Wi-Fi 6 e Wi-Fi 6E abrem caminho para aplicações mais aprimoradas
Ariane Guerreiro, colaboradora Infra News Telecom
Conteúdo patrocinado por WDC Networks, empresa de tecnologia que atua nos setores de telecomunicações, energia solar, data center e corporativo, listada na B3
Do entretenimento à IoT – Internet das coisas, mais e mais aplicações vêm sendo possíveis com o desenvolvimento do Wi-Fi 6, graças, especialmente, à conexão mais rápida e melhor compatibilidade com os mais diversos dispositivos. Análise de dados, IA – inteligência artificial, telemedicina e processos industriais são exemplos de áreas bastante beneficiadas pelas altas taxas de transferência, que permitem atender a mais usuários, com banda significativamente maior e reduzido custo energético, além da maior confiabilidade de conexão e cobertura, gerando mudanças significativas no mercado.
Estabilidade, produtividade, conectividade e baixa latência não são mais desejos, mas exigências de consumidores residenciais, pequenas e médias empresas e grandes corporações. A chegada do 5G representa uma Internet de melhor qualidade e o ingrediente necessário para o desenvolvimento de novas tecnologias, como o Wi-Fi 6 e Wi-Fi 6E, que vêm ganhando força nos últimos tempos. “Hoje, os equipamentos Wi-Fi 6 já correspondem a mais de 60% das vendas do mercado empresarial de WLAN”, afirma o analista de pesquisa e consultoria de infraestrutura de TIC da IDC Brasil, Matheus Costa.
Do entretenimento à IoT – Internet das coisas, mais e mais aplicações vêm sendo possíveis com o desenvolvimento do Wi-Fi 6, graças, especialmente, à conexão mais rápida e melhor compatibilidade com os mais diversos dispositivos. Análise de dados, IA – inteligência artificial, telemedicina e processos industriais são exemplos de áreas bastante beneficiadas pelas altas taxas de transferência, que permitem atender a mais usuários, com banda significativamente maior e reduzido custo energético, além da maior confiabilidade de conexão e cobertura, gerando mudanças significativas no mercado.
O alcance é extenso. A Embratel anunciou o uso de tecnologia Wi-Fi 6 para o desenvolvimento de seus projetos em diversos segmentos, como indústria e varejo, e já vislumbra utilização nas áreas de saúde e financeira, entre outros. É esta tecnologia que vem proporcionando a consolidação da indústria 4.0, bem como a conexão de qualidade em ambientes comerciais de alta densidade e integração com serviços essenciais.
Celulares, máquinas e equipamentos, dispositivos de segurança, sistemas de iluminação, sensores industriais, transações financeiras, transporte, educação, a demanda é crescente e a oferta de banda tem de acompanhar esse crescimento. “Aplicações existentes e outras novas devem se beneficiar das características do Wi-Fi 6/6E, desde a IoT para sensoriamento em uma rede densa, até ambientes de realidade virtual e aumentada, (VR/AR) que exigem qualidade de mídia em 4K/8K. Isso porque são aplicações que requerem largura de banda mais alta mesmo em ambientes densos quando há latência mais baixa”, explica o professor Dr. Edelberto Franco Silva, do departamento de Ciências da Computação da Universidade Federal de Juiz de Fora, de Minas Gerais.
Desafios
Obstáculos existem, no entanto. “No Brasil, embora as bandas de espectro já tenham sido disponibilizadas pela Anatel, ainda é difícil fazer as empresas enxergarem o valor que o Wi-Fi 6 e o Wi-Fi 6E podem trazer aos seus negócios”, acredita Costa, da IDC Brasil. “Houve avanços regulatórios para a liberação da faixa de 6 GHz, em 2020, o que demonstra o desenvolvimento tecnológico para a implementação indoor. O desafio agora é aprovar a regulamentação do AFC – Automated Frequency Coordination, que está em avaliação pela agência reguladora e permitirá escalar a tecnologia para uso outdoor, garantindo que não haja inferências com os sistemas fixos operando na mesma banda”, complementa o vice-presidente de relações governamentais da Qualcomm, Francisco Soares.
Silva ainda aponta o custo inicial dos equipamentos e questões como compatibilidade, interferência, investimento em hardware e configuração e gerenciamento de rede mais complexos entre os desafios para a consolidação dos novos padrões. “Uma vez que existem pontos de acesso que suportam a tecnologia, é necessário que hardware de dispositivos móveis, como smartphones, também a suportem e há a necessidade de configuração do equipamento para fornecer todas as características do padrão, o que pode necessitar de especialistas, ou então limitar o ganho na adoção do equipamento com a nova tecnologia”, observa.
