ser mais eficiente em termos de largura de banda e utiliza a tecnologia MU-MIMO – Múltiplas Entradas e Múltiplas Saídas para enviar e receber dados simultaneamente, o que melhora o alcance e a cobertura da rede. Isso é especialmente útil em ambientes maiores, onde o sinal Wi-Fi costuma ser enfraquecido por paredes e outros obstáculos, e em áreas com muita interferência de sinal.
Traduzindo em benefícios ao consumidor final, o Wi-Fi 6 entrega o que está no topo da lista de desejos dos usuários de internet, que é poder andar livremente por sua casa/empresa sem interrupção ou queda de velocidade no sinal de Wi-Fi. Em um mercado altamente competitivo, com clientes cada vez mais exigentes e impacientes, podemos afirmar que este não é um diferencial qualquer, e pode destacar um ISP regional frente aos concorrentes.
Em adição, o Wi-Fi 6 inclui tecnologias avançadas, como o TWT – Target Wake Time, que reduz o consumo de energia dos dispositivos conectados à rede sem fio, aumentando a vida útil da bateria dos equipamentos, levando economia financeira aos usuários e contribuindo com a preservação do meio ambiente (menos descarte de resíduos eletrônicos e menor emissão de CO2). Podemos esperar que empresas empenhadas com as métricas de ESG – Environment, Social and Governance optem pelo Wi-Fi 6 como alternativa de sustentabilidade.
Adaptar e evoluir
Percebo que o ano de 2023 está sendo um divisor de águas referente à adoção desta tecnologia no Brasil. Embora tenha chegado ao País em 2021, bem em meio à pandemia, somente agora, com o aumento da procura mundial e a regularização da disponibilidade de componentes, associados a modelos de negócio “as a service” (tecnologia como serviço), o custo para aquisição dos equipamentos necessários para adaptação dos ISPs ao novo modelo de conectividade sem fio se tornou mais viável, acelerando a implementação do Wi-Fi 6.
O Wi-Fi 6 é fundamental para se vivenciar experiências cada vez mais imersivas, realísticas e disruptivas, e os fabricantes já vêm investindo na atualização de seus produtos para esse salto em conectividade. Desde o ano passado, praticamente todos os modelos de smartphones no topo de linha comercializados no Brasil vêm prontos para o 802.11ax e há disponíveis no mercado adaptadores USB para notebooks ou desktops mais antigos.
Na dinâmica da transformação digital, o Wi-Fi 6 já ganhou um upgrade considerável na frequência de operação com o Wi-Fi 6E (802.11ax-2) – o Wi-Fi 6 opera nas frequências de 2,4 e 5 GHz, enquanto o Wi-Fi 6E opera em 2,4; 5 e 6 GHz, oferecendo mais espaço no espectro de frequência para transmitir dados e melhoria significativa no desempenho da rede sem fio. Além disso, o Wi-Fi 6E inclui a tecnologia UWB – Ultra Wide Band, que possibilita a comunicação de alta velocidade entre dispositivos próximos.
Nesse cenário, à medida que as demandas por velocidade e largura de banda continuam a aumentar, o Wi-Fi 5 tende a se tornar insuficiente para atender às necessidades dos usuários, e a migração para o Wi-Fi 6 ou 6E – e, no futuro, para o Wi-Fi 7 que já está em desenvolvimento – será inevitável para operadoras e provedores de Internet focados na oferta de serviços personalizados para diferentes tipos de clientes. Afinal, qual a vantagem em oferecer internet banda larga rápida com um roteador que não consegue entregar a velocidade contratada aos dispositivos?