O mercado, por outro lado, mostra sua urgência: estudo da Consultoria Maravedis aponta que a tecnologia atingiu 500 milhões de dispositivos em dois anos e as empresas seguem investindo. Alexandre Gomes, diretor de marketing da Embratel, enfatiza a capacidade do Wi-Fi 6 de identificar e priorizar diversas aplicações e as conexões mais seguras, que o torna ideal para os segmentos que trabalham com informações sigilosas e sensíveis em tempo real, além de proporcionar maior eficiência de cargas de bateria.
Um exemplo é o Grande Prêmio de São Paulo de Fórmula 1 de 2022, que contou com soluções digitais da Embratel agregando os benefícios do 5G e do Wi-Fi 6 em áreas estratégicas do Autódromo de Interlagos, na capital paulista. O local foi conectado a um data center, proporcionando tráfego ágil e estável de grande volume de dados, além do suporte para a transmissão de vídeo para a TV por meio de soluções digitais. Vários locais, como a sala de imprensa e de fotos, receberam acesso à Internet via rede sem fio.
Wi-Fi 6E: Testes para aplicações outdoor
O avanço é rápido – e precisa ser. As demandas crescem exponencialmente à medida que o acesso à Internet é facilitado e consistente. O Wi-Fi 6E, padrão que expande o espectro do ainda recente Wi-Fi 6, já começa a ser testado no Brasil pela Qualcomm, em colaboração com Anatel e as empresas Cambium Networks e Telium. O trial, único na América Latina, acontece no bairro do Campo Belo, em São Paulo, e é focado no uso da rede outdoor, sem considerar solução ou serviço. Novas possibilidades ainda não foram definidas.
Evolução da conexão wireless, o Wi-Fi 6E opera em um espectro adicional da frequência da banda de 6 GHz (5925-7125MHz), além das bandas de 2,4 GHz e 5 GHz já existentes nas redes convencionais, o que permite benefícios como taxas de transferência de dados mais altas e menor interferência. “Como essa frequência pode ser considerada ainda mais limpa, ela ajuda na disputa pelo acesso ao meio sem fio, reduzindo colisões e outros desafios do ambiente Wi-Fi”, destaca Silva, da Universidade Federal de Juiz de Fora.
O Wi-Fi 6E é considerado um complemento à revolução de conectividade trazida pelo 5G, com o qual é compatível em termos de taxas de transmissão e latência. “Assim, os usuários têm uma melhor experiência durante as conexões, inclusive outdoor, ou seja, do lado de fora dos ambientes de residências e prédios comerciais e na indústria”, afirma Soares, da Qualcomm.
A frequência de 6 GHz oferece capacidade dez vezes superior ao Wi-Fi tradicional e velocidades multi-gigabit com infraestrutura sem fio fixa. O Wi-Fi 6E tem a vantagem de não ter os custos associados ao licenciamento do espectro relacionado ao 5G.
O Wi-Fi 6E traz uma extensão de canais, podendo chegar a 14 canais adicionais de 80 MHz ou 7 canais adicionais de 160 MHz em espectro dedicado para transferência de dados, enquanto os dispositivos Wi-Fi 6 compartilham o mesmo espectro congestionado e apenas dois canais de 160 MHz, com outros dispositivos Wi-Fi 4, 5 e 6 herdados.
Essa extensão proporciona melhorias significativas de KPI, com desempenho elevado em ambientes com número considerável de usuários e alta taxa de transferência de dados. O resultado é uma conexão mais rápida, constante e estável. A escolha entre ambos, no entanto, dependerá das necessidades específicas do usuário e do ambiente em que a rede será usada. “Se você precisa de alta largura de banda e baixa latência para jogos ou streaming de vídeo em alta resolução, o Wi-Fi 6E é a escolha ideal. Se você precisa de uma rede confiável e eficiente para uso residencial ou pequeno escritório, o Wi-Fi 6 pode ser a melhor escolha”, exemplifica o professor da Universidade Federal de Juiz de Fora.
Embora as diferenças ou melhorias entre o padrão Wi-Fi 6/6E e os anteriores sejam diversas, destaca-se a cobertura mais ampla e eficiente, graças ao uso de várias antenas e técnicas avançadas de beamforming, que direcionam o sinal Wi-Fi para dispositivos específicos. Desta forma, reduz-se a interferência e aumenta o alcance do sinal, podendo-se alcançar velocidades de transferência de dados de até 9,6 Gbps no Wi-Fi 6E.
Técnicas avançadas, como o TWT – Target Wake Time, deverão proporcionar maior eficiência energética, e funcionalidades, como o MU-MIMO (multiusuário, múltiplas entradas, múltiplas saídas), permitem atender a vários dispositivos simultaneamente em redes densas e um espectro mais amplo no Wi-Fi 6E, suportando mais dispositivos sem perda de desempenho.
Atualmente, o Wi-Fi 6E está liberado para uso somente indoor, uma vez que existem outros serviços outdoor na mesma faixa de frequências. A Anatel, entretanto, estuda os requisitos para uso outdoor, para convivência, sem interferências, dos diferentes serviços. “Avaliamos que há grandes expectativas para o uso comercial, pois o novo protocolo permitirá um grande aumento nas taxas de transmissão, permitindo a evolução das atuais e o uso de novas aplicações”, explica o assessor da superintendência de outorgas e recursos à prestação do órgão, Sidney Azeredo Nince.
A perspectiva é que as primeiras aplicações ocorram na indústria e no agronegócio, com redes privadas e soluções de IoT, sensores e controladores, ampliando as áreas de utilização após o amadurecimento da tecnologia. Espera-se, também, que as empresas de telecom e, principalmente, os fornecedores de equipamentos de rede ofereçam seus equipamentos a um custo razoável e que ambientes, como estádios, shoppings e grandes centros urbanos, adotem o padrão o mais breve possível.
Para isso, os equipamentos precisam ser certificados. O mercado nacional já conta com 21 modelos de celulares e 45 de outros equipamentos certificados, segundo a Anatel, e novos deverão passar pelo mesmo processo. “Após os equipamentos serem regularizados, teremos um tempo de adaptação e amadurecimento do mercado, até que haja o entendimento sobre as soluções e capacidades que podem ser alcançadas com os novos equipamentos”, observa Costa, da IDC Brasil.
Até o momento, cerca de 780 dispositivos habilitados a operar com o padrão Wi-Fi 6E foram certificados pela Wi-Fi Alliance no mundo, entre smartphones, roteadores, televisões e outros, para acesso a uma rede Wi-Fi 6E na faixa de 6 GHz. “A expectativa é de que em 2024 o varejo mundial seja abastecido com 1 bilhão de dispositivos Wi-Fi 6E”, prevê Soares. Há também pontos de acesso certificados. Na avaliação de Silva, o número de dispositivos deve aumentar em 2023 e ainda mais em 2024, com redução de custos e maior a popularização da tecnologia.
Os testes são importantes para a definição de padrões que permitirão alcançar as mesmas qualidades, latência e eficiência obtidas na conexão indoor no uso outdoor, independentemente do ambiente. “Assim como outras soluções de Wi-Fi, o 6E também pode ser utilizado indoor, porém, seria como usar apenas uma pequena parcela de toda a capacidade oferecida”, ressalta Costa, lembrando que, integrada ao 5G, a tecnologia tende oferecer uma experiência de conexão muito mais refinada.
A opinião é dividida por Nince, da Anatel. “Da mesma forma como Wi-Fi convive com redes celulares, 5G e Wi-Fi 6 coexistirão, pois são tecnologias complementares que possibilitarão um avanço na utilização de aplicações sofisticadas, como realidade aumentada e realidade virtual”, observa. Embora diferentes, ambas as tecnologias visam melhorar a conectividade sem fio, complementando-se.
Silva destaca que as duas tecnologias permitem melhor experiência de conectividade. “Por exemplo, é possível que o 5G possa ser usado para oferecer conectividade de longa distância em áreas externas, enquanto o Wi-Fi 6E fique com as conexões de alta velocidade em ambientes internos. O escoamento do tráfego entre redes móveis 5G e redes Wi-Fi 6E é algo que se espera para reduzir a sobrecarga da rede móvel”, afirma o professor.
As aplicações outdoor permitem a cobertura de áreas maiores com consequente aumento no número de terminais cobertos, com expressiva melhora na experiência dos usuários, graças à conectividade multi-Gigabit gerada por 5G, Wi-Fi 6E e tecnologias complementares. “É uma revolução de conectividade. Um aeroporto que implementá-la, por exemplo, poderá oferecer serviços nas áreas internas e nos arredores e aplicativos que demandem mais dados, como de inteligência artificial, poderão ser usados com muito mais rapidez e eficiência”, comenta Soares.
Desta forma, o Wi-Fi 6E abre caminho para a próxima geração de sistemas não licenciados. Com a homologação de um padrão e a adoção pela Wi-Fi Alliance, novas pesquisas continuam em andamento e novas versões do Wi-Fi deverão chegar ao mercado em breve, como o Wi-Fi 7 – cujos chips já foram lançados pela Qualcomm em setembro de 2022 –, com canais de 320 MHz, na mesma banda. A tecnologia proporcionará uma experiência ainda mais promissora para o usuário, com a expectativa de maior capacidade de cobertura e velocidades, com foco, principalmente, em mmWave (frequências de ondas milimétricas).
O Wi-Fi 7 corresponde à implementação do padrão IEEE 802.11be, com taxa de transferência de até 46 Gbps, em contraste com os 9.6 Gbps do Wi-Fi 6, e latência ainda 100x menor que o Wi-Fi 6. As bandas a serem utilizadas serão as de 2,4; 5 e 6GHz e a perspectiva é que o padrão seja liberado em 2024.